A linha Suzuki Jimny está completando, em 2023, 53 anos na linha produção. E, apesar de ter sofridos evoluções no estilo e também nas dimensões e na mecânica, manteve as caraterísticas básicas de um fora-de-estrada “raiz”, que faz a alegria daqueles aficionados pelo off-road e que desejam um modelo que os leve aonde poucos conseguem ir, além de ser off-roader básico, com o típico chassi em escada separado da carroceria.
O projeto do Jimny surgiu em meados da década de 1960, quando o Japão ainda tinha uma economia predominantemente rural, com base na produção de arroz e, ao mesmo tempo, vivia o chamado “Milagre Econômico Japonês”, o processo de grande desenvolvimento industrial que moldou o futuro da economia do país do sol nascente. Foi nesta época, em 1965, que a pequena empresa Hope Motor Company lançou seu próprio utilitário.
O HopeStar ON360 tinha tração 4×4, dimensões compactas e mecânica extremamente simples e confiável, com o motor Mitsubishi ME24D de dois cilindros em linha, 360 cm³ e 21 cv. O projeto chamou a atenção da Suzuki, que logo incorporou a Hope Motor e aprimorou a proposta. Relançado em 1970 com a denominação Jimny 360 e motor Suzuki de dois cilindros em linha, dois tempos e 399 cm³, entregava 25 cv.
Na época, assim como HopeStar ON360, o Jimny também era um kei car, os primeiros com tração nas quatro rodas daquela classe de carros pequenos exclusiva do Japão, que oferecia incentivos fiscais para veículos com baixos peso e cilindrada. No começo da década de 1980, ao lançar a segunda geração do Jimny, a Suzuki manteve a versão Kei para o mercado japonês, mas desenvolveu um modelo maior para ampliar a exportação.
Com denominação de fábrica de SJ40 foi lançado em 1982 como Jimny 1000, já com motor de quatro cilindros em linha, quatro tempos, comando de válvulas no cabeçote, 970 cm³ e 51 cv a 5.000 rpm. O câmbio de quatro marchas já era totalmente sincronizado e, exclusivamente para o mercado americano, a Suzuki fornecia o modelo com câmbio automático e sua denominação era Suzuki Samurai.
O sucesso comercial do Jimny fez com que a Suzuki, limitada em sua capacidade de produção, cedesse a licença de produção do utilitário para diversas marcas que também deram denominações diferentes para o modelo. Na Austrália, onde foi fabricado pela subsidiária da General Motors, ganhou a denominação de Holden Drover. Na Índia, onde foi fabricado até 2019 pela Maruti Suzuki era denominado Gipsy (cigano).
A própria Suzuki também deu nomes diferentes para o utilitário. No final da década de 1980, em resposta à introdução de impostos mais elevados para veículos com tração nas quatro rodas, a marca japonesa lançou uma versão 4×2 chamada de Suzuki Katana, em 1989. E, apesar de também utilizar a denominação Sierra desde a segunda geração do modelo, somente ao lançar a quarta geração, em 2019, a adotou definitivamente.
Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampilá-las
Com mais de três milhões de unidades já fabricadas em várias configurações mecânicas, quatro gerações, além das versões dos fabricantes licenciados, o Suzuki Jimny Sierra é um dos modelos fora-de-estrada mais admirados pelos fãs de off-road, também por manter as características típicas e rústicas deste tipo de utilitário, apesar de a Suzuki ter investido em maiores cuidados nos detalhes de acabamento.
Customizado pela Twisted
Uma das críticas ao Jimny sempre foi com relação ao desempenho. Agora, ele ganhou um projeto de customização desenvolvido pela Twisted, empresa britânica sediada em Thirsk, North Yorkshire, especializada em customizar o Land Rover Defender e que decidiu se dedicar a preparação, restauração e restomods do Jimny, aumentando a potência do motor, aprimorado o interior e ampliando suas características todo-terreno.
A modificação mais importante é no motor de quatro cilindros em linha, 1,5 litro, que originalmente tem potência de 108 cv, mas com a instalação de um turbocarregador e ECU Syvecs, com novo mapeamento, além de escapamento redesenhado, teve a potência aumentada em cerca de 55%, para 167 cv, o que reduziu praticamente pela metade o tempo da aceleração de 0 a 100 km/h, que no modelo customizado é de 8,5 segundos.
O câmbio manual de 5 marchas e o sistema de tração nas quatro rodas também manual são originais do modelo. Mas a suspensão foi aprimorada com o Twisted Performance Suspension System, que inclu molas (helicoidais) Eibach e amortecedores Bilstein, além da adição de barra antirrolagem na traseira, já que o Jimny originalmente só a tinha na dianteira.
Com comprimento de 3.645 mm, altura de 1.720 mm e largura de1.645 mm, além de distância do solo de 210 mm, o Jimny customizado tem ângulo de entrada de 40º, ângulo de saída de 50ºe ângulo de rampa de 28º, o que somado ao peso de apenas 1.135 kg permitem que enfrente trilhas aonde muitos outros utilitários com características de todo-terreno, maiores e mais potentes, não conseguem.
O visual externo é caracterizado pelas carcaças dos espelhos e a grade na cor da carroceria, além de faixa na lateral com assinatura da empresa responsável pela customização. O visual diferenciado é completado pelas rodas de liga de alumínio de 16 polegadas, com desenho exclusivo da Twisted, que recebem acabamento em preto acetinado e nas quase são montados pneus off-road BFGoodrich 215-16.
Internamente o revestimento do teto é em Alcantara, enquanto os dois bancos, console central, volante, alavancas de câmbio e freio de estacionamento e maçanetas são revestidos em couro. O preço do modelo novo, já com o trabalho de customização, começa a partir de 49.500 libras (cerca de 306 mil reais). O projeto é realizado tendo como base o van de carga Suzuki Jimny Commercial de dois lugares e compartimento traseiro só para carga, única versão vendida na Inglaterra por 21.099 libras (130,5 mil reais).
RM