Venho acompanhando a evolução da Ford Ranger desde o lançamento da última remodelação do ano/modelo 2020 que foi apresentado na Argentina em junho/2019, logo após minha chegada ao AE, e nesses três anos já fiz avaliações de várias versões, cada uma com uma proposta diferente para a mesma picape. E sempre me surpreendo com a capacidade de tração, força e conforto que essa picape entrega nos diferentes tipos de utilização.

A nova versão FX4 apresentada pelo Bob Sharp em março/2022 é a avaliada desta semana, e como os recursos de utilização fora de estrada são os mesmos da versão Storm, que foi até a Pedra do Coração em Atibaia em maio/2020, decidimos fazer apenas a avaliação tradicional na região de Joaquim Egídio em Campinas, SP, que tem o vídeo a seguir:

Motorização

O motor escolhido para esta versão de esporte e lazer fora de estrada é o turbodiesel de 5 cilindros em linha com 3,2 L que entrega 200 cv a 3.000 rpm e atinge o torque máximo de 47 m·kgf na faixa de 1.750 a 2.500 rpm. Com essa usina de potência o pedal do acelerador dificilmente precisa ser exigido a 100% e mesmo assim está sempre passando aquela sensação agradável de aceleração com ótima dirigibilidade. Para 2023 a calibração foi atualizada para atender o nível 7 de emissões do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), sendo necessário utilizar o reagente liquido Arla 32, uma solução de 32,5% de ureia e 67,5% de água desmineralizada.

O tanque de Arla32 está situado abaixo da caçamba da picape na região do estepe e pode ser completado pelo bocal de abastecimento ao lado do bocal principal. Uma informação no quadro de instrumentos indica a necessidade de reposição, e os 20 litros de capacidade do tanque permitem rodar de 10 a 14 mil km. O custo aproximado é de 1 centavo por km, ou seja R$ 140 para 14.000 km.

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Durante a semana de testes não notei nenhum ruído ou influência na dirigibilidade da picape devido à operação do sistema que injeta o Arla32 no escapamento antes do catalisador, transformando por reação química os óxidos de nitrogênio (NOx) em nitrogênio (gás inerte que compõe 78% do ar atmosférico) e vapor d’água.

O câmbio automático de engrenagens epicíclicas de 6 marchas é de fácil operação com a possibilidade de trocas de marcha manuais através da alavanca seletora. O sistema de tração com caixa de transferência e reduzida também tem fácil operação, e apenas para o engate e desengate da reduzida é necessário estar com o carro parado. Para situações mais difíceis do fora de estrada ainda é possível aplicar o bloqueio do diferencial traseiro.

O consumo de combustível não é o melhor atributo deste tipo veículo, embora seja compatível com seu porte e peso (2.240 kg em ordem de marcha). Durante a semana de avaliação foram 850 quilômetros rodados entre cidade e estrada, e o consumo médio geral foi de 10,3 km/l. Os números homologados pela Ford junto ao Inmetro são os mesmos das versões XLT/Limited de 8,4 km/l na cidade e 9,4 km/l no uso rodoviário. E o desempenho segue a mesma tendência com 11,6 segundos no 0-100 km/h e velocidade máxima limitada em 180 km/h.

Mecânica sem retoques

No evento de lançamento da versão 2020, o engenheiro-chefe do programa Ranger explicou que as calibrações de suspensão estavam atreladas às motorizações utilizadas, portanto esta nova versão FX4 utiliza a mesma calibração de molas e amortecedores das demais versões de motor 3,2-l. E mesmo com a utilização do pneu Pirelli Scorpion ATR 265/60R18 o conforto de rodagem é bem adequado para uma picape média com alta capacidade de carga. Lembrando que não podemos esperar o conforto de um sedã monobloco ao embarcar em uma picape com cabine sobre chassis que utiliza feixe de molas na traseira.

A suspensão dianteira de braços triangulares sobrepostos e mola helicoidal com amortecedores pressurizados e barra antirrolagem fica responsável para dar a sensação de conforto para a picape. O casamento da calibração dos coxins de cabine com a frequência da suspensão é outro item a destacar para o bom conforto interno e pouco ruído de rodagem.

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Na análise do elevador assusta ver os módulos de controle e operação do sistema de injeção de Arla32 fixados na parte interna da longarina do chassi, e sem proteção para o uso em situações de fora de estrada. O conjunto está vulnerável a enroscar um galho de árvore e danificar os chicotes elétricos. Para uma picape que leva a assinatura FX4, que é o máximo em capacidade de uso fora de estrada da marca, me parece que houve um pouco de falta de atenção por parte da equipe técnica da Ford.

