Domingo passado escrevi sobres grandes invenções que vieram para facilitar a vida do automobilista. mas não citei uma de interesse exclusivo de proprietários de veículos com motor dois-tempos, caso único do DKW-Vemag: o Lubrimat.
A lubrificação do pequeno tricilindro de 981 cm³, exceto a dos quatro mancais de apoio do virabrequim (rolamentos de esferas selados, lubrificação permanente) era por névoa de óleo, que era misturado à gasolina (obrigação do proprietário) a cada reabastecimento obedecendo à recomendação da fábrica, que era 40:1 (40 partes de gasolina para uma de óleo).
Reabastecer o DKW não era problema maior — à primeira vista apenas. Tudo se resumia em respeitar a proporção se 40:1. Começava pela capacidade do tanque, 45 litros. Não era colocar 1 litro de óleo e mandar completar, a menos que o tanque tivesse se esgotado, Se isso fosse feito a proporção gasolina óleo seria 45:1, menos óleo do que o indicado.
Outra dificuldade era naqueles anos 1 litro ser menos, 0,946 litro, ¼ de galão americano (de 3,785 litros). Uma herança do sistema inglês de medidas Então quem fosse cuidadoso e fizesse questão de manter proporção 40:1 precisava fazer conta e concluir que para 946 ml deveria carregar somente 37,8 litros no tanque. A Vemag foi cuidadosa e colocou esse aviso manual do proprietário e no para-sol do motorista
Até aí, relativamente simples. Mas se o proprietário quisesse encher o tanque antes de sair em viagem? Só mesmo estimando o combustível residual no tanque e com essa estimativa em mãos fazer conta de com obter a proporção-objetivo. Suponhamos que o tanque contivesse estimados 30 litros. Faltariam 15 litros de gasolina completá-lo (a 40:1), significando que 2,5% desses 15 litros seriam de óleo, 0,375 litro. E como medir 0,375 litro de 0,946 litro? Na época não existiam latas de óleo do seria 0,5 litro, 0,473 litro.
E caso fosse usado o conteúdo restante de uma lata, como levá-lo no carro? Ainda não existiam os atuais e práticos vasilhames de plástico com tampa rosqueada.
Disso resultou que o Lubrimat o foi um “presente do Céu” para os donos de DKW-Vemag. No tanque de gasolina só ia gasolina, como em qualquer outro carro. Nada de contas e estimativas mais.
O reservatório do óleo, de 3 litros, ficava montado sobre o coletor de escapamento. Sem o Lubrimat e com o tanque de gasolina de 45 litros e consumo médio de 10 km/l, o alcance do DKW era de 450 quilômetros. Desses 45 litros, 1,125 litro (2,5%) era óleo. Então o consumo de óleo era equivalente a 2,5 litros/1.000 km.
A bomba dosificadora Lubrimat, acionada por pequena e segura correia trapezoidal a partir de uma segunda polia na árvores do ventilador do radiador, debitava o óleo direcionado ao carburador em função de rotação e carga do acelerador. Com o Lubrimat, a proporção de óleo média era 100:1 e a 60:1 com motor a plena potência, média ponderada 80% a 100:1 e 20% a 60:1, a proporção da mistura média 68:1. Então para os mesmos 45 litros de gasolina consumidos apenas 0,661 litro (1,47%) era óleo. Então seu consumo de óleo era 1,5 litro/1.000 km. Comodidade com menos dispêndio com óleo do motor.
Quase em seguida ao fim do DKW-Vemag em novembro de 1967 começaram a chegar as motocicletas japonesas de dois tempos. como a Yamaha e seu “Lubrimat”, o Autolube.
BS
A coluna “O editor-chefe fala” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.
P.S.: Eu tencionava recomendar uma matéria antiga, minha, de novembro de 2014, sobre o DKW-Vemag, mas ao verificar se estava tudo certo, vi que nenhum foto descarregava e resolvi não indicá-la. Mas há cerca de duas horas o leitor Fernando Moreira, sabedor do problema, me escreveu que as fotos estavam descarregando normalmente. Mistérios da Internet… Então, aqui esta a tal matéria.