Como parte das comemorações do seu 75º aniversário, a Lotus apresentou no recente Monterey Car Week um modelo de competição, projetado no fim da década de 1960, com a proposta da marca participar da série Can-Am (Canadian-American Challenge Cup), que foi organizada de 1966 a 1987 e era reservada para esportivos bipostos com um regime de regras mínimas — o então Grupo 7 da FIA — o que permitia espaço para inovação, além de potentes motores.
Como também oferecia prêmios em dinheiro compensadores, quando o dólar estava muito valorizado em relação as moedas europeias, Colin Chapman, o criador da marca de esportivos inglesa, encarregou o projetista Geoff Ferris desenvolver os desenhos do Lotus Type 66 para avaliar como os princípios de design da Lotus poderiam ser aplicados na categoria. Mas a proposta acabou não saindo do papel.
Envolvida em múltiplas competições na época, já que além de ser uma das protagonistas nos GPs de Fórmula 1, a Lotus também construía e vendia monopostos de Fórmula 2 e 3, bem como os modelos esportivos da marca, a proposta de Chapman acabou arquivada. Mas os documentos em posse de Clive Chapman, diretor-geral da Classic Team Lotus e filho de Colin, permitiram a atual equipe de projetos da Lotus viabilizar o projeto.
O protótipo apresentado em Monterey, semana passada, segue o desenho original, inclusive com a pintura da equipe Lotus de competição da época, em vermelho e branco, com faixa dourada do Gold Leaf Team Lotus, além de alguns detalhes do monoposto de Fórmula 1, Lotus 72, com o qual Emerson Fittipaldi conquistou sua primeira vitória na categoria, em 1970, bem como seu primeiro título de Campeão Mundial de F-1, em 1972.
O projeto da Lotus Advanced Performance reimaginou muitas sugestões clássicas do projeto original, como o desenho do habitáculo para reduzir o arrasto e melhorar o fluxo de ar na asa traseira. Mais de 1.000 horas de trabalho em Dinâmica de Fluidos Computacional (CFD) foram dedicadas ao programa, resultando em uma força descendente superior a 800 kg a 240 km/h. Isso é muito mais do que o design original poderia ter previsto.
Além disso, a utilização de técnicas de construção atuais, como a estrutura em compósito de fibra de carbono, câmbio sequencial, freios ABS de corrida e embreagem multidisco com estratégia que impede o motor morrer, recursos que não existiam na época. O motor do Lotus 66 tem virabrequim, bielas e pistões forjados, com potência de 830 cv a 8.800 rpm e torque de 76,1 m·kgf a 7.400 rpm.
A Lotus, entretanto, não revelou a marca do motor e somente detalhou que se trata de um típico V-8 de comando no bloco, “representativo daquele período”, central-traseiro e com as cornetas de admissão na parte superior, típicas dos protótipos Can-Am da época. As cornetas têm comprimentos diferentes para equalizar as pulsações de admissão e o enchimento uniforme dos cilindros.
Na apresentação oficial do modelo, do qual serão fabricados apenas dez exemplares ao preço de 1,3 milhão de dólares (cerca de 6,3 milhões de reais), estava presente Emerson Fittipaldi que, segundo revelou Clive Chapman, era o piloto que estava escalado pela equipe Lotus, na época, para desenvolver o carro em pista e com a possibilidade de representar a Lotus nas provas da Can-Am, antes que o projeto fosse abortado.
RM