TESTE DE 30 DIAS
VOLKSWAGEN JETTA HIGHLINE 2,0 TSI
30 DIAS (final)
Oh, dor! O período de 30 dias com o Volkswagen Jetta Highline 2.0 TSI acabou e para aqueles que vêm acompanhando nossos relatos anteriores o que será dito nesta conclusão do teste não será surpresa. Nós gostamos muito desse Automóvel e o “A” maiúsculo não é erro de digitação, mas simplesmente uma maneira de destacar nossa aprovação a um carro que, temos certeza, fará feliz a grande maioria de genuínos autoentusiastas.
![ea888_2964](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/ea888_2964-e1432333876802.jpg)
Tudo são flores no Jetta? Quase tudo, e para que esta avaliação não pareça uma soberba “babação de ovo”, destacamos o que poderia melhorar nesta versão-topo, que se diferencia das restantes principalmente pelo motor, o moderno quatro-cilindros turbo codinome EA888, que exibe gloriosos 211 cv a 5.500 rpm e 28,6 m.kgf , torque este disponível já a partir de meras 2.000 rpm.
![As articulações da tampa do porta-malas, tipo "pescoço de ganso": as pantográficas do Jetta anterior eram melhores.](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130067-460x311.jpg)
Talvez a Volkswagen poderia estudar alguma solução para que as muitas irregularidades de nossa pavimentação chegassem à cabine em grau ligeiramente menor. O acerto de suspensões do Jetta — como veremos à seguir pela explicação de Alberto Trivellato, nosso colaborador da oficina paulistana Supentécnica — privilegia certa esportividade. Isso pode agradar alguns mas, considerando ser ele um sedã de linhas sóbrias, afugenta um pouco quem prefira mais conforto de rodagem e silêncio na cabine.
Atenção: barulhento ele não é, não há miséria em materiais fonoabsorventes e a montagem dos componentes se revela precisa, mas a medida de pneus escolhida (225/45R17), em conjunto com a calibração firme da suspensão, joga para dentro o que se passa no chão de maneira que alguns consideram evidente demais. Outro pequeno deslize, bem pequeno mesmo, é a tampa do porta-malas usar as dobradiças tipo “pescoço de ganso”, retrocesso face às do tipo pantográficas do Jetta inaugural datado de 2006 e que foi vendido até 2011.
![De Sumaré a SP, cerca de 90 km de distância cumpridos a 120 km/h: excelente marca de 14,5 km/l.](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/IMG_2505-460x311.jpg)
O que mais pode ser criticado? Alguém poderia dizer “ah, mas ele não é flex, só bebe gasolina!”. Nossa contra-argumentação seria que isso é uma sorte. O motor TSI, sigla de Turbo Stratified Injection, suporta galhardamente a nossa gasolina abusivamente alcoolizada sem perder a compostura. Se acaso fosse adaptado para poder usar 100% de álcool, como seria seu comportamento? A suposição é de que ganharia alguma potência (de que efetivamente não precisa), mas talvez não alcançasse as boas marcas de consumo que verificamos.
Aliás, nesta fase derradeira batemos o recorde de consumo nestes 30 dias, ótimos 14,5 km/l voltando de uma visita à fábrica da Honda em Sumaré (SP), pela rodovia dos Bandeirantes. Tal registro foi conseguido sem pressa mas mantendo os 120 km/h, velocidade-limite na qual o conta-giros mostra algo cerca de 2.200 rpm em sexta marcha. Na ida, mais apressados, vimos 11,9 km/l para o mesmo trajeto, marca ainda boa para este sedã de 1.400 kg em ordem de marcha. Registre-se que o ar-condicionado esteve sempre sempre ligado. tanto na ida quanto na volta.
