A General Motors passou os últimos meses procurando em seus arquivos e computadores 15 anos de registros relacionados ao problema dos interruptores de ignição. Agora o ônus da prova caberá às vítimas dos acidentes, seus sobreviventes e advogados o trabalho de investigação. E as pistas estão ficando difíceis.
O programa de indenização às vítimas que o promotor Kenneth Feinberg determinou na semana passada requer que os reclamantes providenciem prova de que o interruptor defeituoso teve influência no acidente, tais como fotos do carro danificado, dados do gerenciamento eletrônico do veículo, serviço efetuados e boletim de ocorrência.
Mas muitos dos acidentes relacionados ao defeito ocorreram há tanto tempo que esses dados cruciais podem ter se perdido ou sido destruídos, significando que reclamantes potenciais podem ser desencorajados de seu esforço de serem indenizados — e que a verdadeira história e casos do problema talvez nem possam vir a ser conhecidos.
“Este é o desafio,” disse Feinberg a jornalistas semana passada em Washington. “Ao contrário dos fundos de indenização do 9 de Setembro ou do derramamento de óleo da BP” — que ele também cuidou — “muitos desses acidentes aconteceram anos atrás. Um década atrás.”
Há outra conseqüência da longa demora da GM em fazer a convocação para o interruptor de carros pequenos como o Chevrolet Cobalt e o Saturn Ion, que poderia facilmente se desligar ao sofrer um solavanco tipo topar com um buraco, cortando a energia para as bolsas infláveis.
E isso exigirá de Feinberg escolhas difíceis que definirão o legado deste caso para a GM ao determinar a quanto montará o fundo, quanto tempo levará o litígio, como a fabricante será tratada pelo Congresso e quantas fatalidades e lesões deixarão de ser indenizadas.
A GM relacionou `13 mortes aos interruptores de ignição defeituosos, conforme a Automotive News informou em março. Os advogados da vítimas falam em centenas.
A versão “oficial” que irá para os livros de História sairá de um relatório que Feinberg emitirá depois que terminar o pagamento das indenizações. Mas devido à insuficiência de provas, disse Clarence Ditlow, diretora executiva da Center Auto Safety, “o número real de mortes nunca será conhecido.”
Feinberg disse ter consultado membros do Congresso, advogados de acusação e defensores de segurança para estabelecer este programa, e eles lhe deram carta branca. O senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, disse a jornalistas na semana passada: “O benefício da dúvida deve ser dado às vítimas. A suposição deve ser em seu favor.”
Ele disse também à imprensa que sua equipe ajudará os reclamantes a achar os documentos para a base de seus casos. Mas, e se não houver provas mais? Por exemplo, a polícia disse à Automotive News que boletins de ocorrência de dois acidentes fatais — um relacionado à convocação da GM de 2004 para o interruptor — foram destruídos por norma do departamento devido ao tempo decorrido. (Automotive News)