O museu de automóveis clássicos Carde, situado em Campos do Jordão, SP, foi inaugurado no fim do ano passado e lá estávamos nós para conhecer tanto as belezas mecânicas — automóveis muito especiais — quanto as arquitetônicas e culturais. O prédio especialmente projetado para o museu abriga também muitos históricos e folclóricos.
As novidades que chegaram ao museu nestes últimos dias são três raros espécimes da história dos carros, um Tucker, um Ferrari 212 Vignale e um Pegaso Z-102. Para quem conhece os modelos, não haveria necessidade de explicação, mas as particularidades de cada um desses carros merecem ser repetidas, não apenas por sua raridade mas, principalmente pela sua história.

O Tucker é o que tem a história mais interessante. Ao fim da Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos voltaram a produzir automóveis, depois que a as fábricas estiveram a serviço apenas do esforço de guerra. Dessa forma, os primeiros modelos eram os mesmos de antes da guerra, até que fossem projetados e produzidos novos veículos.

Nisso, Preston Tucker, um industrial e projetista de automóveis, aproveitou e colocou em prática suas ideias avançadas de como deveria ser um automóvel. Finalizou 51 unidades de seu Tucker Torpedo, que logo teve o nome trocado para apenas Tucker 48, para não estar relacionado com um armamento de guerra. Tucker não conseguiu seu intento de produzir seu automóvel em grande escala, mas muitas de suas tecnologias revolucionárias foram posteriormente aplicadas em automóveis de outros fabricantes.

O Tucker 48 tinha um motor boxer de seis cilindros arrefecido a água localizado na traseira, sendo que o capô dianteiro era o do porta-malas, configuração que conhecemos bem.

O Tucker exposto no Carde foi o terceiro a ser produzido e era de propriedade do diretor de cinema Francis Ford Coppola, que dirigiu o filme “Tucker: The Man and his Dream”, de 1988, contando a saga do criador do mais revolucionário automóvel de sua época, assim como sua decadência.

Os outros dois novos automóveis no Carde são tão raros quanto o Tucker. O Pegaso Z-102 Berlnietta Series II de 1954 já foi considerado o automóvel mais rápido do mundo, que, com seu motor V-8 de 2,8 litros e 195 cv, chegava à velocidade de 240 km/h.

Para desafiar a Ferrari, o Pegaso tinha como símbolo um cavalo alado, o Pégaso da mitologia. Apenas sete unidades desse modelo foram produzidas.

Ao seu lado, o Ferrari 212 Inter Coupe de 1953, um modelo especial encarroçado por Vignale que tinha também uma versão especial para competição, que se diferenciavam-se pela distância entre eixos.

Essa unidade está equipada com um motor V-12 de 2,5 litros e 170 cv, que o habilitava à velocidade de 200 km/h. Desenhado por Giovanni Michelotti e construído por Vignale, apenas seis unidades foram produzidas.
GM