A 3ª semana do Fiat Fastback teve como episódio marcante a viagem de volta do litoral. O fim das férias decretou a hora de carregar o suve cupê com menos gente que na viagem de ida, apenas o motorista, sua acompanhante e um cachorro, já que o casal que ocupou o banco traseiro na vinda teve que antecipar a volta. Mas, e o porta-malas, veio mais vazio do que na ida? Que nada! É a famosa história: quanto mais se tem, mais se usa. E assim, não só simples bagagem ocupou o generoso espaço, mas também duas volumosas cadeiras precisando de manutenção, vasos com plantas e uma pesada trouxa de roupas implorando por lavanderia.
Rebater os encostos do assento traseiro foi a melhor opção por conta das dimensões das cadeiras, e descobrimos que, apesar de o piso do compartimento de carga não ficar idealmente plano, apresentando um pronunciado degrau na parte onde os encostos estão fixados, a área a disposição é gigante. Outro senão é o fato de, na parte inferior dos assentos traseiros, quando rebatidos, não existir nenhuma proteção. A espuma fica exposta, e bonito não é, além de passar uma sensação de que a forração foi esquecida. De fato, foi omitida, em favor de Sua Majestade redução de custos.

Deixamos o litoral pelo trajeto mais longo. O usual é sair rumo a Caraguatatuba e, na sequência, pegar o novo trecho de subida da serra, caracterizado por longos túneis e poucas curvas, mas escolhi voltar pela tortuosa rodovia Oswaldo Cruz, que em meros 8 ou 9 quilômetros escala os 800 metros de diferença entre a faixa litorânea e o topo da Serra do Mar, desembocando em Taubaté, no Vale do Paraíba. A estradinha é desafiadora, e deliciosa (para quem gosta de dirigir).

Tem menos tráfego e quase não há radares, mas aumenta a viagem em quase 40 quilômetros e, como dito, tem curvas a dar com pau. O tempo bom e a pouca pressa para chegar a São Paulo fez desta volta um passeio turístico, com paradas variadas antes de encarar a subida da serra — Marina do Saco da Ribeira (foto de abertura), Centro de Ubatuba e outros locais de interesse —, o que fez o Fastback rodar em pisos variados como areia, asfalto, paralelepípedo.

Tais trajetos confirmaram que um dos aperfeiçoamentos a serem priorizados em versões futuras do Fastback deve ser um maior capricho na insonorização do habitáculo, especialmente nas caixas de rodas traseiras, pois o ruído de rolagem dos pneus traseiros na pavimentação mais áspera e/ou irregular invade com fé a cabine. A falta de material fonoabsorvente no Fastback começa lá no cofre do motor, uma vez que, quando se acelera fundo, o ruído é bem presente. Ao abrir o capô nota-se que a sua parte interna não tem nenhum tipo de forração.
Ao contrário da viagem de ida ao litoral, essa volta em subida com percurso travado, apesar do pouco trânsito, deu oportunidade para avaliar novas características do Fastback, algumas ótimas, outras nem tanto. O excelente sistema de controle de velocidade de cruzeiro foi pouquíssimo usado, por outro lado, o vermelhíssimo botão “Sport” no raio direito do volante fez sua estreia em nosso Teste de 30 Dias, e mostrou sua razão de ser. Especialmente no trecho da íngreme subida da serra — mas também no tortuoso trecho do planalto — o ajuste do acelerador com o modo Sport ativado muda a entrega de potência, o peso da direção e o comportamento do câmbio CVT, que eleva a rotação das trocas de marchas.

