Comecei a escrever esta coluna uma hora depois de encerrada a 25 Horas de Le Mans, que teve a Ferrari, com o 499P, vencedora pela terceira vez consecutiva e que merece os mais efusivos parabéns. Além do magnífico espetáculo que é a prova em si, a transmissão completa foi um deleite para os olhos. Simplesmente magistral.
Tudo, imagem, câmeras em todos os lugares possíveis, até em drones, tomadas das paradas dos carros nos boxes para reabastecimento, troca de pneus e de piloto, deixam o telespectador literalmente imerso no circuito de La Sarthe, onde a maior parte é de estradas que circundam a pequena cidade de Le Mans.
Mas a atratividade da transmissão vai muito além da notável qualidade de imagem. O tempo todo tem-se informação na esquerda da tela sobre a classificação no momento, tanto geral quanto das três categorias separadamente — Hypercar, LMP2 e LMGT3 — como estamos acostumados a ver na transmissões de F-1, F-Indy e outras, mas de categoria única.
É informação tão completa que seria possível assistir só com os sons do circuito como se estivéssemos presentes lá — sem desmerecer absolutamente a excelente narrativa durante a prova inteira, um trabalho admirável especialmente considerando ser uma corrida de 24 horas.
Show de imagens
É mesmo de impressionar tanto a tecnologia quanto o planejamento das imagens, o que captar, com destaque para as câmeras de bordo. “Andar” à noite em vários carros nos dá a dimensão da velocidade nos dois segmentos da reta de Mulsanne implementados em 1990 para limitar a velocidade que já estava chegando a 400 km/h na reta de 6 quilômetros. Mesmo assim na edição de hoje via-se 340 km/h nas imagens inseridas de velocímetro, conta-giros e marcha em uso.
As duas chicanes, como se fossem rotatórias, são de raio longo, permitindo velocidade de contorno de 140 km/h. As frenagens e retomadas impressionam e poder-se ver ultrapassagens pelo para-brisa é um espetáculo à parte. Igualmente ver pelo vidro traseiro um carro se aproximando, seguindo um tempo e depois ultrapassando. São cenas ao vivo imperdíveis para quem aprecia automobilismo.
As câmeras de bordo permitiram constatar dois pontos admiráveis, faróis e piso. A iluminação dos faróis de laser faz a noite virar dia. Mesmo a 340 km/h tem-se perfeita visão da pista, sem nenhum tipo de dúvida. Esses faróis alcançam 500 metros, contra 160 metros dos bons faróis de LED.
A hora local é GMT+2, já hora de verão. O pôr do sol na região é às 21h56 e o nascer do sol, às 5h46, de modo que a noite é curta, 7 horas e 50 minutos, e com o crepúsculo demorado devido à latitude de quase 48º N, a escuridão total é menor.
O asfalto, lembrando que grande parte do circuito é de estradas abertas ao trânsito, é absolutamente perfeito, “mesa de bilhar”, como se diz. Impressiona.
É mesmo o prazer de fazer bem feito. Tanto de cobertura jornalística quanto de construção e conservação rodoviária.
BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.