Ninguém ?seria capaz de imaginar que, durante um show do RPM, no Salão do Automóvel de 2004, com o Paulo Ricardo cantando “All Right Now” (Tudo Bem Agora), o presidente da anfitriã em seu estande, entrasse com uma guitarra (fake) e imitasse todos os movimentos de um roqueiro acompanhando a música.
O autor do “show” foi Ray Young, que presidiu a GMB de 2004 a 2007, comemorando os resultados finais da fábrica naquele ano, que atravessara anos seguidos de “vermelhos” em seu balanço.
E por que estou mencionando Ray Young nesta coluna? Porque ele é um dos autores de textos contidos no livro “Futuros 100 Anos da GM Brasil”, criação de Pedro Luiz Dias, que conta com histórias contadas por dezenas de ex-funcionários da empresa, inclusive eu.
Em seu texto, com o título “Vamos Vencer Juntos”, Ray faz uma referência especial ao então presidente da ABRAC, associação que reúne os concessionários da marca Chevrolet, João Batista Simão. Na primeira reunião que tiveram, descobriram que um não falava inglês, nem o outro português. Fizeram o encontro em francês e criaram um laço de fraternidade.
Ele conta que sua passagem pelo Brasil será sempre especial em sua memória, mencionando os muitos objetos e fotos que tem em sua casa nos EUA. Uma curiosidade, apesar do seu nome e aparência, nitidamente oriental, Ray é canadense.
Rick, duas vezes no Brasil
Além de Ray Young, outros dirigentes, estrangeiros, da GMB também colaboram no livro. Destaque especial para George Richard Wagoner Junior, conhecido por todos por Rick Wagoner, junto com Mark Hogan, dois dos mais emblemáticos presidentes da fábrica brasileira.
Rick veio, pela primeira vez ao Brasil em janeiro de 1982, como tesoureiro da GMB, Ficou aqui cinco anos. Neste tempo, segundo ele relata no livro, “tudo sobre caipirinha, feijoada, futebol brasileiro e, principalmente como os brasileiros são divertidos e amáveis”.
Foi aqui que ele aprendeu a tratar a inflação alta, conviver com a rede e com autoridades. “Lembro — revelou ele — do esforço que fazíamos em uma sexta-feira para pedir empréstimos bancários, para fazer a folha de pagamento na semana seguinte, situação que jamais havia vivido nos EUA”.
Mas ele também lembrou de coisas boas, como a desvalorização da moeda brasileira, em 1983, que fez o nosso famoso programa de exportação dos motores da Família II, trazer de volta a lucratividade dos nossos negócios no Brasil.
“Estou convencido que aqueles cinco anos trabalhando na GMB me deram, possivelmente, o melhor ensinamento de como gerir negócios automobilísticos que um jovem (ele chegou aqui com 30 anos) poderia ter recebido.
A volta em 1991
Para ele, foi nesta segunda vinda para o Brasil que ele viveu seus momentos mais emocionantes. O presidente Fernando Collor abriu os portos e a indústria nacional de automóveis teve que se atualizar.
“Isso – contou ele – nos forçou, dramaticamente, a mudar o perfil da nossa linha de veículos, globalizar nosso suprimento , otimizar as ferramentas e trabalhar mais próximos aos nossos colegas da GM em redor do mundo. Foi excitante voltar a trabalhar com líderes da GM brasileira para, radicalmente, reconstruir a companha”
Infelizmente, segundo ele, depois de 15 meses, tive que voltar para os EUA com minha família.
“Até hoje — concluiu ele no seu texto para o livro — depois de muitas atribuições em minha carreira na GM, posso dizer que nenhuma delas supriu os dois maravilhosos cargos que tive o privilégio de exercer na General Motors do Brasil”.
Além dos relatos do amigo Rick e do “roqueiro” Ray, muitos outros relatos aparecem nas 168 páginas do livro, de pessoal da engenharia, design, vendas, compras, relações públicas, imprensa. Todas interessantes e, muitas, revelando fatos até então desconhecidos.
CL
A coluna “Histórias & Estórias” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
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