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Conteúdo otimizado

Ao analisar o veículo e comparar mentalmente com as demais versões já avaliadas fica claro que um dos principais objetivos da equipe de planejamento e engenharia da Ford foi com redução de custos. Sabemos que por diversas razões macroeconômicas os veículos estão cada dia mais caros no Brasil, e é missão dos fabricantes deixá-los o mais perto possível do poder de compra dos consumidores. Com isso a nova versão FX4 da Ranger chega com a eliminação de cromados, e com um conteúdo que agrada.

Externamente há aplicação de adesivos diferenciados na parte inferior das portas e um logotipo na tampa traseira caracterizando o nome do modelo. Os faróis ficam com a versão mais barata e carregam a luz de rodagem diurna em LED. Na lateral da cabine aparece o estribo que auxilia muito no acesso à cabine, mas que compromete um pouco a capacidade fora de estrada ao limitar a altura no vão central.

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Na caçamba foi instalado um “santantônio” tubular que dá uma aparência mais encorpada às linhas de transição entre cabine e caçamba, mas dificulta a utilização de capota marítima na caçamba que vem sem protetor plástico. Os dois itens podem ser adquiridos através da lista de acessórios da marca. Ainda na caçamba fica o elogio para os seis pontos de fixação de carga, três de cada lado, na parte inferior da cabine, mas como em quase todas as picapes desse segmento, fica devendo ganchos na parte superior da caçamba. Tente carregar uma carga alta e estreita, como uma geladeira, e fazer a fixação apenas pelos ganchos inferiores. Perigo à vista.

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Pelo lado de tecnologia embarcada o mesmo critério de otimização do produto foi adotado pela Ford nesta versão FX4. O FordPass Connect que equipa toda linha Ranger está mantido, permitindo assim obter informações e atuar em alguns sistemas do carro através do celular. O controle de velocidade de cruzeiro é convencional e todos demais sistemas de auxílio ao motorista que exigem a câmera e radares de monitoramento foram eliminados.

Ainda assim a picape apresenta bons itens de conforto como ar-condicionado digital e automático com duas zonas. A central multimídia de 8” tem pareamento Android Auto e Apple CarPlay via cabo USB. O sistema de som tem boa resposta acústica e recepção de rádio com bom alcance. O volante multifuncional é o mesmo das demais versões e o computador de bordo é operado por comandos no volante.

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Conforto dos bancos dianteiros e traseiros, e o espaço para as pernas é outro ponto forte da Ranger e proporciona excelente posição de dirigir, com bom apoio para o pé esquerdo e descansa-braço central fechando o porta-objetos duplo central.

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Até mesmo dentro do cofre do motor é possível encontrar a eliminação de conteúdo para redução de custo na tentativa de deixar a nova FX4 com preço mais atraente sem impactar a margem de contribuição que todo veículo tem que gerar para os cofres da empresa. A capa plástica de cobertura do motor com revestimento termoacústico foi removida, mas, sinceramente, não percebi impacto no nível de ruído interno para condições de uso diário.

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O snorkel na coluna frontal lado direito que apareceu nas fotos do lançamento é outro acessório da FX4 que dá um ar de maior robustez para uso fora de estrada. Não aumenta os 800 mm de profundidade máxima de imersão, mas aumenta a segurança em travessias de riachos e permite captar ar mais limpo ao rodar por trechos de muita poeira.

Conclusão

A versão FX4 da Ranger para 2023 é uma das sete opções que a Ford oferece a seus clientes que tenham necessidade de uma picape média com mais de 1 tonelada de capacidade de carga. Os demais fabricantes de picape média também oferecem uma ou duas versões diferenciadas com essa atitude mais jovial e aventureira para atrair os compradores do segmento.

Para deixar a FX4 com melhor capacidade tração nas trilhas, a Ford oferece a opção do pneu Pirelli All Terrain Scorpion Plus 265/65R17 por R$ 2.000 que são acrescidos ao valor de R$ 288.990 da picape.

GB

P.S.: entenda um pouco mais do conceito Ford FX4 neste publieditorial do colunista do AE, Douglas Mendonça.

Após as duas fotos adicionais estão a ficha técnica e a lista de equipamentos

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