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A Hella é conhecida principalmente pelos faróis e lanternas, mas seu campo de atuação vai muito além disso. Com crescimento e evolução constantes, as tecnologias criadas nessa empresa garantem que o entusiasmo de um bom projeto sejam sentidos quando se dirige um carro com elas. Se a Hella fosse apenas faróis, isso já seria uma grande verdade.
A empresa não nasceu com o nome pelo qual é hoje mundialmente conhecida e respeitada. Ela surgiu do aumento das atividades da fábrica dos antepassados de Sally Windmuller (o nome é masculino) em 1899, na cidade de Lippstadt, região da Westphalia, noroeste da Alemanha, local ainda hoje sede do conglomerado. Sally comandou o crescimento, com uma visão de futuro notável. O nome original era WMI, abreviatura de Westfälische Metall-Industrie Aktiengesellschaft, e começou a ficar conhecido com produtos metálicos para arreios de cavalos e carruagens.
Depois de adquirir em 1895 os equipamentos da empresa falida Cöppius-Schulte-Röttger, Sally iniciou a fabricação de lamparinas para o mesmo mercado de mobilidade equina. Dois eram os produtos principais, as lamparinas a querosene e buzinas em forma de bola (ball horns), mas abrangendo também os usuários de bicicletas, e a ainda infantil indústria de automóveis, que com a rápida expansão que vinha acontecendo tornou-se o caminho natural a ser explorado. Era extremamente lógico, já que desde as carruagens e charretes lamparinas a querosene ou óleo, e depois acetileno com chama mais resistente ao vento e à chuva, e com menor consumo, eram usadas há muito tempo, sem registro preciso de data.
O que se sabia então é que chamas iluminavam ao redor de onde se estivesse, e para aumentar e concentrar a luz apenas para um dos lados, um espelho funcionava. Como usar um espelho era algo inviável pela resistência do vidro da época e as vibrações dos motores eram muito fortes, optou-se por um refletor de metal, geralmente cobre, revestido com prata para essa função.
O farol de acetileno usava por trás do queimador uma peça de cobre com forma plano-côncava, revestida com prata para refletir o melhor possível a luz gerada pela queima do gás. O desenho da lente com superfície trabalhada foi o primeiro do mundo. Antes, todos os fabricantes usavam apenas um refletor liso e côncavo, fazendo a luz desviar para frente de forma uniforme mas descontrolada. A WMI foi então a primeira empresa do ramo a projetar um refletor elipsoidal com critérios para uso automobilístico, que requer luz para iluminar o caminho à frente, direcionada pela lente transparente de forma correta, ou seja, à frente e abaixo, nunca na altura dos olhos de motoristas.
Tradução dos termos:
Dark (oncoming drivers’ eyes) = escuro (olhos dos motoristas em sentido contrário
Reflector (parabolic) = refletor (parabólico)
Light bulb = lâmpada
Light (road) = luz (estrada)
High beam filament (if present) = filamento de facho alto (se existente)
Dispersed light = luz dispersa
Collimated light = luz paralela
Lens = lente
O ano de 1906 viu surgir no mercado a primeira lâmpada elétrica que tinha como finalidade específica o uso em veículos, não uma criação da WMI, mas sim da Osram. Rapidamente, a WMI começou a desenvolver a ideia, com o entusiasmo e apoio de Windmuller, e colocou no mercado em 1908 um farol dianteiro, uma lanterna traseira com lente vermelha, luz de posição lateral e luz de placa, todos movidos a bateria. Se não foi a primeira fabricante da lâmpada automobilística, a empresa foi quem tornou seu uso algo prático, fabricando um conjunto de farol, que é o que importa de verdade. Os componentes podiam ser comprados e instalados em praticamente qualquer carro existente, o que fez as vendas aumentarem constantemente.
