Depois de falar do Etios 2017 com motor 1,3-L, disponível somente no hatchback versão de entrada X como a que dirigi por ocasião do lançamento no dia 19 do mês passado — hatchbacks XS, XLS e Cross só saem com motor 1,5-L — fiz questão de andar por uma semana com a versão agora disponível com câmbio automático de quatro marchas. O fiz intencionalmente, pois queria ver como o carro se sairia com a associação motor de baixa cilindrada–caixa automática e, principalmente, ver se o “torcer nariz geral” para automáticos que não sejam de seis marchas procede. Pois já digo nessa introdução: não procede.
A desenvoltura da versão com câmbio automático satisfaz plenamente, não se sente que “falta alguma coisa” em nenhuma situação de tráfego e muito menos na estrada. A combinação do notável motor de 88 cv (estava com gasolina, com álcool mais 10 cv) com o câmbio muito bem programado provê agilidade ao pequeno Toyota para ninguém reclamar. Mesmo com apenas quatro marchas o câmbio atende muito bem ao motor. O gráfico dente de serra mostra porquê:
Mesmo que o ponto de corte do motor esteja a 5.800 rpm, consegue-se ir a 52 km/h em primeira, a 92 km/h em segunda e a 149 km/h, em terceira. Com esses alcances são atendidas todas as situações de tráfego, como cidade, estradas vicinais/municipais/estaduais e autoestradas. Claro, câmbio nenhum faz milagre se o motor não tiver brio, e isso sobra nesse 1.329-cm³, como eu havia dito a respeito do de câmbio manual. E quando se chegar aos longos trechos planos ou de pequena aclividade, o motor segue sereno a 3.250 rpm em 4ª a 120 km/h (v/1000 37 km/h). E direção de assistência elétrica firme, com “peso” certo, em oposição a extraordinária leveza em manobras.
Na subida da rodovia dos Imigrantes, em São Paulo, que liga a capital ao litoral, de 6% de aclividade, esse 1,3 segue em quarta sem nenhum sinal de esforço. Precisando de mais aceleração, um pequeno e rápido acionamento do pedal do acelerador faz baixar para 3ª.
O lançamento, aquele momento em que o carro sai da imobilidade, é perfeito, sem hesitação e rápido. A calibração acertada faz a segunda e terceira nada demoraram a ser engatadas, dentro da melhor maneira de consumir pouco combustível. A 45~50 km/h, quarta.
Muito importante, o conversor de torque bloqueia em 2ª, 3ª e 4ª. Quando se seleciona as marchas baixas movendo a alavanca para a esquerda, quando o câmbio entre em D3, há o bloqueio do conversor, essencial para se poder ter freio-motor, existente também nas posições 2 e L . Como em todo automático epicíclico, em D3 as marchas vão até a 3ª, em 2, até a segunda, e em L, o câmbio só fica em primeira marcha. O estol do conversor é a 2.200 rpm.
A alavanca seletora é precisa e fácil de usar, mesmo quem não tem experiência com câmbio automático não terá dificuldade em selecionar as marchas, e dadas características do Etios como um todo e o atraente preço de R$ 47.490 (R$ 3.500 mais que o manual), a corrida em direção ao compacto japonês deverá ser grande — como, aliás, já está ocorrendo.
No tráfego anda e para não se nota diferença de rotação de marcha-lenta (800 rpm) estando o câmbio em neutro ou em Drive mesmo sem controle de neutro, o que indica funcionamento perfeito do conversor e seu casamento com o motor. Não há a conhecida percepção de motor fazendo força enquanto se está com o pé no pedal de freio. E basta aliviá-lo para começar um avanço lento (creeping) suave.
Mas repetindo o que foi dito na avaliação anterior, o dono do espetáculo é mesmo o motor já fabricado no Brasil na nova fábrica em Porto Feliz (SP) que será inaugurada oficialmente nesta terça-feira, evento ao qual o AE estará presente.
À pujança do motor em baixas rotações soma-se sua suavidade em altas. A biela de 149,21 mm resulta na boa relação r/l de 0,269, que contribui para isso. O motor é moderno em vários aspectos, como a introdução do acionamento das válvulas por alavancas-dedo (interpotentes) roletadas com fulcrum hidráulico, bem como o variador de fase dos dois comandos de válvulas, que são acionados por corrente. Só não tem injeção direta, mas bloco e cabeçote são de alumínio.
