Por que chamar um dummy de amigo, se ele é um ser inanimado, que não tem qualquer sentimento ou reação ao que o cerca? Ora, ele não é somente meu amigo, mas de todos aqueles que andam de carro pelo mundo. É graças à sua coragem e determinação que hoje temos segurança nos carros que nos servem, sejam eles movidos a gasolina, álcool, diesel, híbridos, elétricos ou qualquer outro tipo de motorização.
São eles que se colocam à disposição para o chamado “crash test” (teste de impacto) e mostram onde estão as possíveis falhas na construção de um veículo, visando a segurança dos seus ocupantes em caso de acidente.
Eles são manequins, construídos para simular a anatomia humana, ou seja, têm cabeça, tronco e membros e de acordo com o choque do veículo é possível, aos técnicos avaliar os danos que um ser humano poderia sofrer.
Os dummies têm diferentes tipos: na forma de um adulto masculino, adulto feminino, até gestante, e também crianças, nas mais diferentes idades, pois elas também precisam de cuidados especiais dentro do veículo.
Em 1949, o primeiro
O primeiro dummy surgiu na Ford, em 1949, quando a fabricante verificou a ocorrência de muitos acidentes em que motoristas e passageiros sofriam os mais diferentes danos físicos. Mas a padronização das medidas do manequim para o sexo masculino somente aconteceu em 1971.
A utilização de dummies nos testes de colisão pode ser substituída por softwares e ferramentas digitais, devido ao avanço da tecnologia. Os testes são realizados com a utilização do cinto de segurança, para, exatamente, demonstrar a utilidade deste equipamento de segurança.
Caso Dener
Em abril de 1994, o jogador de futebol, Dener morreu sufocado pelo cinto de segurança do carro em que era passageiro no banco da frente. Diante disso, muitos foram aqueles que condenaram o uso do cinto. Mas o que não foi destacado e nem levado em conta pelos críticos, e boa parte da imprensa (trecho de uma notícia da imprensa na época: “O jogador Dener morreu em um acidente de carro na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. O atacante estava no banco do passageiro e morreu enforcado pelo cinto de segurança”.).
É que Dener, para dormir, havia reclinado totalmente o encosto do banco e na colisão, que não foi das mais sérias, seu corpo deslizou sob a parte subabdominal do cinto e por isso foi enforcado pelo ramo diagonal do cinto. Estivesse sentado na posição correta, certamente teria continuado sua promissora carreira.
Essa á a razão de, nos aviões, sermos instruídos a deixar os encostos dos bancos na posição vertical até que se apague o aviso de apertar cintos e voltar à posição vertical momentos antes do pouso.
Criança vira elefante
E já que falamos em cinto de segurança, é preciso observar que, muitas vezes, os pais, “obedecendo” a manha dos pequenos, os deixam viajar se apoiando nos bancos de papai e mamãe, para ver tudo o que acontece no caminho. Isso representa um enorme perigo para a criança, que pode sofrer danos letais com essa prática.
Ocorre que, uma criança com peso entre 16 e 20 kg , numa colisão frontal com o carro entre 48 km/h e 50 km/h, é arremessado contra o para-brisa pesando o mesmo que um elefante filhote, cerca de uma tonelada. E esse choque, salvo um milagre, será fatal à criança.
Eu assisti testes como esse no Campo de Provas da GM e é impressionante o que acontece com o vidro laminado do para-brisa, destruído pelo pequeno dummy.
Cinto para o banco traseiro
Um conselho importante: quando você estiver no banco da frente, dirigindo ou como passageiro, exija, mas exija mesmo que quem estiver no banco atrás de você coloque o cinto de segurança, seja na cidade ou na estrada (há quem diga que só é obrigatório na estrada, mas é em qualquer lugar) pois se esse alguém não fizer isso, a maior vítima será você em caso de colisão frontal grave.
Sabe por que? Porque você estará usando o seu cinto e na colisão quem está atrás de você será lançado contra o encosto do seu banco, pesando, ao menos de 10 vezes o seu peso. Ou seja, vamos pensar em alguém com 80 kg, que empurrará o encosto e você junto por uma força de cerca de 800 kg, e seu cinto o enforcará como na fatalidade do Dener.
Então, brigue com os teimosos, mas exija o uso do cinto de segurança para os cinco ocupantes do carro. E, não se esqueça, dos pets, dependendo do tamanho e também de objetos de grande e médio porte, que deverão estar fixados para não fazerem de você uma vítima, no banco da frente.
CL
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