Um dos trabalhos de qualquer responsável por uma publicação é estabelecer um padrão e mantê-lo. Se for necessário alguma mudança ela deve ser sutil, da maneira que leitor perceba a mudança, mas o visual geral seja mantido. Tivemos no AE um exemplo recente disso. Numa coluna do Paulo Manzano notei que ele escreveu os intertítulos em negrito, fora do nosso padrão que é corpo normal, sem negrito. Achei que ficou melhor, falei com ele e, de comum acordo (como devem ser as decisões entre sócios), os intertítulos passaram a ser em negrito, para maior destaque.
É por isso que é habitual haver manual de redação onde quer que se escreva, seja nos veículos de comunicação ou nas empresas. Temos no AE tal manual, embora ainda (muito) longe de ser tão rico e completo quanto o de um grande jornal, por exemplo O Estado de S. Paulo, mas está sendo incrementado. Independentemente do manual. qualquer mudança comunico aos editores e colunistas pelo nosso grupo no WhatsApp, maneira de comunicar bem melhor do que pelo e-mail, que de vez em quando falha.
O leitor ou leitora do AE percebe uniformidade em diagramação e texto. Neste temos como base justamente o manual de redação do jornal acima mencionado, publicado em 1990 e que recebi de presente de um senhor vizinho de andar do prédio onde moro. O manual está velhinho de tanto que é manipulado, mas serve ao seu propósito.
A padronização no AE envolve até números de cilindrada em litros, em que o famigerado ponto em vez de vírgula para separar a parte inteira da fracionária invariavelmente cede seu lugar à (correta) vírgula. Aliás, acho que trocar a vírgula por ponto — 1.6 em vez de 1,6 — começou com o Ford Corcel II em outubro de 1977 como ano-modelo 1980, no emblema nos para-lamas dianteiros.
É comum corrigir nos comentários — sou o moderador “titular”, o “reserva” é o Gerson — de 1-ponto para 1-vírgula. Os comentaristas que me desculpem, mas a grafia correta é fundamental e o AE considera ser direito de todo leitor ler um texto correto
Temos palavras banidas, por isso o leitor ou leitora nunca as verá aqui. Por exemplo, são banidas calhambeque, maria-fumaça e teco-teco por considerarmos desrespeitosas a quem os projetou e construiu. Também não usamos a palavra, na verdade sigla, a rainha da preguiça: CEO. Como não somos preguiçosos, presidente-executivo ou executivo-chefe. Também são banidas judiar e judiação, desnecessário justificar.
Temos muito cuidado com o uso de maiúsculas. Usamos as regras para isso que contam do manual do Estadão até quando se trata de outro idioma. Por exemplo, enquanto a maioria dos jornalistas escreve ADAS, a sigla em inglês de Sistemas Avançados de Assistência ao Motorista, aqui é sempre Adas. Regra é regra.
Padronização também nas fichas técnica e listas de conteúdo, por sinal cada vez mais reduzidas, fracas. obrigando-nos a vasculhar a rede mundial em busca de dados.
BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