O melhor era que esse farol tinha alcance dobrado em relação aos de acetileno que já existiam, e muito maior intensidade luminosa, resultando em um enorme sucesso que levou à construção de uma nova fábrica, tal a demanda pelos produtos. Em 1911 a nova unidade fabril foi inaugurada, e no nome Hella estava consolidado como sinônimo de iluminação para carros. Esse curioso nome vem de dois lugares. A esposa de Sally se chamava Heléne, apelidada de Hella, e a palavra Hell também significa claro, luminoso, brilhante, em alemão. Combinando ambos, nasceu um nome muito bem bolado.
Em 1923 a família Hueck assumiu o controle acionário da empresa, com Windmuller deixando-a, após o resultado de um processo do governo alemão. Sally Windmuller autorizara, durante a Primeira Guerra Mundial, a compra de metal de sucata para fabricação de seus produtos, algo não permitido, já que todo metal deveria ser prioritariamente vendido ao governo para confecção de armas. Pagando a multa que lhe fora imputada, achou por bem se desfazer financeiramente da empresa, sem porém nunca deixar de ser a verdadeira mente técnica inovadora.
Já no ambiente de novo conflito se aproximando, o protótipo do Fusca que saiu às ruas em 1936 tinha faróis e buzina da Hella, e o início de sua produção em larga escala depois da guerra ajudou bastante os negócios do fabricante. Mas foi a Ford nos Estados Unidos que reforçou em muito os negócios. No mesmo ano ela foi contratada como única fornecedora de faróis, buzinas e outros acessórios para os modelos de Henry Ford, acordo que só se interromperia devido à entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, em dezembro de 1941, em seguida ao ataque-surpresa japonês à base aeronaval de Pearl Harbor, nas ilhas havaianas.
Esse período nebuloso fez a empresa desenvolver experiência em produtos tão diversos quanto colheres, panelas, cafeteiras, árvores de manivela de motores, faróis de bicicletas, relógios despertadores, equipamento de aspersão de plantações, de secagem de vegetais e até para processamento de açúcar de beterraba, numa prova cabal de que a capacidade técnica gerada pela cultura de inovação era capaz de produzir crescimento em meio à maior das crises possíveis, aquela gerada por conflitos bélicos entre nações.
Depois da Segunda Guerra Mundial a empresa se expandiu bastante. Só na Alemanha já eram seis fábricas, e a primeira no exterior foi em 1961, na Austrália. Hoje, são mais de 100 localidades com as várias atividades que tal conglomerado gera. Só na área fundamental de engenharia de pesquisa e desenvolvimento, são cerca de 5.800 pessoas no mundo todo. Mas estamos nos adiantando.
Em 1957 foi patenteado o primeiro farol com distribuição assimétrica de luz, com mais potência luminosa indo para o lado da calçada, e menos para a contramão. Hoje isso é padrão, e os outros fabricantes seguem essa invenção da Hella. Importante frisar que esse conceito é europeu, com os faróis americanos tendo, por lei, distribuição simétrica, um assunto sempre polêmico e que não vem ao caso aqui. No Brasil seguimos o padrão europeu.
A lâmpada H4 halogênia usada pela maioria dos carros em todo o mundo foi pela primeira vez aprovada por autoridades de trânsito como produto Hella, sendo pioneira no mercado desde 1971.
Passado um tempo sem grandes evoluções, em 1981, no Audi Quartz, um protótipo, surge o primeiro farol de refletor polielipsoidal, com dimensão reduzida mas grande espalhamento de luz, comandada por um escudo que se movimenta para iluminar longe ou perto, de acordo com o comando do motorista, e faz uso de uma lente para ampliar a área iluminada, mesmo com o tamanho diminuto do refletor.
Um grande passo veio em 1988, no que a Hella chama de FF, ou free form technology (tecnologia de forma livre), onde o refletor é desenhado com base em simulação de computador para aproveitar ao máximo a luz da lâmpada evitando ofuscamento e espalhando a luz da melhor forma possível, sem que a lente tenha que ter desenho para isso. Assim, um refletor projetado pode ser acomodado dentro de uma lente e caixa de farol totalmente de acordo com o que os designers necessitam, livrando-os de regras e permitindo grande criatividade. Este tipo também ficou conhecido como farol de superfície complexa, e foi adotado pela maioria dos carros dos anos 1990 e 2000, sendo ainda hoje bastante empregados.