E o consumo é mais do que atraente, como mostra a etiqueta aplicada no vidro da porta traseira esquerda tanto nesses carros de teste quanto nos expostos no salão de vendas das concessionárias:
O consumo indicado acima se repetiu na cidade, às vezes um pouco menos em trânsito mais denso, mas na estrada chegou a ser melhor, chegando a quase 17 km/l numa ida do PK a Guarujá, no litoral (sempre pelo computador de bordo).
Notei um velocímetro excessivamente otimista. Comparando com a leitura do GPS, 120 km/h indicados é 111 km/h reais. Na velocidade “para não ser multado” de 129 km/h é preciso levar a 140 km/h indicados. A Toyota precisa ver isso. Porém o hodômetro está certo, conferi sua precisão por meio de vário s marcos quilométricos.
O Etios X não é um carro luxuoso no sentido estrito, mas seu visual interno é agradável, especialmente com a mudança dos instrumentos (com ajuste da intensidade da iluminação), que dão a sensação de “outra marca de carro”. Há atributos apreciáveis como os engates Isofix para dois bancos de crianças com fixação também superior (top tether), os eventuais três passageiros do banco traseiro dispõem de apoio de cabeça e cinto de três pontos, além de bom espaço tanto para ombros quanto para pernas.
Detalhes como porta-luvas ter válvula para receber o ar-condicionado (com filtro de pólen e que gela feito um freezer) e o porta-malas ter iluminação, agradam. Cintos dianteiros cm pré-tensionador e limitador de aperto são outros itens bem-vindos, embora falte seu ajuste da altura de ancoragem nas colunas centrais, compensado em parte pela altura regulável do banco do motorista. E falta o meu item de reclamação número um, a faixa degradê no para-brisa. Mas o que faz qualquer motorista sorrir é a manobrabilidade proporcionada pelos 9,6 metros de diâmetro mínimo de curva. Como isso facilita no dia a dia!
Esse Etios “de entrada”, independente de câmbio manual ou automático, tem atributos para ser desejo de compra de muitos. Mas para quem não saber mais de pedal de embreagem é uma pedida e tanto.
BS
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FICHA TÉCNICA TOYOTA ETIOS X 1,3 automático | |
MOTOR | |
Tipo | 4 cilindros em linha, duplo comando de válvulas no cabeçote com variador de fase em ambos, corrente, 4 válvulas por cilindro, atuação indireta por alavancas-dedo roletadas com fulcrum hidráulico para compensação de folga, bloco e cabeçote de alumínio; instalação transversal |
Diâmetro e curso | 72,5 x 80,5 mm |
Cilindrada | 1.329 cm³ |
Taxa de compressão | 13:1 |
Potência | 88 cv (G), 98 cv (A), a 5.600 rpm |
Rotação de corte | 5.800 rpm |
Torque | 12,5 m·kgf (G), 13,1 m·kgf (A) a 4.000 rpm |
Formação de mistura | Injeção eletrônica no duto |
Combustível | Gasolina e/ou álcool |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Transeixo dianteiro de 4 marchas automáticas mais ré, epicíclico, tração dianteira |
Relações das marchas | 1ª 2,875:1; 2ª 1,568:1; 3ª 1,000:1; 4ª 0,696:1; ré 2,300:1 |
Relação do diferencial | 4,144:1 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência elétrica indexada à velocidade |
Relação de direção | 18,6:1 |
Nº de voltas entre batentes | 3,8 |
Diâmetro mínimo de giro | 9,6 metros |
FREIOS | |
Dianteiros | A disco ventilado |
Traseiros | A tambor |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço, 5J x 14, inclusive estepe |
Pneus | 175/65R14T, inclusive estepe |
DIMENSÕES | |
Comprimento | 3.777 mm |
Largura | 1.695 mm |
Altura | 1.510 mm |
Distância entre eixos | 2.460 mm |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, hatchback, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Cx | 0,33 |
Área frontal (calculada) | 2.04 m² |
Cx x área frontal | 0,673 m² |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha | 955 kg |
Porta-malas | 270 litros |
Tanque de combustível | 45 litros |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h | 12,5 s (G), 12 s (A) (estimado) |
Velocidade máxima | 170 km/h (estimado) |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 4ª | 37 km/h |
Rotação a 120 km/h em 4ª | 3.250 rpm |
Rotação em vel. máxima, 4ª | 4.600 rpm |
GARANTIA | |
Termo | 3 anos ou 100.000 km |
Troca de óleo do motor | 10.000 km ou 1 ano |
Revisões | 10.000 km |