![P1130052 copy](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130052-copy.jpg)
Nesta semana de despedida, além da pequena viagem, fizemos trajetos urbanos em horários e condições de tráfego diferentes, que comprovaram as cifras de consumo vistas anteriormente. Em trânsito torturante e percorrendo regiões acidentadas da cidade, a zona Oeste, o consumo variou entre 5,6 a 6,7 km/l. Usando vias expressas ou em finais de semana, as marcas alcançaram 7,3 a 8,8 km/l. Ressalte-se que no dia-a dia o Jetta agrada muito seu usuário através de praticidades das quais, sabemos, vamos sentir saudades. A chave presencial é uma delas. É excelente apenas esbarrar a mão na maçaneta e ver a porta destravar, e o mesmo ocorre com o porta-malas. Outro “carinho” vem do ótimo sistema de iluminação.
LEDs acesos na dianteira assim que o caro é ligado representam a segurança de ser sempre visto, faróis bi-xenônio garantem ver bem em qualquer condição e há ainda os faróis auxiliares que podem ser ajustados, mediante seleção na tela retangular entre os mostradores analógicos do painel, para que se acendam individualmente iluminando a área interna da curva. Pode parecer uma bobagem mas tal recurso, que a VW chama de “luz de conversão dinâmica”, contribui muito especialmente em ruas mal iluminadas da cidade.
![](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/jetta-2015-airbag.jpg)
Se os bons dotes dinâmicos do Jetta conquistaram quem o dirigiu, com destaque para a excelente parceria entre motor potente, esperto mesmo, e o câmbio DSG de seis marchas completamente à prova de críticas, o mesmo vale para quem freqüentou o sedã como passageiro. As portas oferecem um amplo ângulo de abertura, o espaço para as pernas de quem vai atrás é ótimo e o ocupante do banco ao lado do motorista aproveita do ar-condicionado de duas zonas e do (não usamos, mas está lá) aquecedor dos bancos. Algo mais?
O sistema de áudio ótimo, navegador, auxilio ao estacionamento via sensores frontais e traseiros, espelho retrovisor direito que baixa a orientação quando se engata a ré, conexão Bluetooth para telefone, volante com comandos (controlador de velocidade áudio, funções do computador de bordo…), porta-objetos em todo canto, montes de bolsas infláveis (dianteiras, laterais e cortinas) e o por muitos festejado interior bege, onde o couro do revestimento dos bancos e o carpete claro tornam o ambiente luminoso, para o qual muito contribui também o teto solar. Imaginamos que tudo isso por R$ 108.665,00 (dos quais quase 15 mil são opcionais) é cifra alta, porém em linha com tudo que se recebe em troca. Como disse um leitor, é um Audi a preço de Volkswagen…
![](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130574.jpg)
Visita à oficina
Na porta da Suspentécnica nos esperava Alberto Trivellato e antes mesmo de colocar o carro dentro da oficina para a sua tradicional análise técnica, ele fez questão de dar uma volta dirigindo o Jetta. Ajustando banco (elétrico) e volante, comentou que o Jetta nessa versão é um carro com um fã-clube grande, em boa parte atraído por aquilo que a VW explora na campanha publicitária: a esportividade. Agradou ao colaborador a cor, tanto externa quanto do revestimento interno, mas bastam poucos metros para o recorrente comentário sobre uma certa aspereza de rodagem do Jetta surgir. Para ele as opções da VW no ajuste de suspensões e medida dos pneus dificulta um ajuste mais voltado ao conforto e deixar fora do habitáculo os efeitos do piso degradado.
Perguntado sobre quais as soluções possíveis para ter uma suspensão que filtrasse melhor o chão ruim a resposta é um “muitas”, mas ele destaca o óbvio fato de que todas influiriam negativamente na apreciada precisão do conjunto direção–suspensão. Mudar perfil do pneu por um mais alto, reduzir carga de mola e especificação de amortecedores e elementos elásticos transformaria o Jetta em outro carro, mais suave. Mas Alberto lembra que o que se ganharia em conforto traria prejuízo ao caráter atual. Compensaria?
