De acordo com notícia publicada no Stuttgarter Zeitung, um julgamento iniciado na primeira semana de julho no tribunal regional de Stuttgart, capital do estado de Baden-Württemberg, Alemanha, vai dar muita discussão e colocar em xeque o sistema de certificação de modelos de época. Isto porque dois proprietários de carros clássicos discutem sobre a autenticidade de modelos Mercedes-Benz 300 SL Roadster (código de fábrica W198), ambos fabricados em 1957, um prateado e outro vermelho.
A pendenga é porque os dois carros têm o mesmo VIN (Vehicle Identification Number), ou seja: o mesmo número de chassi e que, por lei, só pode ser expedido uma única vez, apesar de ambos os proprietários terem apresentados relatórios e certificados assinados por especialistas no assunto. Porém, assim como ocorre no mercado de obras de arte, as falsificações de automóveis raros, que atualmente alcançam preços estratosféricos, estão se popularizando nos últimos anos.
Ainda, segundo detalhou o jornal de Stuttgart, este processo deverá demorar muito tempo, já que no primeiro dia do julgamento as tentativas de acordo fracassaram. Agora, conforme definiu o juiz do caso, ambos os proprietários devem chegar a um consenso com relação à escolha de um especialista, ou empresa especializada, para uma avaliação independente, seguindo todas as regras de perícia forense. Segundo o juiz Ingo Fabian, este processo provavelmente deverá chegar ao Tribunal Federal de Justiça.
Pelo que consta, até hoje nunca houve um processo semelhante na história do mercado de carros antigos. Como a disputa gira em torno de milhões, os advogados vão ter bastante trabalho e, com certeza, bons honorários também, já que um 300 SL Roadster original, do qual foram fabricados 1.858 exemplares, de 1957 a 1963, está avaliado em mais de 1,5 milhão de euros (8 milhões de reais). Enquanto, curiosamente, um falsificado pode valer até 1,2 milhão de euros (cerca de 6,5 milhões de reais).
Mas a história fica ainda mais interessante porque o Roadster prata pertence a um ex-gerente da Mercedes e que também já foi presidente do Clube 300 SL. Adquirido na Tailândia, na década de 1990, o carro foi restaurado em 1999 pelo especialista Klaus Kienle, considerado um restaurador de renome mundial dos Mercedes asa de gaivota, mas que já enfrentou acusações de falsificação em outro caso e que também prestou serviços no Roadster vermelho, para o antigo dono do carro.
RM