Usei bastante as borboletas situadas no volante, antecipando a redução das marchas — sete no total — para entrar nas curvas com motor mais cheio, ou limitar o uso do freio nas reduções de velocidade. Tudo isso atuou em conjunto para, neste cenário de muitas curvas entremeadas por retinhas curtas, tornar o ato de dirigir mais divertido e eficaz.
Longe de ser um esportivo, o Fiat Fastback, mesmo carregadão, (estimei em mais de 1,5 tonelada o peso bruto total nesta viagem), mostrou que o motor de 1 litro turbo não faz feio. A entrega de acelerações vigorosas em determinados momentos chegou a ser empolgante. A perda de aderência da roda dianteira interna nas curvas mais fechadas da forte subida foi magistralmente contida pelo controle de tração, que em algumas ocasiões foi desligado, sem que isso tenha resultado em patinagem excessiva. Lembro que o trecho de serra cortado por esta rodovia tem um dos maiores índices pluviométricos do país, e mesmo sem chuva o pavimento nos trechos sombreados é permanentemente úmido.
O Fastback passou segurança também quando a serra acabou, em vez de curvinhas a 40 ou 50 km/h, o ritmo da viagem aumentou significativamente. Nesta condição, uma das “vantagens” alardeadas pela Fiat para o modelo — sua grande altura em relação ao solo — se revelou desvantagem, pois o Fastback mostra uma inevitável rolagem de carroceria. Não passa sensação de insegurança, as mudanças de direção mais decididas podem ser incômodas, mas não senti nenhuma propensão a um desequilíbrio perigoso. Mesmo com carga total, nenhuma tendência à perda de estabilidade foi sentida, mérito não só do bom ajuste das suspensões e escolha dos pneus, como também de uma afinada eletrônica.
Antes ainda de atingir os trechos retilíneos de rodovia, cujo limite é de 120 km/h, a noite chegou e com ela um fortíssimo aguaceiro, condição na qual o Fastback mostrou a qualidade de seus limpadores de para-brisa, e a sentida ausência de um controle para regular da altura do facho dos faróis de LED, que são adequados em termos de potência de iluminação, mas que em virtude do porta-malas pesado e da condição climática, chuva e, depois, trechos de densa cerração, demandariam a possibilidade de baixar o facho para melhorar a visibilidade e, consequentemente, a segurança.

Chegando a São Paulo, o temporal voltou ainda mais forte, e a quantidade de água acumulada na pista nos fez baixar o ritmo dos 120 km/h permitidos a menos de 90/80 km/h, e mais uma vez assistimos ao show de desconhecimento de muitos motoristas que não reduzem a velocidade. Nestas condições críticas, por melhor que seja o tipo de pneu, a tecnologia embarcada no veículo ou a habilidade de quem está no volante, não há milagre: da armadilha da aquaplanagem só se escapa reduzindo o ritmo. Outra grande besteira praticada é o oposto, a excessiva diminuição da velocidade, que troca o risco de perder o controle por causa do excesso de água na pista pelo da colisão traseira. E o que dizer dos que circulam com o pisca-alerta ligado, em flagrante desrespeito à lei?
O temporal e os maus motoristas não impediu chegarmos ao destino com segurança após mais de cinco horas ao volante. Na viagem de ida, uma das boas surpresas foi a excelente economia de combustível, o que se repetiu em grau menor nesta volta, não apenas por conta da subida da serra como pela diferente configuração da rodovia, que nos fez usar os freios (ótimos) e acelerador de modo mais intenso. Mesmo assim, a marca mostrada pelo computador de bordo ao final da viagem foi de 15,4 km/l usando gasolina.

