Coluna 3914 24.set.2014 [email protected]
Demorou, mas o Governo Federal atendeu a parte das sugestões da Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, no estabelecer política para os carros híbridos. Classificou-os, quinta feira passada, pela Camex, Câmara de Comércio Exterior, como ex-tarifário até o final do próximo ano.
Na prática significa deixar de pagar os inexplicáveis 35% do Imposto de Importação. Pela exceção legal, o valor dos gravames alfandegários poderão variar de acordo com o humor oficial. Atualmente ficarão isentos deste imposto os veículos híbridos a serem montados aqui, importados em método CKD, totalmente desmontados.
Na beirada da legislação, uma regra: imposto varia de acordo com os misteriosos parâmetros do Inmetro para medição da eficiência energética: limite de isenção é 1,68 megajoules por quilômetro (MJ/km). Daí, até 2,07 MJ/km pagará 2% de II.
Veículos prontos, sem previsão de montagem local, tabela diferente: 2% de II até 1,10 MJ/km; 4% até 1,68, e 7% daí a 2,07.
Curiosidade
Pomposo comunicado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior trata a redução do imposto alfandegário, como “parte das medidas necessárias para a criação de um mercado e atração de investimentos para a produção nacional de veículos que usem novas tecnologias de propulsão“.
Entretanto, visto o mercado e os híbridos nele existentes, a decisão parece enquadrar-se em conceito distante da aritmética e da engenharia, ao contemplar apenas os híbridos sem recarga pela tomada de parede. Ou seja, os dotados de motor a gasolina capaz de mover o veículo e acionar gerador de energia para baterias ou outros motores.
Os outros, híbridos dependentes de recarga em tomadas elétricas, foram barrados no baile do incentivo e, pelo texto, estão fora do parâmetro definido pelo Brasil em sua nova política de estado.
O receio de cobranças populares quanto à possibilidade de o carro híbrido da elite ser recarregado com a mesma energia utilizada pela ascendente Classe C em seus aparelhos de ar-condicionado, impediu as facilidades, e os recarregáveis continuarão pagando 35% de Imposto de Importação.
A caminho
Dois veículos à venda no país se enquadram na categoria favorecida: Ford Fusion e Toyota Prius, de prometida produção com a criação de facilidades.
Fusion e Prius devem ter — espera-se —, proporcional redução de preços, pois dentro do cipoal tributário do país todos os impostos são calculados sobre o valor apurado, que é o do veículo, frete, despesas de porto e os 35% do valor sobre o preço do veículo.
RODA-A-RODA
Ferrari, FCA – Como ficará a Ferrari, pós-demissão de Luca Di Montezemolo, após 23 anos à frente da empresa? Tudo e nada, por recente declaração de Sergio Marchionne, presidente executivo da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), e próximo da Ferrari.
Dúvida – Com mineirismo impregnado por suas mensais vindas ao Brasil, disse o executivo, “nada está incluído, e nada está excluído”, deixando especulações no ar sobre eventual venda da marca, avaliada em US$ 5B, pouco menos da metade da atual dívida do grupo. A Ferrari, por projeto do defenestrado Montezemolo, é extremamente rentável. Faz 12% dos lucros, vendendo apenas 0,16%.
Esforço – Entre as medidas para afastar a inviabilidade, mesmo associada à chinesa Dongfeng e ao estado francês, a PSA criou nova marca de luxo, a DS. Primeiro conceito, o Divine, aparecerá no Salão de Paris, 2 de outubro.
Personalidade – Três veículos, anteriormente Citroëns, integram a nova marca. O Divine, criado especialmente, é prévia do caminho partindo das bases comuns de Citroën e Peugeot: sofisticação e design. Tem cristais Swarovski nos faróis, carroceria, interior. Motor conhecido, o 1,6 THP turbo, equipamento de Peugeots e Citroëns, porém 270 cv — mais de 100 cv relativamente às versões conhecidas.
Estes motores com injeção direta e turbo são generosos.
Crise – Braço alemão da GM, a Opel reduzirá produção na Rússia, operando em um turno diário, e apenas 16 dias de funcionamento nos três meses finais do ano. Fábrica em São Petersburgo produz Opel Astra e Chevrolet Cruze.
De volta – Na operação russa, em sociedade com a AvtoVAZ, está o jipinho Niva.
Pioneiro – 2015 Mitsubishi inicia vender o primeiro híbrido 4×4 do mercado, o Outlander PHEV. Três motores. Um 2,0 ciclo Otto, 121 cv e dois elétricos síncronos, um em cada eixo, produzindo individualmente 80 cv. Luxuoso, seguro, premiado ao máximo no Euro NCAP, A NCAP e J NCAP. Preço indefinido — dólar, presidente, tudo influi.
