Publieditorial: saiba sobre essa ação.
Estacionar é uma manobra que poucas pessoas que dirigem apreciam executar. Muitas vezes essa necessidade complica a chegada a um local qualquer, já que até mesmo algumas vagas em que o carro cabe precisam ser deixadas para trás devido à dificuldade de entrar nelas.
Dessa forma, qualquer tipo de auxílio para se estacionar é muito bem-vindo, principalmente se ele funcionar com qualquer clima, inclusive no escuro.
As versões Longitude e Trailhawk do Jeep Renegade contam opcionalmente, dentro de um pacote de tecnologia, com um sistema de auxílio de estacionamento que conhecemos e usamos algumas vezes em nossa avaliação do primeiro modelo da marca fabricado no Brasil. É chamado de Active Park Assist pela Jeep, uma marca da Fiat Chrysler Automobiles (FCA).
O Ae foi recebido na Bosch Campinas para conhecer detalhes e conversar com as pessoas mais indicadas para explicar o sistema, além de demonstrá-lo nas diversas situações.
O sistema da Bosch para assistência de estacionamento que conhecemos no Jeep Renegade é semi-automático, já que o motorista tem controle de acelerador, freio e troca de marchas, ficando a parte computacional responsável por girar precisamente o volante para colocar o carro na vaga após medi-la e entender que o carro cabe nela com folga necessária de aproximadamente 0,60 metro, somando dianteira e traseira.
Funciona em estacionamentos paralelos ao meio-fio ou guia — a popular “baliza”— e também em vagas paralelas, com carros parados uns ao lado dos outros, não operando em vagas a 45°, em que normalmente se entra de frente e sai de ré.
Aqui devemos abrir um parêntese e lembrar que os termos em inglês para esses dois tipos de estacionamento confundem os brasileiros facilmente. A baliza é chamada em inglês de parallel parking, devido ao fato de se colocar o carro paralelamente à guia e ao sentido do trânsito da via. E as nossas vagas em que paramos um carro ao lado do outro, paralelas, encontradas em mercados, shoppings e estacionamentos em geral é dita em inglês como cross parking (estacionamento cruzado), pois é transversal ao sentido da via. Sem dúvida, mais fácil de entender em português mesmo, pois a nossa referência não é o sentido da via, mas a posição do carro na vaga.
Para que o tipo de manobra necessário seja entendido pelo sistema que a Bosch classifica como sendo de doze canais, há 12 sensores, sendo quatro na dianteira, quatro na traseira e mais dois de cada lado do carro. Os laterais têm alcance de leitura maior que os dianteiros e traseiros, pois precisam também detectar e ler o tamanho das vagas para saber se é possível colocar o veículo nelas.
Para estacionar, aciona-se a tecla do Active Park Assist localizada abaixo do mostrador multifuncional do centro do painel. Na tela do centro do quadro de instrumentos aparece a indicação de busca de vaga, dando a possibilidade do motorista escolher o tipo de estacionamento, baliza ou paralelo, muito bem ilustradas para que não haja dúvida — com o Renegade sendo acompanhado por dois Jeeps militares antigos, um show de saudosismo nutrido pela tecnologia.
Para escolher entre os dois tipos de manobra necessária, utiliza-se as teclas de mudança de páginas do menu, localizadas no raio esquerdo do volante. Após isso feito, a tela informa o que devemos fazer, ou seja, parar e engatar a ré, com o acionamento do freio sendo informado pelo som do bipe, como em um sensor normal de estacionamento, que aumenta de freqüência conforme o carro se aproxima de obstáculo, até se tornar um silvo contínuo (full warning), informando a iminência do contato com o obstáculo. No Renegade o aviso sonoro vem dos alto falantes sendo que o som vem do alto falante mais próximo do obstáculo. Assim só pelo som já sabemos onde há risco de colisão. Os avisos são num volume muito alto, mesmo quando ajustados para o mínimo. Como se trata de segurança a FCA optou por fazer dessa forma.
Uma das provas do bom senso que foi utilizado no programa está no fato de que não há tentativas de entrar de frente na vaga, sabiamente uma manobra que sempre resulta em um estacionamento malfeito, exceto se a vaga for grande demais, caso em que o sistema não é necessário.