![Alberto Trivellato analisa as bandejas de suspensão: simples e robustas.](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130552-460x311.jpg)
De volta para a oficina e direto para o elevador: enquanto o Jetta é erguido o colaborador conta que desconhece problemas crônicos no modelo. Luz em punho, aponta para as bandejas da suspensão dianteira e destaca que o material, o aço, é mais resistente que peças de alumínio, que apesar de mais leves talvez menos adequadas ao nosso piso. O desenho destas bandejas, delgado e portanto leve, não compromete segundo ele a necessária eficiência de componentes que se movimentam. Chama a atenção, de acordo com o colaborador, a robusta manga de eixo e o caprichadíssimo revestimento destinado a isolar o calor do tubo do escapamento, perfeitamente centralizado no túnel e portanto protegido de um eventuais contato com irregularidades do piso.
![Tubo de escapamento protegido e bem isolado. Note os paineis plásticos; função aerodinâmica.](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130565-460x311.jpg)
Aliás, esse capricho também se revela no revestimento geral da parte inferior do Jetta, em plástico, que tem inclusive função aerodinâmica. Alberto aponta para a proteção do cárter do motor e para a total ausência de marcas de contato com o solo, algo raro em veículos que rodam em uma cidade como São Paulo, coalhada de lombadas e valetas. “Ele é alto o suficiente para não chatear com freqüentes raspadas. Sabendo que ele é eficaz em curva, entendemos o quanto foi correto o trabalho dos engenheiros da VW, pois é difícil fazer um carro alto e bom de curva. O preço é essa aspereza. Não tem milagre!”, conclui o colaborador.
![Sensor que "lê" os movimentos da suspensão traseira.](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130560-460x311.jpg)
Observando a parte traseira, o dedo do profissional aponta para o sensor que “lê” a altura e movimentação da suspensão e que informa aos sistemas eletrônicos (estabilidade, altura dos faróis) a atitude do carro instantaneamente. Outro destaque mereceu a barra estabilizadora, de diâmetro considerável. Alberto relembra que houve Jettas que em vez dessa suspensão multibraço, tida como a mais eficaz, traziam o mais popular eixo de torção. Segundo ele o sistema atual é o que um carro deste padrão de peso e potência merece, mas não menospreza o menos requintado tecnicamente falando eixo de torção.
![Barra estabilizadora traseira superdimensionada.](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130559-460x311.jpg)
O acabamento da face interior do pára-choque também foi alvo de elogio: “Algumas fábricas” — diz Alberto — “economizam nessas entranhas que ninguém quase nunca vê, e deixam essa área sem acabamento, o que prejudica a aerodinâmica e afeta o consumo. Um pára-choque sem este tipo de acabamento que observamos aqui acaba funcionando como uma espécie de pára-quedas.”
![Proteção inferior do motor caprichada, mas a frente não raspa a toa no piso.](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130569-460x311.jpg)
Ao final desta visita à Suspentécnica, uma constatação: Alberto Trivellato enalteceu o Jetta e justificou seu ponto de vista favorável ao carro, mas no tempo em que lá estivemos percebemos que boa parte de seus funcionários, gente acostumada a trabalhar no que há de mais exclusivo o sofisticado em termos de veículos, veio elogiar o Jetta. Para eles (e para a maioria de nós) este VW é um sonho possível, diferente dos Porsche, Jaguar e outros “premium” que freqüentam esta oficina.
![Este ambiente deixará saudades...](https://www.autoentusiastas.com.br/ae/wp-content/uploads/2015/05/P1130030-460x311.jpg)
Como disto no início, a despedida será triste. O ir e vir para perto ou longe pouco importava, pois nesses trinta dias de uso assumir o volante do Volkswagen Jetta Highline 2.0 TSI sempre foi um momento de prazer autoentusiasta. De minha parte, destaco um aspecto que considero espetacular, realmente um ponto fora da curva: a resposta imediata do motor ao acelerador em qualquer condição e o casamento perfeito com a caixa de câmbio DSG de seis marchas.
Arrisco dizer que as borboletas para troca manual, assim como a possibilidade de usar a alavanca para subir e descer marchas, são completamente supérfluas, pois o ajuste eletrônico JAMAIS apresenta um vacilo. Ele está sempre na marcha certa e as trocas sempre são melhores do que as que poderiam ser realizadas pelo melhor dos pilotos em uma caixa manual.
