Há palavras ou expressões de outras línguas que são mesmo de difícil tradução para o português. Uma delas é steering feel, que pode ser traduzido como “o que se sente no volante” ou “do volante”. Venho a este assunto depois que o amigo e editor do Ae, o engenheiro Carlos Meccia, me telefonou ontem mesmo depois de ler a matéria Falando de sub- ou sobreesterçante deste domingo e me dizer que alguns amigos seus, também engenheiros da indústria automobilística, terem contestado a parte em que falo da “direção comunicativa”. O próprio Meccia discordou de mim e mandou este texto:
“O que se sente na direção é a impressão da via transmitida através do volante de direção. Você pode não perceber, mas quase todos os seus sentidos contribuem para o seu dirigir. Você não vê apenas onde está indo e o quão rápido você está em relação aos outros veículos e objetos. Você escuta esses veículos, o ruído de vento e a rotação do motor. Você sente sua própria aceleração e frenagem. Seu senso de equilíbrio ajuda-lhe a saber o quão rapidamente você está fazendo uma curva e se a pista tem superelevação.
Do mesmo modo, seu carro se comunica com você pelo que você sente nos pedais e no volante de direção. A firmeza do pedal de freio informa o quão fortemente você está freando, e a firmeza do volante de direção lhe diz o quão rápido vocês fazendo a curva. Tipicamente, a resistência do volante aumenta com o ângulo de esterçamento. Direção com excesso de assistência, contudo, pode tirar essa importante fonte de informação — especialmente em velocidades de rodovia onde um pequeno movimento do volante resulta em enorme mudança de direção.
Além disso, o volante de direção transmite a condição da via ao visivelmente dar pequenos golpes quando uma roda topa com imperfeições no leito. Isso é considerada vantagem por muitos entusiastas de dirigir, mas parece mais exceção do que regra, especialmente com tração dianteira.
Esta informação foi tirada do glossário Cars.com, de autoria de Joe Wiesenfelder“
Pelo que está escrito acima, aliás muito bem, corrobora o que eu disse na matéria ontem, a coisa veio da assistência de direção, hidráulica naquele tempo, que de fato eram excessivas, caso do Galaxie que citei.
Esqueci de mencionar ontem quando falei do GP de Mônaco que os carros de F-1 têm direção assistida, tanto por aliviar o peso do volante diante dos largos e aderentes pneus e da elevada força vertical descendente, quanto, e principalmente, para a relação de direção por ser baixa (direção rápida) o suficiente para não ser necessário virar o volante mais que 180°, quando se cruza os braços, necessário em curvas como a Loews, em Monte Carlo.
É claro que a relação de direção é de capital importância. Para pistas travadas como as de Monte Carlos os carros de F1 contam com relação de 10:1, nos demais circuitos, 13:1. Num carro de rua é agradável ter uma direção rápida, mas ela nunca deve ser leve na estrada. E para ser rápida a direção tem de ser obrigatoriamente assistida.
Mas é preciso calibrá-la bem levando em conta a seção dos pneus e a própria aerodinâmica quanto a sustentação, seja positiva ou negativa. Por exemplo, no BMW 528i testado pelo AK em outubro de 2012, que dirigi um pouco na estrada, achei a direção sensível demais na reta, gostaria que fosse um pouco menos direta naquela condição. Um solução para isso é a relação de direção variável como a do Suzuki S-Cross, mais lenta no centro e mais rápida nas extremidades. A BMW tem isso nos seus carros, mas não sei se esse 528i tinha; não me pareceu que tivesse.
Dirigi o Porsche 911 de 7ª geração no lançamento, uma das novidade era a direção de assistência elétrica, que achei perfeita. No entanto, li matérias em que o autor não gostou por achá-la “anestesiada”. Que bobagem!
Para concluir, reafirmo que direção não tem que comunicar nada, apenas cumprir seu papel de dar direção ao automóvel.
BS