A segunda onda da pandemia do covid-19 já provoca consequências no calendário 2021 da F-1, originalmente prevista para iniciar dia 21 de março, nas ruas do Albert Park, em Melbourne. Na tentativa de minimizar o aumento de pessoas contaminadas, o governo da Austrália (foto de abertura) determinou que estrangeiros que desembarquem no país cumpram quarentena de 14 dias em hotéis classificados para tanto. O fato da categoria envolver o deslocamento de 1.500 pessoas (número que que engloba apenas o pessoas das equipes e fornecedores) tornou antieconômico cumprir essa exigência e que também afeta o trabalho de desenvolvimento e preparação dos carros recém-construídos. Embora o adiamento do GP australiano não tenha sido anunciado as equipes já trabalham com uma agenda que inclui testes pré-temporada no Bahrein, local da segunda etapa do ano no calendário original.
A venda de ingressos para o GP da Austrália normalmente começa no final de janeiro, o que dá um resquício de esperança para os organizadores locais, embora o tema adiamento seja tratado com fato consumado junto à Liberty Media e FIA. A demora em divulgar uma decisão também leva em consideração a necessidade de encaixar a etapa australiana em uma nova data dentro de um calendário extenso e que no segundo semestre tem poucas datas vagas. Caso a situação melhore radicalmente nas próximas semanas o fim de semana de 18 de abril, imediatamente após o GP da China pode ser uma alternativa, até mesmo o domingo seguinte (25), data que consta do calendário, mas ainda sem local definido.
A abertura da temporada no circuito barenita de Sakhir traria vantagens para as equipes, em particular para a McLaren e Ferrari. Se tal ocorrer é provável que isso transfira as provas de pré-temporada de Barcelona para essa pista, solução bem-vinda do ponto de vista logístico e econômico: seriam economizados pelo menos 1.500 passagens aéreas de longa distância, aproximadamente 14 mil diárias de hotel e refeições equivalentes e agradaria a um país ávido por associar sua imagem a esportes de alta tecnologia e sem preocupações com o custo disso. As vantagens reservadas à McLaren e à Ferrari têm pouco com esse poderio econômico: a primeira mantém a estrutura atual do chassi — algo mandatório no regulamento de 2021 —, mas substitui o motor Renault pelo Mercedes.
A segunda tem que que explorar ao máximo as alterações permitidas no conjunto para evitar a repetição do vexame de 2020. Eliminar uma viagem da Europa à Austrália e poder concentrar os testes de pré-temporada na pista onde o campeonato começa é um presente dos deuses para contabilistas e engenheiros da categoria, esses profissionais certamente acenderão muitas velas e cantarão muitas odes de agradecimento.
Não é só a F-1 que já vive as consequências da segunda onda do covid-19: o Campeonato Mundial de F-E, categoria reservada aos carros elétricos, deveria começar em Santiago do Chile nos dias 16 e 17 de janeiro. Junto com as etapas da Cidade do México (13/2) e Sanya (China, 13/3) a prova sul-americana também foi adiada. Até segunda ordem a temporada dos carros elétricos inicia-se na Arábia Saudita, com uma rodada dupla de provas noturnas na cidade de Diriyah, dias 256 e 27 de fevereiro.
WG
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