O encontro de Amelia Island, na Flórida, vai conquistando mais espaço em cada edição. Longe ainda de Pebble Beach, na Califórnia, mas atraindo número cada vez maior de preciosidades.
Quando se fala em encontro de automóveis antigos, o mais badalado do mundo é o de Pebble Beach, na costa da Califórnia (EUA). E o de Villa D’Este, no Lago di Como (Itália), como o mais sofisticado na Europa. Existem dezenas de outros em todo o mundo e, no Brasil, o mais importante é o de Araxá, no Grande Hotel.
O que torna um “Concours d’Elegance” atrativo para o antigomobilista é a qualidade dos automóveis expostos. Sua capacidade de agregar veículos raros, de valor histórico e disputados entre colecionadores. São raridades que dificilmente deixam a garagem de seu dono: só mesmo para ser exposto num evento de muito brilho.
Amelia Island fica no norte da Flórida, não muito distante de Jacksonville, quase na fronteira com o estado da Geórgia. Tem um bela praia (Fernandina Beach) e um lindo parque com campos de golfe onde se promove anualmente, em março, um encontro que vem se tornando cada vez mais concorrido. É como se fosse um “Pebble Beach” em menor escala, todo concentrado num único local, sem obrigar o visitante a enfrentar extensos congestionamentos rodoviários entre um evento e outro.
No domingo passado, o bem cuidado gramado do campo de golfe do hotel Ritz Carlton recebeu 320 veículos para o 21º “Amelia Island Concours d’Elegance”. Além de automóveis produzidos em (pequena) série, carruagens, motos, protótipos e carros de corrida. O homenageado deste ano foi o piloto alemão Hans-Joachim Stuck. Além de vários da exposição de vários de seus carros de competição, ele entrou no gramado dirigindo um deles, o Porsche 962C vencedor de Le Mans em 1986.
Os dois “Best of Show” deste ano foram um Pegaso (fábrica espanhola que existiu de 1951 a 1958) como esportivo e um Rolls-Royce Phantom II Town Car 1930 como o mais elegante. O carro espanhol tem uma história interessante: o Pegaso Z-102 foi produzido em 1952 nesta versão especial (BS Cupula Coupe) chamada de “El Dominicano”, pois foi encomendada pelo ditador dominicano Rafael Trujillo. Os 13 Pegasos expostos em Amelia Island representavam quase 20% da produção total da fábrica: em seus sete anos de operação ela produziu apenas 84 unidades.
Seguindo no “vácuo” de Pebble Beach, Amelia também teve dezenas de carros vendidos sob o martelo por algumas das mais importantes casas leiloeiras: RM/Sotheby, Gooding & Co, Bonhams, American Wheels e Motostalgia. Mais surpreendente do que um Ferrari 1962 Superamerica ter sido entregue por US$ 4,4 milhões (cerca de R$ 17 milhões) ou do Porsche 550 Spyder 1955 (da coleção de Jerry Seinfeld) por US$ 5.3 milhões (R$ 20 milhões), foi o microcarro Peel P50 1964 (o menor carro já produzido no mundo) ter sido vendido por US$ 176 mil (R$ 670 mil).
Ao contrário do encontro da Califórnia que tem as corridas de antigos no mesmo dia que o desfile das relíquias, a competição entre velhinhos na pista realiza-se no fim de semana seguinte (hoje e amanhã) no aeroporto de Fernandina Beach. Cada macaco no seu galho…
Pebble Beach que se cuide com Amelia Island, que cresce a cada ano. Briga boa entre uma praia da Califórnia (no Pacífico) contra uma ilha da Flórida (no Atlântico)…
BF