Soma – Em termos de produto, melhor do mundo tecnológico: tecnologia do plug in – de ligar na parede – iMiEV; robustez e DNA de Pajero 4×4, e controle de tração e estabilidade do Lancer Evolution. Autonomia de 52 km, recarga completa em R$ 3,50 e consumo. Não se inclui na redução do ex-tarifário contado acima.
Mercado – Ao constatar existir em circulação mais de 70% dos Porsches fabricados, marca criou programa Porsche Classic, de treinamento à rede internacional de concessionárias para reparos, serviços e peças originais de época. É número muito grande de clientes para ficar fora da autorizadas.
Mais? www.porsche.de/classic-partner
Mitsufiat – Por acordo entre matrizes Mitsubishi e a Fiat Chrysler, Mitsubishi tailandesa produzirá versão do próximo modelo Triton, portando emblema Fiat. Com ele a antiga marca italiana quer presença em segmento onde não participa.
Como fica – Mitsubishi Motors do Brasil perguntada, respondeu por circular garantindo, o acordo não atinge o mercado brasileiro, onde a MMCB tem fábrica e direito exclusivo de distribuição e comercialização.
Fiatbishi – Inquirida, Fiat declarou não ter informação da parte prática, do como tal avença irá funcionar. O picape misto de Mitsubishi com Fiat não atrapalha os planos do Stradão – modelo maior que o líder Strada, contado pela Coluna semana passada, e 2º. produto da fábrica em Goiana, PE.
Nada disto – JAC repele boato circulando no meio, teorizando que a matriz chinesa ao tornar-se majoritária na construção de fábrica em Camaçari, BA, teria peitado o governo federal condicionando implantação do projeto ao emprego exclusivo de mão de obra e equipamentos chineses.
Peugeot – Novos Peugeot terão mais apuro em tecnologia e conforto, deixando de competir nas partes baixas do mercado. Este definiu a mudança. Versão mais equipada do 208 vende 25% do segmento. Mais simples, apenas 6%. Ao público Peugeot significa refinamento, sem vez para simplificação.
Tapa – Toyota criou oportunidade para fazer notícia e tentar revitalizar o Etios. Contidas novidades na versão XLS: piscas nos retrovisores externos, novas cores branca e azul. Dentro, concessões ao motorista, como banco ajustável em altura, comando do vidro elétrico e Bluetooth.
Ajuste – Instrumentação continua no centro do painel, desconcentrando o motorista, e indicador de combustível agora é digital. Há versão superior, Platinum, com estofamento em couro, tela com GPS, som, câmera de ré e TV.
Acaba – É o último retoque. Próxima versão, por determinação superior, corrigirá as mal feitas adaptações de projeto para colocar volante de direção à esquerda, deixando instrumentação e sistema de ventilação para direção à direita.
Ligeirim – Audi inspirou-se nos pit stops das corridas e racionalizou ações de assistência nos concessionários. Negócio prevê três primeiras revisões em até uma hora, e espaço confortável para espera. Trânsito nas cidades, e o atrapalho no vai e vem, definiu o programa. Por enquanto em São Paulo. Até o final do ano em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba.
Flex – Motor 1.6 THP da PSA, presente em Citroëns e Peugeot, flex. Com álcool produz 170 cv, contra 165 de origem. Demorou. Fácil fazer flex em motor turbo.
Motor – GM deu um tapa no picape S10 marcando o modelia 2015. Superficial mudança da cor do painel e das laterais. Novo engenho – nem tão novo, lançado nos EUA em 2011 – é L-4, 16 válvulas, dois comandos variáveis; injeção direta, flex; câmbio de 6 marchas.
Curiosidade – Importado, dados discrepam dos fornecidos pela matriz dos EUA. Lá, potência de 196 cv a 6.300 rpm e torque 18,5 m.kgf. Aqui diz potência idêntica, porém torque dispara: 26,3 m·kgf. A álcool 206 cv e 23,7 m·kgf. Nova linha propele o antigo L-4 2,4 e 147 cv, anciliaria derivada do Monza, para a versão de entrada.
Game – Para lembrar-se líder e seguir um de seus slogans — a empresa que mais entende de rua no Brasil — Fiat criou jogo com dicas de boas maneiras, tecnologias e para evitar vacilos no trânsito. É o Vacilândia, jogo para smartphones e tablets. Em fiat.com.br/vacilaonao e filmes no youtube.com/fiat.
Festa – MWM, fábrica de motores, e MAN, de caminhões e ônibus, festejam 40 anos de parceria. MWM fornece motores MaxxForce 3.0H, 4.3H, 4.8H Euro lll, 6.5H e 7.2H Euro III para exportação, e os MAN D08 Euro V (4 e 6 cilindros) ao mercado local e internacional, em caminhões e ônibus MAN.