A tecnologia de diodos emissores de luz (LED) foi o maior avanço dos últimos tempos, com seu diminuto tamanho que permite aos estilistas ainda mais capacidade de aproveitar a pequena área necessária para um farol desse tipo, sem falar nas lanternas traseiras, uma liberdade gigantesca. A primeira aplicação comercial veio em uma terceira luz de freio para um modelo conversível da BMW, em 1992. O sistema de LEDs veio reforçar o interesse da empresa pela fabricação de componentes afins, como relés e interruptores, controles remotos, sensores e controladores eletrônicos, todos com grande aplicação dos conhecimentos de miniaturização, tecnologia que a cada dia se torna mais presente e comum.
Mas o maior de todos os passos para a segurança ao dirigir pode ser considerado o lançamento, em 2003, dos faróis dinâmicos e de curva. No mesmo ano, os sensores de gerenciamento de bateria foram apresentados. Eles permitem um uso inteligente de energia no carro, absorvendo da bateria apenas o necessário, com precisão, evitando sobrecargas e danos aos diversos componentes.
Em 2007 um importante avanço que se desdobra constantemente, as câmeras de identificação de sinalização de trânsito, que permitem várias aplicações, como informações complementares a sistemas de navegação, sistemas anticolisão e muito mais que está por vir, com o inevitável carro autônomo.
No ano seguinte chega o primeiro farol completamente em LED, para o Cadillac Escalade Platinum, topo de linha.
Em 2010 o Audi A8 recebe farol de LEDs com full AFS, sistema que ativa e desativa LEDs de acordo com a necessidade, como luz baixa para neblina, mais alta para estrada, iluminação em curvas e farol normal, tudo se alterando pelo controle dos LEDs, montados em uma barra curva com dez lentes de projeção.
Nesse mesmo ano, mais um passo importante, quando o VW Touareg foi o primeiro carro a ter os faróis ligados a uma câmera localizada no para-brisa, acima do espelho retrovisor interno, enxergando outros veículos vindo ou indo na mesma direção, e mudando a posição de um cilindro de sombra para não ofuscar, tudo isso dinamicamente, permitindo a melhor iluminação ao mesmo tempo que não atrapalha os outros motoristas. É o DLA – Dynamic Light Assist.
Em lanternas, o efeito de túnel tridimensional chegou em 2013, trabalhando com LEDs e espelhos, gerando um efeito de profundidade muito interessante, mesmo em lanternas que não ocupam mais espaço que as convencionais. Mais uma bela inovação que permite mais criatividade dos estilistas. E o melhor é que há uma versão também com lâmpadas convencionais que produz efeito semelhante, para carros de menor custo.
Também de 2013 é o farol Matrix LED, mais uma evolução notável. Instalado pela primeira vez no Audi A8, consiste de cinco refletores com cinco LEDs cada um, sempre acesos em facho alto, e se direcionando com comando de computador de acordo com as imagens detectadas pela câmera do sistema. É o máximo de iluminação sem ofuscar, com a criação instantânea de áreas de sombra onde estiverem outros veículos.
Outro avanço da Hella surgiu no Mercedes E de 2013. Uma combinação de facho baixo fixo, em LED, e o facho alto como o sistema lançado no A8 do mesmo ano, permitindo o máximo de iluminação nos dias atuais. Somando-se os dois sistemas, têm-se a separação da iluminação perto e longe em dois módulos de LED independentes para cada farol.
O módulo interno gera luz uniforme para iluminar próximo do veículo, o módulo externo é responsável pelo farol de longo alcance, que fica aceso sempre que não há veículos em sentido contrário. Para ter garantia de uma tecnologia já comprovada de sensores visuais, a Hella adquiriu em 2006 a empresa alemã AGLAIA, conhecida no meio pela qualidade e avanço de seus produtos.
