Este Chevrolet Corvette Stingray conversível, 1969, que será colocado em leilão da RM Sotheby’s, em Phoenix, estado do Arizona, EUA no dia 26 de janeiro, é considerado uma verdadeira raridade. Tanto que, apesar de ter que dividir os holofotes com modelos também exclusivos como Ferrari 365 GTB/4 Daytona, 1971, e F40, 1992, além de um Porsche 959, 1987, e um Lamborghini Miura P400 SV, 1971, o esportivo americano já é considerado uma das principais estrelas do evento e tem preço avaliado em 2,6 a 3 milhões de dólares.
Mas qual é o segredo para esta versão do popular esportivo da Chevrolet, do qual já foram fabricadas mais de 1 milhão 750 mil unidades, em oito gerações nos últimos 70 anos, desde 1953, ser considerado tão ou mais valioso que desejados modelos de tradicionais fabricantes europeus de esportivos, que tiveram produção limitada a dezenas ou, no máximo, a centenas de unidades?
Sem dúvida, o charmoso Corvette conversível de terceira geração, fabricada de 1968 a 1982 e apelidada de Shark por ter formas que fazem alusão ao perfil do tubarão, destaca um dos mais belos desenhos de esportivo que conhecemos. Teve milhares de unidades produzidas e nos Estados Unidos é fácil encontrar um usado por preços relativamente acessíveis. Não baratos, mas que geralmente costumam ficar em torno de 30 a 50 mil dólares, conforme o estado de conservação.
O que diferencia o modelo específico da reportagem está debaixo do capô: um raríssimo big-block ZL-1, o V-8 de 427 polegadas cúbicas (7 litros), mas com bloco e cabeçotes de alumínio. Este motor teve apenas 69 unidades fabricadas autorizadas pelo COPO – Central Office Production Order – departamento da GM que administra encomendas especiais.
O ZL-1, que foi projetado como motor experimental e apenas para homologação da FIA e da NHRA, não tinha a finalidade de atender ao mercado. O objetivo era homologar o Chevrolet Camaro para as competições do Torneio Can-Am e também para ser utilizado em provas de arrancada da National Hot Rod Assocation (NHRA). Um dos mentores da proposta foi o popular piloto e concessionário Chevrolet, Don Yenko.
Como era amigo de Yenko e com a ajuda deste, o comprador conseguiu encomendar seu modelo equipado com o raro motor. Por sinal, apenas dois Corvettes foram equipados com o motor exclusivo, um deles este conversível. Claro que isto não ficou barato. Na época, o preço sugerido para a versão conversível do Corvette, ficava em torno dos 4.800 dólares. Com a opção do motor e a transmissão especificada para a potência extra, e que incluía o sistema Positraction, (Tração Positiva, ima forma de bloqueio do diferencial), o preço praticamente triplicou. Mas, ao que parece, o investimento valeu a pena.
A potência declarada pelo fabricante era originalmente de 430 cv, posteriormente, em testes da própria engenharia da Chevrolet, comprovaram que bem afinado ele chegava aos 560 cv. Em teste dinâmico realizado pela revista Road & Track, na ocasião, com a versão cupê, o esportivo registrou a aceleração de 0-60 mph (96,5 km/h) em 4 segundos, um temporal para a época, e 12,1 segundos no quarto de milha (402 metros) quando alcançou 116 mph (186,6 km/h)
O conversível ficou com o primeiro dono até 2007. Após quase 40 anos de uso precisava de uma restauração. Por isso, o novo dono mandou o carro para Corvette Repair Inc., de Kevin Mackay, em Nova York, considerada a principal restauradora de Corvettes históricos no mundo.
Conforme informações da RM Sotheby’s, após a desmontagem do carro, Mackay e sua equipe se surpreenderam com o bom estado de preservação, mas o motor original, cansado, precisou ser substituído também por um ZL-1 antigo, da mesma geração e com todas as especificações confirmadas de fábrica. A pintura laranja Mônaco foi refeita no tom original, como saiu de fábrica, assim como o interior em vinil preto. Restaurado, o raro Corvette recebeu a certificação Bloomington Gold e foi reconhecido como um dos dois Corvettes ZL-1 fabricados pela Chevrolet.
RM