A finlandesa Neste, maior produtora mundial de diesel renovável e combustível de aviação sustentável, vai testar uma gasolina “verde” na Suécia, que pode emitir até 90% a menos de gases de efeito estufa. Ela pretende ser a primeira a desenvolver uma gasolina renovável para uso comercial nos automóveis existentes, sem que tenha que ser feita qualquer alteração nos motores nem na cadeia de distribuição.
Tal como acontece com o chamado “MY Renewable Diesel” (foto de abertura), feito por ela com base em ingredientes como o óleo de cozinha usado e restos de gordura que resultam do processamento de carne e de peixe, também esta gasolina “verde” é produzida recorrendo sobretudo a matérias-primas renováveis. Na sua composição encontramos mais de 75% de ingredientes de base biológica, sendo que o percentual restante é formado por componentes que já estão presentes na gasolina atualmente produzida.
Mas se no “MY Renewable Diesel” a empresa finlandesa garante que consegue reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 90%, nesse primeiro estudo a fórmula para a gasolina renovável não ultrapassou os 65%. Contudo, a Neste acredita que pode igualar à eficiência do diesel, chegando aos mesmos 90%, com os avanços das pesquisas.
Para chegar a esse nível, o trabalho em laboratório será apoiado pelos testes em rodagem na Suécia, efetuados pela Powertrain Engineering Sweden AB, empresa que fornece motores e sistemas híbridos para a Volvo e para outros fabricantes. O objetivo será o de estudar as propriedades deste combustível e fazer os ajustes necessários antes da comercialização. Cabe lembrar que recentemente a União Europeia aprovou a redução de pelo menos 55% dos gases de efeito estufa até 2030, comparativamente com os níveis de 1990.
“Estamos acompanhando com muito interesse o desenvolvimento de combustíveis renováveis, como essa gasolina da Neste, e acreditamos que a combinação dos nossos produtos com esse combustível renovável permitirá aos veículos a gasolina reduzirem suas emissões de gases nocivos”, declarou Michael Fleiss, diretor executivo da Powertrain Engineering Sweden AB.
Ainda no tocante às emissões, as situações conflitantes parecem estar só no começo. Embora com grande parte dos construtores de automóveis já no rumo da mobilidade elétrica, a Acea (Association des Constructerus Européens d’Automobiles, Associação dos Construtores Europeus de Automóveis), acredita que a transição para os padrões da Euro 7 poderá não ficar concluída a tempo. Prevê que, mesmo com as exigências técnicas da União Europeia, a entrada em vigor do Euro 7 poderia levar ao fim dos motores de combustão já em 2026.
Com relação à nova legislação que entrará em vigor em 2025, essa associação dos construtores aponta que as propostas do Consórcio para Emissões Veiculares Ultrabaixas (Consortium for Ultra Low Vehicle Emissions) poderão fazer desaparecer, já em 2026, os veículos a combustão interna, incluindo os híbridos. Em seu comunicado, a Acea acredita que os cenários quanto aos limites de emissões e as novas condições para testes sugeridas resultariam, na prática, a uma proibição do uso de veículos movidos por motores de combustão interna.
Um cenário que seria catastrófico para a economia mundial, com um quadro de estagnação dos transportes em geral, incluindo o individual. Muitas batalhas ainda virão, com certeza.
AB