Carol – Deixando a revista O Mecânico, onde foi repórter e editora, jornalista Carolina Vilanova tem novo veículo, o Portal Oficina News. Notícias diárias e semanais sobre transporte, oficinas, partes, manutenção. Veja em www.oficinanews.com.br. Com orgulho a Coluna está lá.
Dilmou – Ante desvios de incontados milhões na Confederação Nacional do Transporte, e intimado a depor no Ministério Público, ex-senador Clésio Andrade reassumiu a presidência, Dilmou e Lulou: nada sabe e abriu investigação interna.
Na cara – Pessoal ostensivo, moravam e dirigiam veículos incompatíveis com a renda. Principal suspeita ia trabalhar de Porsche Cayenne, parando na garagem da vaga presidencial.
Conjuntura – Brasileirada com um pé no exterior. Mais caro edifício de Miami, o One Thousand Museum, projeto da festejada arquiteta iraquiana Zaha Hadid, das 83 unidades, por nacionalidade, 28%, a maioria, vendida ao pessoal daqui. Apartamentos custam entre US$5M e US$ 15M.
No bolso – Pela não veiculação de publicidade no horário eleitoral gratuito, governo federal deixa de recolher quase R$ 900M. Pesquisa indica, apenas 1/3 dos eleitores o assiste, e destes, 10%, ou seja, 3% do universo, se valem das informações e promessas veiculadas para o voto. De gratuito nada tem. Bem administrado esse dinheiro seria muito útil às carências do país.
Recall – 675 caminhões Ford Cargo 2042 e 2842 chamados a revendas para troca de parafusos de fixação de travessas e componentes ao chassis. Jogo duro. Há perigo do caminhão se desmanchar nas ruas e estradas. Para saber mais, 0800 703 3673 ou www.ford.com.br.
Ford anda em má seqüência de problemas de montagem em seus produtos.
Fiat – Em evento mais ameno, troca de óleo do câmbio, Fiat chama modelos Punto, Idea, Doblò Adventure, Bravo fabricados entre 1º de fevereiro de 2012 e 22 de fevereiro de 2012. Tens? Confira 0800 707 1000 ou www.fiat.com.br.
Gente – Mario Guerreiro, português, jornalista, 56, promoção. OOOO Diretor na comunicação na matriz, será vice presidente da área da VW of America. OOOO Desafio. A marca quer crescer no importante mercado americano em seu projeto de liderar a atividade. OOOO Michael Lange o substitui. OOOO Marcus Vinicius Aguiar, engenheiro, mineiro, ex-Fiat, mudança. OOOO Diretor de Relações Institucionais, Governamentais e RSE da Renault. OOOO Christophe Musy, francês, engenheiro, novo diretor mundial de peças e serviços da PSA, sobre Peugeot e Citroën. Novos tempos. OOOO
Corrida longa no Brasil começou com Mercedes
Mercedes-Benz Challenge, temporada própria com oito provas — próxima aos 19 de outubro, Curitiba —, utiliza automóveis da marca em categorias diferentes: os modelos C e os CLA, ambos com preparação AMG, a divisão esportiva da marca. Veículos iguais, preparação oficial e idêntica, a temporada se destaca pela qualidade dos pilotos e, bem organizada, provoca divulgação e agrega conceitos à imagem da Mercedes. Competitividade, valentia, rendimento. Os automóveis utilizam o motor de quatro cilindros mais potente do mundo, o 2.0, 4 cilindros, 16 válvulas, injeção e turbo. Tração nas 4 rodas e câmbio de 7 marchas.
Corridas fazem parte do DNA da marca. No Brasil sua apresentação se deu com a promoção da 24 Horas de Interlagos, primeira de tal duração no país e monomarca no mundo, disse a imprensa à época.
Representação da marca no Brasil, a carioca Distribuidores Unidos, no Rio de Janeiro, mais o Automóvel Clube do Estado de São Paulo, organizaram a prova em Interlagos, então nosso único autódromo, com largada às 16h do dia 18 de agosto de 1951 — mesma hora da largada de Le Mans por décadas, ultimamente às 15h.
A Unidos disponibilizou 18 veículos da série 170, gasolina e diesel, escolhendo pilotos destacados no Rio, São Paulo e Porto Alegre. E teve uma dupla feminina, com unidade diesel. Darly Ribeiro e Juze Fittipaldi, mãe de Wilson Jr. e Emerson, ainda pequenos.
Tempos distantes. A sede da empresa era no Rio de Janeiro e a Mercedes aproveitou a prova, a media horária e a resistência para promover o produto, convidando o público a vê-lo em revendedor na Praça da Bandeira, no Rio de Janeiro.
RN
A coluna “De carro por aí” é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.