Tendo atingido o estado-da-arte em sistemas de iluminação atualmente a Hella tem três segmentos de produtos, o de reposição, o de aplicações especiais e o automobilístico.
Na divisão de reposição, criam-se produtos para oficinas e lojas que trabalham com todas as marcas do mundo todo. Aí se enquadram também os famosos faróis para fora-de-estrada, setor de mercado onde a Hella se tornou uma grife de alto valor, e cujos produtos são desejados pela maioria daqueles que utilizam seus jipes e similares em atividades nesse setor.
Com toda a experiência adquirida em mais de um século, a Hella atua em uma variedade enorme de segmentos, basicamente em qualquer lugar em que se necessite iluminação. As aplicações especiais compreendem máquinas de construção civil, tanto ao ar livre como abaixo do solo, em minas, basicamente, onde a luz artificial é a única existente, náutica e iluminação interna e externa como, por exemplo, aeroportos e cidades.
Há projetos-piloto na China, com iluminação de ruas com equipamentos Hella, bem como luzes de balizamento de aeroportos em algumas cidades da Europa. Os sistemas Hella proporcionam durabilidade, confiabilidade e redução do consumo de energia.
Veículos de emergência utilizam luzes da Hella para chamar a atenção a distância. Um conjunto de luzes e sirene num mesmo módulo batizado de RTK é um produto que facilita a instalação simples e rápida pelos órgãos de autoridades.
No segmento automobilístico ela investe em pesquisa e desenvolvimento para projetos de sistemas de acordo com as necessidades dos fabricantes de automóveis e veículos comerciais de todos os tipos, e ainda cria produtos pioneiros. Não são apenas produtos relacionados à área de iluminação, havendo módulos de aceleradores eletrônicos, tecnologias que diminuem o consumo de combustível e redução do nível de emissões de CO2, segurança e conforto.
Sistemas para aumentar o conforto com eficiência energética e sistemas de segurança dominam o catálogo de produtos eletrônicos. Alguns exemplos são os módulos eletrônicos, como os de tetos solares, os de travas de portas e vidros com possibilidade de configurações variadas pelo motoristas, a comunicação entre chaves eletrônicas e esses sistemas de fechamento, os de gerenciamento de potência, visando diminuir o consumo de corrente da bateria, os radares infravermelhos de leitura de estrada e câmeras, e sensores ultrassônicos como os de alarmes. Módulos de controle de ventilação interna e de ventoinhas de motor e condensador de ar-condicionado também fazem parte da enorme linha de produtos.
Há também produtos com menos componentes agregados, mas nem por isso mais simples, como atuadores, sensores de posição e proximidade e bombas de lavadores de vidros e faróis, bem como palhetas de limpadores.
Desde 2014 iniciou-se um trabalho para desenvolver estações de recarga de baterias por indução para carros elétricos, sistema que funciona sem a necessidade de ligar cabos entre a estação e o carro. Apenas a proximidade faz uma transferência de energia, dispensando o usuário de manipular cabos de energia que além do desconforto gera receio pelo medo de choques elétricos.
A empresa está hoje em 18 países, com mais de 60 instalações de produção e desenvolvimento.
No Brasil ela iniciou as operações comerciais em 2011 e começou a produção e fornecimento de módulos eletrônicos para fabricantes locais. Em 2015 iniciou a construção de uma fábrica própria para produção de novos componentes. A fábrica será inaugurada agora, em abril de 2016.
Quando vemos imagens de carros de competição ou antigos, com faróis de longo alcance, quase sempre as capas de proteção nos dão a certeza de que a Hella é uma marca de alto conceito, seja no país de origem, seja em qualquer outro canto do mundo, e um produto extremamente desejado por todos os autoentusiastas.
O que poucos deles sabem é essa história de sucesso e a diversificada linha de produtos em diversos segmentos, com alta tecnologia e eficiência.
Nas próximas matérias falaremos de sistemas e componentes específicos com mais profundidade.
JJ