Ele era um cavalheiro! Vestia-se com muita elegância, portando sempre uma echarpe nos dias mais frescos, vestindo bem-cortados blazers (com lencinho no bolso) e no rosto, óculos da moda. Escrevia sobre veículos no O Liberal, de Belém, PA e ainda, sob o pseudônimo de Pierre Beltrand, respondia pela coluna social (o que explica seu modo de se vestir) daquele jornal do Norte do País.
Assim era o Ubiratan de Aguiar (que já não está entre nós), que durante muitos anos participou de eventos da indústria automobilística e neles foi personagem de vários episódios. Num deles, convidado pela Volkswagen, foi à Alemanha. Na volta, esqueceu no hotel um de seus elegantes blazers, que a VW se prontificou a trazê-lo para o Brasil por intermédio de um funcionário que voltaria ao País em duas semanas. Ansioso para ter o blazer de volta, “Pierre” pediu que o enviassem via DHL. Pagou, segundo comentários, três vezes o valor da peça de seu vestuário. Mas ficou feliz!
Uma boa imagem que tenho do Ubiratan é na foto de abertura, num momento em Paris (parágrafo seguinte). Sempre impecavelmente vestido, ele está de pé com a mão no ombro do Antônio Bispo (de quem falei na semana passada), com o Marco Antônio Ribeiro na esquerda da foto, e na outra extremidade, Roberto Costa.
Mas foi numa viagem da General Motors que ele protagonizou uma das mais curiosas histórias do setor. A fábrica levou jornalistas e acompanhantes a Paris, para o lançamento (que nunca se concretizou no Brasil) do Vectra V-6 2,5-litros, 170 cv. Foi um belo programa, com passeio até o Vale do Loire para um almoço no Château de Chambord. Uma delícia de viagem, de 215 quilômetros, passando por Orléans, Blois e Amboise. Um grupo saiu de Paris ao volante do V-6, almoçaria, podendo tomar um bom vinho “nacional”, e voltaria de trem. Os integrantes do outro grupo viajaram de trem até lá e seriam privados da degustação da bebida alcoólica por voltarem a Paris dirigindo.

Ubiratan estava no primeiro e voltou de trem para Paris. Bem, não foi exatamente assim que aconteceu. Ao chegar na estação, ele precisou usar o banheiro, que fica entre duas gares, atendendo às necessidades fisiológicas dos passageiros que vão para Paris e no sentido contrário, os que se destinam a Lion.
E havia uma orientação das guias para que, quando o trem parasse na estação, deveríamos entrar no vagão que estivesse à nossa frente, porque a parada era muito rápida e, lá dentro, procuraríamos os nossos lugares marcados.
Adivinhe o que aconteceu.
Ao sair do banheiro, afobado, Ubiratan entrou no trem que estava à sua frente, que seguia para Lion, sem perceber seu engano que o afastaria 391 km da capital francesa. Lá pelas tantas, sua esposa, preocupada com a ausência dele, foi buscar ajuda, encontrando no corredor do hotel o convidado Luiz Eduardo Ribeiro dos Santos, da Matel (que durante muitos anos manteve programa de TV sobre autos), que a encaminhou até o pessoal da Stella Barros Turismo (quem lembra?), encarregada da logística dos convidados da GM. Depois de pesquisar, Ubiratan foi localizado em Lion e, com a ajuda de um brasileiro que o ajudou lá, foi embarcado de volta para Paris, onde não chegou a tempo para o jantar oficial daquele dia.
CL
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