Com dois dias a menos que outubro, que em muitas regiões foram três, por conta do Dia da Consciência Negra (20/11) não ser um feriado nacional, a indústria fechou novembro com otimismo e vendas 10% inferiores ao mês anterior.
Curioso notar que dos diversos setores de consumo, os automóveis tiveram o maior crescimento, nos onze meses do ano, tendo sido sua expansão14,2%, ao passo que os eletrônicos foi metade disso (7%) e no varejo total o crescimento acumulado é bem mais modesto, 2% a 2,5%.
Em seminário do setor automobilístico ocorrido no último dia 10, Rogelio Golfarb, vice-presidente da Anfavea confirmou que as vendas diretas e PcD foram as que puxaram o crescimento este ano e, ao que tudo indica, se nenhuma regra for alterada com a entrada do novo governo, a recuperação de vendas seguirá em ritmo pouco menor, algo como 10 a 12%. As vendas de automóveis e comerciais leves nos concessionários (varejo) cresceram 8,5%, número mais próximo do segmento dos eletrônicos e as vendas diretas aumentaram quase três vezes esse valor, 24,2%. Um disfarçado estímulo tributário é o fator-chave.
Na reunião da Anfavea com a imprensa, no último dia 6, Antônio Megale, seu presidente, manteve o tom otimista e os números estão aí para endossá-lo. A recuperação do setor vem robusta, caminhões cresceram 49% e ônibus, 29%. A maior preocupação hoje está centrada em nossos vizinhos hermanos e seu mercado, que sofre retração superior a 30% nos últimos meses. A Argentina segue sendo o destino de 70% de nossas exportações e vem obrigando os fabricantes daqui a se reprogramarem para baixo.
RANKING DO MÊS E DO ANO
Em novembro vendeu-se 10% a menos que outubro, mas a GM foi praticamente a única na contramão e cresceu 2,7%. Comparado a novembro de ’17, Renault saltou 54%, VW, 30% e a marca americana da gravata borboleta outros bons 21%, num mercado que se expandiu em 13%.
Nos acumulado de onze meses quem segue despontando é a VW, com +36%, seguida da Renault, com 28%, Nissan, +26% e Jeep, +21%. Peugeot e Citroën caíram respectivamente 11 e 12%. As marcas do grupo PSA têm bom desafio adiante, somente o lançamento do bom Cactus pode não ser suficiente para impulsionar uma reação. O outrora carro chefe da Peugeot, o ótimo 208, não figurou entre os 50 primeiros e o C3 já faz uns meses também saiu da lista. Bons produtos não são suficientes para levar o consumidor às compras.
O Onix teve outro mês de vendas fortes, 22.277 unidades, Gol surpreendeu em 2º, com 8.836, seguido de Ka, com 8.834 e HB20, com 8.395. Prisma, Kwid, Argo, Polo, Creta e Sandero fecharam a lista dos 10 primeiros. No ano o compacto Chevrolet segue fazendo bonito, com vendas iguais à soma do 2º e 3º colocados. Mas alguns modelos se destacaram ainda mais, Kicks cresceu 43%, Ka Sedan, 40%, Compass, 26%, Creta 21%. Todos esses suves tiveram nas vendas a PcD sua mola propulsora.
Nos comerciais leves a Strada (foto de abertura) vendeu 5.158 unidades, seguida da Toro, com 3.922, acompanhada da Saveiro, Hilux e S10. Em ano sem lançamentos que justificassem troca de posições no ranking, destacou-se a Amarok, com crescimento de 59% (graças também à versão V-6). A compacta da Fiat, mesmo com o peso da idade de projeto e visual — foi lançada há 20 anos — cresceu 28%. Um verdadeiro case.
Novos modelos apresentados no Salão do Automóvel prometem mexer com o mercado. Teremos também provavelmente redução nas taxas de juros, a inadimplência já se mantém baixa faz um tempo. Se o novo governo emplacar no timing adequado as mudanças que todos esperam, 2019 poderá ser um outro ano de recuperação superior a dois dígitos, ou até mesmo maior que o crescimento visto neste ano.
Até mês que vem.
Boas Festas a todos!
MAS
Foto: Divulgação FCA