Como é bom poder fazer um grande passeio de moto, em companhia de um fantástico grupo de amigos, pegar excelentes estradas, fazer turismo no sul do país passando pelo Paraná, Santa Catarina e ter como destino o Rio Grande do Sul, mais precisamente para visitar um dos mais completos museus de automóveis da América Latina, o Museu da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), em Canoas, na Grande Porto Alegre, museu esse que infelizmente não existe mais.
Como já citado em outras histórias, o ADC GM Moto Clube, que presidi por sete anos, tinha em sua programação de viagens uma grande, anual, com duração de dez dias. Essa viagem a Canoas foi em 2002. Foi unir o útil ao agradável.
Estávamos em onze motos, com um carro de apoio (Blazer) e uma carretinha para qualquer eventualidade. O Blazer foi dirigido por Paulo Ariosa, da área financeira da GM, e por Antônio Sceppa, gerente de relações públicas da concessionária Chevrolet Nova Veúculos, de São Paulo. Eu, na minha BMW LT 1200. Lembra-se desta foto publicada domingo passado, sobre o Natal do Lar Betânia? Pois era esta BMW.

Nossa primeira parada foi planejada para ser em Curitiba. Começamos devagar e no primeiro dia rodamos os primeiros 408 quilômetros pela BR-116 Régis Bittencourt. Depois do pernoite em Curitiba fomos para o litoral pela BR-277 e já na baixada pegamos a PR-408 para Morretes e Antonina (mais 83 km), onde almoçamos e pudemos experimentar o famoso prato típico da região, o barreado.
Depois seguimos para Florianópolis pela litorânea BR-101, nossa próxima parada, após 360 km de marcha. Depois rumo a Caxias do Sul (RS) pela BR-282, um estirão de 443 quilômetros, e da segunda maior cidade gaúcha fomos a Canela, desta vez um percurso curto, 8o quilômetros. Paramos para uma foto diante da Catedral de Pedra, ou Igreja Matriz de Canela, o maior símbolo da cidade gaúcha (foto de abertura).
Em Canela aproveitamos para visitar uma das muitas vinícolas da região (Jolimont) e pudemos provar a qualidade dos vinhos de lá —se fosse hoje não poderíamos ter tido esse prazer devido a essa ridícula Lei Seca. Como se degustar vinho deixasse alguém bêbado.
Fomos também ao Castelinho, casa típica da colonização alemã, construída em dois pisos e sem absolutamente nenhum prego de aço ou ferro, mas suportada por pinos feitos de madeira. A decoração interna foi preservada exatamente da forma como utilizada por seus moradores e é aberta à visitação pública, mas não é grátis: tivemos de pagar para entrar, mas valeu a pena. O ponto alto desta visita era ou é (até hoje funciona) a cozinha com fogão a lenha onde preparam a famosa torta folhada de maçã de receita alemã, a strudel (a mais conhecida apfelstrudel é austríaca) coberta de creme chantilly — que delícia! Só em lembrar dá vontade de comer.
De Canela, onde pernoitamos, rumo a Canoas, mas passando obrigatoriamente pela vizinha (9,2 km) e bela Gramado. No terceiro dia nosso objetivo foi alcançado, chegamos a Canoas (95 km pela RS-373 e BR-116), onde o belo museu aguardava nossa visita. Total rodado no passeio, 1.460 quilômetros.
O museu da Ulbra
Nos deparamos com um majestoso edifício de quatro andares, mais de 700 carros, caminhonetes e caminhões, tudo em estado de zero-quilômetro, impecavelmente restaurados e preservados.

Um museu com porte semelhante aos melhores da Europa e logo ali, no Rio Grande do Sul!
Infelizmente por razões que desconheço exatamente (a Ulbra teria ficado insolvente e teve o acervo do museu arrestado para saldar dívidas com credores), a casa simplesmente fechou. Da noite para o dia. Mas a maioria dos carros foi devolvida aos seus verdadeiros proprietários. Por ter trabalhado na General Motors sei que a coleção de Corvettes e Cadillacs voltou para a fábrica, pois estavam no museu em regime de comodato. Havia alguns Opalas e Chevettes também.
É uma pena, quem viu, viu, quem não viu não verá mais.
Por isto digo que juntar o útil ao agradável foi fantástico e assim fizemos mais uma excelente viagem, aproveitamos os dez dias programados e voltamos para casa para matar as saudades daqueles que não puderam ir conosco. Voltamos direto pela BR-116, um tiro só de 1.100 quilômetros.
Viagem toda perfeita, só uma leve chuva na ida próximo a Caxias do Sul. Nenhum incidente, nem mesmo parados fomos pela polícias rodoviárias.
Ao me despedir do grupo a frase que mais se ouvia era: e a próxima, quando será?
RB