Esta coluna é dedicada para aqueles que gostam de automóveis mas, por diversas razões, não sabem deste acontecimento na história do mercado nacional. Por três anos seguidos o Chevrolet Monza (foto de abertura) conseguiu um feito até então inimaginável para um carro, de porte médio, que tinha apenas um ano de vendas: ele tirou, por três anos seguidos, o Fusca, absoluto campeão de vendas desde 1961, da liderança em 1984, 1985 e 1986, com vendas médias de 77 mil unidades/ano. Sua produção teve fim em 1996, com 857.810 unidades vendidas.
Por que inimaginável? Bem, o Monza, lançado em 1982, não foi muito bem recebido pelo mercado. Ele ousou com seu modelo hatch, duas portas e motor 1,.6 (álcool ou gasolina, não existia ainda o flex.), com apenas 76 cv para seus 1.300 kg. As vendas não aconteciam, até que em 1983 chegou o motor 1,8 com 12 cv a mais e as coisas melhoram um pouco.
Mas em maio de 1983 veio o grande vencedor: o Monza sedã 4-portas que agradou em cheio o consumidor brasileiro, que em 1984 ganhou câmbio automático opcional de 3 marchas. No ano seguinte, veio o S/R (já contei aqui a história do Policial Rodoviário que era apaixonado por Monza e me parou na Dutra para conhecer o S/R que levava para testes de jornalistas no Rio), com motor de 106 cv e câmbio manual.
Daí, como diz o dito popular” foi só correr para o abraço, com o tricampeonato de vendas, superando o então “insuperável” Fusca, da Volkswagen.
Mas o Monza não foi sucesso apenas aqui, no Brasil. Ele foi o que se chamou na época de “Carro Mundial”. Ele começou sua carreira de boas vendas na Alemanha, como Opel Ascona, cujo desenvolvimento foi acompanhado pela Engenharia da GM brasileira, que pôde lançá-lo no País com cerca um ano de diferença do ocorrido na Europa. O Monza também foi fabricado nos Estados Unidos, Bélgica, África do Sul, Venezuela e Colômbia.
Um fato curioso, quase segredo mesmo, cerca a versão americana. Acontece que o motor usado na sua fabricação era produzido no Brasil, na unidade de São José dos Campos da GM. A grande diferença é que ele, no EUA, era turbo, e aqui não. E foi alvo de uma aposta no grupo de jornalistas.
Uma aposta
Este motor gerou minha aposta com o querido José Luiz Vieira (que nos deixou em maio de 2020) durante uma viagem à GM nos Estados Unidos. Visitávamos uma concessionária Pontiac quando avistamos um Pontiac Sunbird, a versão americana do Monza, no showroom, e eu disse ao grupo de jornalistas: o motor daquele carro é fabricado no Brasil.
O Zé Luiz negou e disse que certamente eu estava errado. Eu teimei que sim e apostamos: se ele estivesse certo, eu não beberia uma única gota de álcool durante a viagem. E se eu estivesse certo, o Zé Luiz teria que beber uma dose de Jack Daniel’s, puro. Propus isso porque sabia que ele nunca pusera uma gota de álcool na boca.
Fomos até o carro, abrimos o capô e lá estava a plaqueta “Made in Brazil”. Ganhei a aposta mas ele, fiel ao seu salutar hábito, continuou a beber leite ou sucos naturais na viagem e por toda a sua vida de ensinamentos no setor.
CL