Seguro, confortável, razoavelmente econômico e muito prazeroso de dirigir, o Jetta nesta versão é um sério problema para a concorrência.
DIAS: 30
QUILOMETRAGEM TOTAL: 2.203,8 km
DISTÂNCIA NA CIDADE: 1.176,8 km (53,4%)
DISTÂNCIA NA ESTRADA: 1.027,0 km (46,4%)
TEMPO AO VOLANTE: 69h49min
VELOCIDADE MÉDIA: 31,5 km/h
CONSUMO MÉDIO: 8,63 km/l
MELHOR MÉDIA: 14,5 km/l
PIOR MÉDIA: 3,8 km/l
LITROS CONSUMIDOS: 255,09
CUSTO: R$ 853,43 (média do litro, R$ 3,27)
CUSTO DO QUILÔMETRO RODADO: R$ 0,38
Veja nos links o teste completo:
Parte 1
Parte 2 (com vídeo)
Parte 3
Parte 4 (com vídeo)
RA
FICHA TÉCNICA VOKSWAGEN JETTA HIGHLINE 2.0 TSI | |
MOTOR | |
Tipo | EA888, quatro cilindros em linha, turbo com interrestriador, duplo comando, corrente, quatro válvulas por cilindro, variador de fase na admissão |
Instalação | Dianteiro, transversal |
Material do bloco/cabeçote | ferro fundido/alumínio |
N° de cilindros/configuração | 4 / em linha |
Diâmetro x curso | 82,5 x 92,8 mm |
Cilindrada | 1.984 cm³ |
Aspiração | Forçada por turbocompressor |
Taxa de compressão | 9,8:1 |
Potência máxima | 211 cv a 5.500 rpm |
Torque máximo | 28,6 m·kgf a 2.000 rpm |
N° de válvulas por cilindro | 4 |
N° de comando de válvulas/localização | 2 / cabeçote |
Formação de mistura | Injeção direta |
ALIMENTAÇÃO | |
Combustível | Gasolina E20/25, 95 octanas RON |
TRANSMISSÃO | |
Rodas motrizes | Dianteiras |
Câmbio | Robotizado com duas embreagens em banho de óleo |
N° de marchas | 6 à frente e uma à ré |
Relações das marchas | 1ª 3,462:1; 2ª 2,05:1; 3ª 1,300:1; 4ª 0,902:1; 5ª 0,914:1; 6ª 0,756:1; ré 3,317:1 |
Relações de diferencial | 4,06:1 e 3,14:1 |
FREIOS | |
De serviço | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem |
Dianteiro | A disco ventilado de Ø 312 mm |
Traseiro | A disco de Ø 272 mm |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço em L inferior, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Independente, multibraço, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira com assistência elétrica variável Servotronic |
Diâmetro mínimo de curva | 11,1 m |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio, 7Jx17 |
Pneus | 225/45R17W (estepe de aço, 205/55R16V) |
PESOS | |
Em ordem de marcha | 1.378 kg |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, quatro portas, cinco lugares, subchassi dianteiro e traseiro |
DIMENSÕES EXTERNAS | |
Comprimento | 4.644 mm |
Largura com/sem espelhos | 1.985/1.778 mm |
Altura | 1.473 mm |
Distância entre eixos | 2.651 mm |
Bitola dianteira/traseira | 1.535/1.532 mm |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,30 |
Área frontal (A) | 2,18 m² |
Área frontal corrigida (Cx x A) | 0,654 m² |
CAPACIDADES | |
Porta-malas | 510 litros |
Tanque de combustível | 55 litros |
DESEMPENHO | |
Velocidade máxima | 241 km/h |
Aceleração 0-100 km/h | 7,2 s |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |
Cidade | 8,9 km/l |
Estrada | 12,1 km/l |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 6ª | 48.9 |
Rotação do motor a 120 km/h em 6ª | 2.450 rpm |
Rotação do motor à vel. máxima em 5ª | 6.000 rpm |