O programa é alimentado com as dimensões externas básicas do carro, o entreeixos, os ângulos de esterçamento máximo de ambos os lados, e faz realizar o giro do volante de acordo com os valores dessas constantes e mais o tamanho medido da vaga, além da localização dos cantos dos carros já estacionados e que delimitam a vaga disponível. Isso significa que para cada carro em que for instalado, a calibração precisa ser alterada, ou seja, o sistema do Renegade não pode ser removido e montado em um carro diferente, pois ele não funcionará corretamente.
No estacionamento em vagas paralelas, os cantos dos carros ao lado são lidos, sendo necessário ao motorista verificar quando se deve frear para evitar bater as rodas traseiras na guia ou em outro obstáculo que se encontre na área traseira, facilmente gerenciado pela câmera de ré.
Fica claro que só é possível que o sistema exista devido ao fato de a direção ter eletroassistência, tanto pelo motor elétrico de assistência servir para acionar sozinho a caixa de direção, quanto pela ligação elétrica entre a central de processamento (ECU) do Active Park Assist e a caixa de direção, que determina para que lado e quanto esterçar.
Durante toda a manobra, há o auxílio de aviso sonoro, que funciona como o de qualquer outro sistema de aviso de proximidade de obstáculos, com um apito que muda de freqüência de acordo com a distância.
Esse alerta sonoro pode ser desabilitado quando do uso normal do carro, ou seja, sem se estar estacionando, para evitar incômodo em locais movimentados, com muitas motos ou pessoas passando constantemente. Parado no trânsito com motos andando no malfadado “corredor virtual”, o aviso sonoro toca constantemente, tornando mais lógico desligá-lo.
No caso de curvas em locais apertados, como garagens com colunas ou paredes, os sensores detectam os obstáculos, informam a ECU, que, sabendo o ângulo e para qual lado as rodas estão esterçadas, avisa da necessidade ou não de afastar o veículo do obstáculo. Isso ocorre com o carro em movimento, sendo que o aviso permanece mesmo com o carro andando, já que fica gravado, ou seja, a ECU aprende onde está o obstáculo que pode danificar o carro.
A Bosch tem outro sistema com funcionamento 100% automático para estacionamento, ainda novidade mesmo fora do Brasil. Este controla o carro todo, inclusive acelerador, freio e troca de marcha. Sem dúvida alguma é questão de tempo para ele chegar ao mercado brasileiro.
Além disso, o fornecedor já tem desenvolvido um sistema que opera câmeras ao redor do carro, e forma através de programa, uma imagem como se estivéssemos vendo o veículo por cima, com tudo que está em torno. Forma-se assim, através de um potente algoritmo, uma vista superior da vaga, para tornar mais fácil o trabalho do motorista, que pode visualizar todos os obstáculos ao redor apenas na tela. Um auxílio impressionante que permitirá estacionar sem enxergar nada pelos vidros.
É quase uma direção por instrumentos, e mostra o quão certo será o automóvel autônomo para o futuro, que, esperamos, seja apenas uma opção para quem não quer dirigir, e não uma obrigatoriedade — a idéia é ser possível ao motorista escolher como que andar com o carro.
Histórico do sistema de estacionamento Bosch
1989: a Bosch inicia o desenvolvimento de sensores ultrassônicos para monitorar espaços a frente e atrás dos veículos.
1993: a Ford lança na Alemanha o primeiro sistema de estacionamento Bosch como opcional no Ford Scorpio.
1994: a Mercedes-Benz instala a segunda geração de sensores no Classe S.
1997: a General Motors é o primeiro fabricante americano a fazer pedidos do sistema Bosch.
2006: a Bosch desenvolve o primeiro sistema de estacionamento que mede o comprimento da vaga que foi lançado no Citroen C4 Picasso.
2008: o primeiro sistema de estacionamento semi-automático Bosch para um automóvel com sistema de direção com assistência elétrica é lançado nos Mercedes-Benz Classe A e B.
2010: o assistente de visão lateral da Bosch é o primeiro sistema de monitoramento de ponto cego por ultrassom e expande o portfólio de produtos baseados em ultrassom incluindo funções de assistência a manobras.
2011: a Bosch lança a segunda geração do sistema de assistência ao estacionamento com melhorias no estacinamento em baliza. O novo assistente de saída de vagas também atua no volante para frente e para trás até o veículo se posicionar em um ângulo apropriado para a completar a saída da vaga em segurança.
2015: o sistema Bosch equipa o primeiro modelo de fabricação local equipado com o sistema assistente de estacionamento, o Jeep Renegade.
JJ/Ae