Seguindo a matéria sobre o Petermax Müller nº 41, vamos conhecer dois outros bólidos daquela época, fim dos anos 1940 e início dos anos 1950. Em todos os três exemplos desta série os carros partiram do chassi tanto do Kübelwagen como do VW Käfer, de motores VW preparados para competição e de outros componentes VW como a suspensão dianteira. etc.
Na foto de abertura é dada uma prévia, acima com o VLK “Vollstromlinien-Leichtbau-Konstruktion” (Construção leve totalmente aerodinâmica) e abaixo com o Vollmer Hebmüller 1948.
VLK – Construção leve totalmente aerodinâmica
Iniciamos a descrição falando de seu criador Kurt Kuhnke, nascido em 1910 em Stettin, que na época pertencia à Alemanha. Fundou antes da guerra, em Braunschweig uma empresa de transporte, com a qual ganhou tanto dinheiro que pôde comprar uma motocicleta de corrida.
Ele próprio adaptou essa motocicleta DKW de corrida DKW para funcionar com compressor e a partir de 1946 voltou a competir. Paralelamente, ele mandou construir o carro esportivo descrito adiante, baseado em mecânica Volkswagen.
A partir de 1952, ele esteve ativo na Fórmula 3 e, em 1962/63, até mesmo iniciou um projeto de Fórmula 1, que foi malsucedido, com um chassi Lotus e motores de corrida adquiridos da massa falida da Borgward, que faliu em 1961. Infelizmente, essa foi a última atividade de Kuhnke no automobilismo: ele faleceu em 1969 aos 59 anos, vítima de um AVC.
Já no final de 1945/1946, Kuhnke encontrou um engenheiro da VW, Walter Hampel, e surgiu a ideia de um carro de corrida baseado no Volkswagen. O chefe de construção da Volkswagen na época, Josef Kales — oriundo da equipe de Porsche, e a administração britânica, apoiaram o projeto, porém o carro não deveria ser construído na fábrica da VW e não deveria levar o nome Volkswagen, daí a designação VLK descrita acima.
A equipe de trabalho era composta por alguns dos engenheiros responsáveis pelo protótipo Porsche Tipo 64 de 1939.
O design do VLK estava representado em uma maquete de madeira utilizada para testes em túnel de vento:
Encontraram um barracão fora da fábrica que anteriormente abrigava trabalhadores durante a II Guerra Mundial onde os trabalhos foram realizados.
O chassi vinha de um VW Käfer ou de um Kübelwagen, as fontes de informação divergem a este respeito. A distância entre eixos teve que ser reduzida para 2.200 milímetros. Montadores da empresa Heinrich Schwen & Sohn foram responsáveis por uma estrutura tubular delicada que foi montada no chassi de VW.
Abaixo, fotos da estrutura tubular montada sobre um chassi Volkswagen; imagens que esclarecem como vários carros de corrida da época foram construídos, matando a curiosidade de muitos:
Sobre esta estrutura, a empresa Petersen & Sattler instalou uma carroceria aerodinâmica de alumínio:
O motor foi equipado com cabeçotes projetados pelo chefe de motores de Wolfsburg, Gustav Vogelsang (o mesmo que preparou o motor do Petermax Müller nº 41), o que inicialmente resultou em 36 cv em vez dos 25 cv de fábrica.
Já na estreia em 24 de agosto de 1947, Kuhnke venceu com o VLK na corrida de automóveis na Autobahn em Braunschweig (num trecho fechado para a prova) — correndo com o nº 54 — na classe até 1.100 cm³, sem contestação. Na corrida no Stadtpark de Hamburgo — correndo com o nº 7, uma semana depois, ele ficou em segundo lugar, atrás de Wilhelm von Müller, de Munique, em um Fiat Especial.
Kuhnke também esteve ativo com o VLK em 1948, embora as vitórias na classe de 1.100 cm³ não tenham se repetido.
A nova administração da Volkswagen (1948-1968), sob a responsabilidade de Heinrich Nordhoff, não estava interessada no automobilismo.
Posteriormente, o VLK foi convertido em um carro esporte aberto e vendido para Richard Trenkel, de Bad Harzburg.
Em 1951, Trenkel até instalou um motor Porsche no VLK, mas substituiu o carro em 1952 por um Glöckler-Porsche. O destino do VLK depois disso infelizmente é desconhecido.
O Vollmer Hebmüller 1948
O Vollmer Hebmüller 1948 foi um carro único construído pelo encarroçador alemão Hebmüller para o piloto de corrida Gottfried Vollmer em 1948. Vollmer era um bem-sucedido comerciante de tabaco.
Este carro de corrida previa um banco para um copiloto que na foto acima está coberto, mas o pequeno para-brisa ficava armado.
A Hebmüller era conhecida pela sua construção de carrocerias de alta qualidade e tinha uma longa história de construção de carrocerias elegantes para vários chassis de automóveis. Como é o caso do Volkswagen 14A, o cabriolé na versão da Hebmüller.
O Vollmer Hebmüller 1948 é um carro de corrida único construído sobre um chassi Volkswagen, tendo uma estrutura tubular. Foi projetado para ser leve e aerodinâmico, tornando-o adequado para corridas. Este carro é uma peça rara da história automobilística e mostra o artesanato e a inovação da Hebmüller durante essa época.
Na foto acima o habitáculo do copiloto está aberto. A possibilidade de ter um copiloto permitia este carro participar ralis, por exemplo.
Infelizmente não há muitas informações deste belo carro disponíveis, mas, mesmo assim, foi possível fazer este registro.
Com isto terminamos a série de matérias sobre estes bólidos do pós-guerra com mecânica Volkswagen. Mas havia muitos outros e quase todos surgiram na região de Braunschweig e Wolfsburg. O fato do VW Käfer e do VW Kübelwagen terem tido um chassi de tubo central bastante rígido e do motor VW Boxer admitir uma preparação interessante para a época, propiciou resultados consideráveis no seu aproveitamento em carros de corrida.
AG
Para esta matéria foram consultados: facebook.com/AminadabCars fonte de fotos do VLK; minerva-endurance.de com um importante resumo histórico; auto-und-modell.de/; hebmueller-registry.com; coachbuild.com/forum/; Wikipedia, etc.
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