Prever o futuro é uma arte misteriosa e arriscada. Ainda assim, empolga tanto quanto disputas que não têm o fim esperado pelo protagonista que assume arriscar. Dito isso, em plena semana do GP de São Paulo o assunto principal da F-1 continua sendo Sergio Pérez (foto de abertura) e seu futuro na Red Bull. O mexicano é o mais recente membro de um clube no qual desde sempre quase todos associados a trabalhar ao lado de Max Verstappen foram trucidados pela frieza de Helmut Marko.
Diante da escassez de resultados que lhe abriram as portas, o piloto mexicano viveu um fim de semana de alegrias que terminou menos de um quilômetros após a largada da etapa em sua própria casa. Para tornar pior o que era ruim, Daniel Ricciardo voltou, finalmente, a marcar pontos pela equipe AlphaTauri e seus fãs já o enxergam retornando à condição de companheiro de equipe de Max Verstappen, holandês que segue vencendo alheio a todos que compartem o mesmo asfalto que ele.
A dinâmica da F-1 demanda que um piloto para ser bem sucedido precisa atrair patrocínios e conseguir bons resultados para sua equipe. Mesmo nos casos em que o protagonista é um herdeiro de respeito, nem sempre o aporte de capital garante a sobrevivência no meio. Ainda é recente a passagem do canadense Nicolas Latifi pela Williams — onde o americano Loris Sargeant revive a experiência — e seu compatriota Lance Stroll. Este último resiste bravamente, mas os rumores que a paciência do seu pai com suas atuações e o desempenho da equipe em viés negativo suscitam comentários de que a Aston Martin estaria à venda.
Após um início de temporada na qual chegou a liderar o Campeonato Mundial de Pilotos, Sergio Pérez caiu de produção e cometeu erros inesperados para um profissional com sua experiência. Como qualquer humano, ele tem o perdão de não ser perfeito, justificativa que não tem vida longa. A amplitude de tal cenário explica muito bem uma declaração de Christian Horner ao site da BBC quando perguntado se isso ameaça a continuidade do mexicano em sua equipe:
“Não se trata de algo assim, tão binário. Você precisa olhar para as circunstâncias e por aí afora.”
De uma forma ou de outra, o nome de Sergio Pérez aparece associado à Aston Martin e à Audi, que ainda vive o processo de consolidação de seu programa de F-1 junto à Sauber. No primeiro caso, o mexicano poderia ser parte da troca da vinda de Fernando Alonso, algo possível caso o time inglês seja vendido. No outro, o executivo principal da Sauber, Alessandro Alunni Bravi, não poupou elogios ao comentar sua visão sobre o piloto:
“Ele é um dos melhores. Ele é uma opção e, se dependesse de mm, eu o teria em nossa equipe amanhã mesmo.”
A latinidade da Sauber parece efervescente: além de Pérez, o espanhol Carlos Sainz é outro nome bastante mencionado com relação aos seus futuros pilotos. Não se deve deixar de lado a associação de Carlos Sainz sênior à marca alemã no programa de rali e off-road.
Última peça de um quebra-cabeça um tanto complicado é o australiano Daniel Ricciardo. Seu resultado no México acendeu fogos de artifício de várias cores e padrões, algo que encobriu detalhes importantes do que aconteceu na pista. Sem dúvida, ele andou bem, mas é vital recordar duas peculiaridades do GP do México: a altitude loca de 2.285 metros e as dificuldades que isso cria para a aerodinâmica e arrefecimento dos carros. A temporada 2023 tem mais três etapas: a final em Abu Dhabi (26/11), o retorno de Las Vegas (18/11) e a corrida em Interlagos neste domingo. Caso o sempre sorridente australiano repita consistentemente esse padrão de desempenho, aí sim, ele poderia ter a chance de retornar à condição de companheiro de equipe de Max Verstappen.
O resultado completo do GP do México você encontra aqui.
WG
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