A Alemanha formou uma aliança com a Itália e alguns países do leste europeu que se opõem ao planejado banimento dos motores de combustão interna a partir de 2035, com o objetivo de isentar da proibição carros movidos a combustíveis sintéticos (eFuels).
Os ministros dos Transportes da Amanha, Itália, República Checa, Polônia, Romênia, Hungria e Eslováquia se reuniram na segunda-feira (13) para discutir mudanças nos planos da União Europeia.
O ministro dos Transportes alemão, Volker Wissing, disse que o ceticismo sobre a eliminação progressiva dos veículos de combustão interna é compartilhado pela Itália, Polônia e República Checa, entre outros países.
Berlim está em negociações com Bruxelas em busca uma resolução “o mais rápido possível” antes de assinar qualquer acordo, disse Wissing a jornalistas ontem em Estrasburgo. “A proposta precisa de mudanças urgentemente”, disse efe.
Ele disse também que o grupo de países quer uma categoria separada de carros com motor a combustão que possam rodar com combustíveis sintéticos e neutros em carbono depois de 2035.
“O banimento do motor a combustão, quando ele pode funcionar de maneira neutra para o clima, nos parece uma abordagem errada”, disse Wissing ontem.
A Volkswagen e a Porsche estão desenvolvendo combustíveis sintéticos e argumentam que podem ser uma alternativa à eletrificação em alguns segmentos da indústria automobilística. Wissing disse que os veículos movidos apenas a eFuels devem ser isentos do banimento.
“Não queremos parar o processo, nem queremos que elas fracassem no final”, disse Wissing. “Queremos que a regulamentação seja bem-sucedida — precisamos de neutralidade climática — mas temos que permanecer abertos à tecnologia, qualquer outra solução não é uma boa opção para a Europa”.
Nova proposta por vir
O ministro dos Transportes checo, Martin Kupka, disse que a Comissão Europeia pode apresentar uma proposta sobre combustíveis sintéticos nas próximas semanas.
“A informação era que seria nos próximos dias ou nas próximas duas semanas encontrar uma solução para esta isenção para os eFuels”, disse Kupka. “É preciso encontrar uma solução, acrescentou..
O banimento do motor de combustão interna, a principal ferramenta da União Europeia para acelerar a mudança da Europa para veículos elétricos, foi suspensa no início deste mês após a oposição de última hora da Alemanha. Isso surpreendeu os formuladores de políticas em Bruxelas e em outros estados-membros porque os países da União Europeia e o Parlamento Europeu já haviam concordado no ano passado com um acordo sobre a lei.
A União Europeia diz que a data de 2035 é crucial porque a vida útil média dos carros novos é de 15 anos — portanto, uma proibição posterior impediria a União Europeia de atingir emissões líquidas zero até 2050, o marco global que os cientistas dizem ser o que evitaria mudanças climáticas desastrosas. Os transportes representam cerca de um quarto das emissões da União Europeia.
O fato é que os carros têm uma importância enorme na Alemanha, onde a indústria automobilística emprega cerca de 800.000 pessoas e tem uma receita de cerca de 411 bilhões de euros (US$ 441 bilhões), sendo, de longe, o maior segmento da economia.
Os defensores dos combustíveis sintéticos dizem que eles são, essencialmente, eletricidade renovável que foi convertida em combustível líquido usando o CO2 capturado da atmosfera.
Os críticos dizem que os combustíveis sintéticos são um desperdício de energia renovável e devem ser guardados para usos mais difíceis de descarbonizar, enquanto algumas partes da indústria também temem que isso possa criar incerteza regulatória.
RM
Esta notícia é da Automotive News Europe, traduzida pelo AE. A Bloomberg contribuiu para esta matéria