O Campeonato Mundial de F-1 mal teve início e o clima na categoria está longe de ser adequado à sensação de alegria típica de volta às aulas. Difícil lembrar de uma situação similar desde 1950, quando foi disputado o primeiro título mundial: o chefe de equipe mais longevo da atualidade está envolvido numa cortina de fumaça que encobre a disputa pelo poder supremo da equipe Red Bull e o presidente da FIA segue atacado (foto de abertura). Se nas pistas Max Verstappen não deixa dúvidas quanto à sua eficiência, nos boxes a imagem de Christian Horner é arranhada num processo que brasileiros classificam de fritura.
A sensação não é exclusiva do dirigente inglês: o árabe Mohammed Ben Sulayem, primeiro não europeu a comandar a Federação Internacional do Automóvel, igualmente sofre um processo de desidratação, circunstância agravada ontem com a acusação de que ele teria interferido a favor de Fernando Alonso no GP da Arábia Saudita de 2023. Desde que sucedeu a Jean Todt no comando da entidade, em 2021, ele viu vários integrantes da organização deixarem seus cargos por vontade própria.
Ambiente tenso e mais uma megaprodução árabe
A reforçar a sensação de se cortar o ar com uma lâmina de barbear, a possibilidade de Max Verstappen romper seu contrato com a Red Bull e ir ocupar que Lewis Hamilton deixa vago na Mercedes no final do ano já é discutida abertamente. No final de semana, Jos, pai do piloto, não disfarçou que conversava com Toto Wolff no paddock de Sakhir. Ao ser perguntado se procediam os comentários de que ambos falavam da contratação do holandês pela equipe alemã, o austríaco Wolff respondeu provocativamente: “Tudo é possível…”
Quem levou a sério a frase que Bernie Ecclestone transformou em dogma dos seus negócios na F-1 foi a Alpine. Após uma reviravolta em agosto passado, quando quatro dos seus principais elementos técnicos foram desligados no meio da temporada, o fraco resultado mostrado no Bahrein levou a uma reprise desse capítulo. Pouco mais de 24 horas após a prova que abriu a temporada mais longa da história da F-1, foi anunciado que o diretor técnico Matt Harman e o chefe de aerodinâmica Dirk de Beer pediram demissão. O fato levou à uma reorganização da estrutura do time francês: Ciaron Pilbeam foi promovido a diretor técnico, Joel Burnell será o responsável pela engenharia e David Weather cuidará da aerodinâmica, todos eles com status de diretor.
Na Arábia Saudita, onde o campeonato prossegue neste final de semana, com corrida no sábado, foi anunciada a construção de um novo autódromo na região de Qiddiiya. O empreendimento localizado a 30 quilômetros da capital Ryadh foi iniciado em 2018 e faz parte do projeto Saudi Vision 2030, cujo objetivo é transformar a região na capital mundial de cultura, entretenimento e turismo. Uma das principais características do traçado elaborado por Alexander Würz e Herman Tilke é a elevação de 70 metros no percurso final do traçado.
Verstappen absoluto e Sainz imparável
Os dois pilotos que sobressaíram na prova do Bahrein foram o dominador Max Verstappen e Carlos Sainz. O holandês largou da pole position, liderou a corrida de ponta a ponta e marcou a melhor volta da prova. Por seu lado, o espanhol se destacou pelas belas ultrapassagens que realizou durante a prova, particularmente as duas em que superou o inglês George Russell pelo lado de fora da curva. Ciente de que seu lugar na Ferrari em 2025 será tomado por Lewis Hamilton, Sainz parece decicido a ignorar o status quo de Charles Leclerc, desde sempre o queridinho da Scuderia. Ele foi o melhor piloto depois da dupla da Red Bull.
O resultado completo do GP do Bahrein você encontra aqui.
WG
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