Para os interessados na ação do sistema BSG, que através de um impulso elétrico ajuda o motor a combustão nos momentos de maior necessidade, em condição rodoviária tal ajuda é praticamente imperceptível, esporádica, a não ser nas saídas dos pedágios. Configurar o painel para “assistir” o momento em que o sistema age me pareceu indevido, além de inútil, assim a seleção na tela central foi o bem mais útil velocímetro.
A semana de encerramento do Teste de 30 Dias terá, entre muitos objetivos, um “tira-teima”, repetindo o bate e volta a Sorocaba, no interior de São Paulo, a viagem de estreia do Fastback comigo, para verificar o consumo do Fiat Fastback neste mesmo trecho agora usando gasolina “pura” (com 27% de álcool) Veremos…
RA
Fiat Fastback Turbo 200 Hybrid
Dias: 21
Quilometragem total: 939 km
Distância na cidade: 286 km (30,4%)
Distância na estrada: 653 km (69,6%)
Consumo médio: 11,5 km/l
Melhor média (álcool): 17,1 km/l
Melhor média (gasolina): 17,8 km/l
Pior média (álcool): 6,7 km/l
Pior média (gasolina): 7,4 km/l
Média horária: 35,0 km/h
Tempo ao volante: 27h40 minutos
Leia os relatórios anteriores 1ª semana 2ª semana
FICHA TÉCNICA PULSE E FASTBACK T200 HYBRID AUDACE E IMPETUS 2025 | |
MOTOR A COMBUSTÃO | GSE T200 |
Descrição | L-3, dianteiro transversal, bloco e cabeçote de alumínio, monocomando com variador de fase, corrente, controle de abertura das válvulas de admissão MultiAir III, 4 válvulas por cilindro, turbocarregador BorgWarner com interresfriador e válvula de alívio elétrica, injeção direta, flex |
Cilindrada (cm³) | 999 |
Diâmetro x curso (mm) | 70 x 86,5 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 125 /130 / 5.750 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G e A) | 20,4/1.750 |
Corte de rotação (rpm) | 6.500 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Comprimento da biela (mm) | 149,3 |
Relação r/l | 0,289 |
Densidade de potência (cv/L, G/A) | 125 / 130 |
Densidade de torque (mkgf/L, G e A) | 20,4 / 20,4 |
MOTOR ELÉTRICO | |
Tipo | Alternador quando em função de motor |
Potência (cv) | 4 |
Alimentação | Bateria de íons de lítio |
Capacidade da bateria (kW·h) | 0,13 |
Tensão da bateria (V) | 12 |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Automático CVT, conversor de torque, 7 marchas à frente e ré, tração dianteira |
Relações das marchas em manual (:1) | 1ª 2,27; 2ª 1,60; 3ª 1,20; 4ª 0,94; 5ª 074; 6ª 0,58; 7ª 0,46; ré 2,60 a 0.42 |
Relações das marchas em automático (:1) | De 2,60 a 0,42 |
Relação de diferencial (:1) | 5,698 |
Estol do conversor de torque (rpm) | n.d. |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Relações de direção (:1) | n.d. |
Número de voltas entre batentes | 3 |
Diâmetro do volante (mm) | 370 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,5 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado / 284, pinça flutuante |
Traseiros (Ø mm) | Tambor / 203 |
Atuação | Hidráulica, ABS. duplo-circuito em diagonal |
RODAS E PNEUS | |
Rodas, Pulse | Liga de alumínio, 6Jx16 (Audace), 6Jx17 (Impetus) |
Rodas, Fastback | Liga de alumínio, 7Jx17 (Audace), 6Jx18 (Impetus) |
Pneus, Pulse | 205/50 R18H, Pirelli (Audace),195/60 R16H Goodyear/Pirelli (Impetus) |
Pneus, Fastback | 205/50 R17H Pirelli (Audace), 215/45 R18H Continental (Impetus) |
CONSTRUÇÃO | Monobloco de aço, suve, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | n.d. |
Área frontal (calculada, m²) | n.d. |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4099 (Pulse), 4.427 (Fastback) |
Largura aem/comee espelhos | 1.776 / 1.989 (Pulse), 1.774 / 1.989 (Fastback) |
Altura | Pulse 1.553 (Audace), 1.552 (Impetus) // Fastback 1.547 (Audace), 1.548 (Impetus) |
Distância entre eixos | 2.532 (Pulse). 2.532 (Fastback) |
Bitola dianteira/traseira | n.d. |
Vão livre entre os eixos | Pulse, 213 (Audace, 212 (Impetus // Fastback 217 ambos |
Distância mínima do solo | Pulse 195 ambos // Fastback ambos |
ÂNGULOS | |
Entrada (º) | Pulse 20,5 (Audace), 20.6 (Impetus) // Fastback 20,3 ambos |
Saída (º) | Pulse 31,4 (Audace), 31,3 (Impetus // Fastback 24,2 ambos |
Transposição de rampa (º) | n.d. |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.234 (Audace), 1.245 (Impetus) |
Carga útil | 400 (todos) |
Máximo rebocável sem/com freio | n.d. |
CAPACIDADES (L) | |
Tanque de combustível | 45 |
Porta-malas | 516 (Fastback), 370 (Pulse) |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO PBEV | |
Cidade (km/l, G/A) | Pulse 13,4 / 9,3. Fastback 12,6 /8,9 |
Estrada (km/l, G/A) | Pulse 14,4 / 10,2, Fastback 13,9 / 9,8 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | Pulse e Fastback 9,7 / 9.4 |
Velocidade máxima (km/h, G/A)) | Pulse 187 / 189. Fastback 194 / 196 |