Quando me perguntam se sou colecionador, na lata respondo: “Não, sou usuário de carro antigo! O motivo da resposta é porque gosto e só tenho automóveis antigos, não tenho automóvel novo de propósito, assim “sou obrigado a usar os velhinhos”.
Recentemente emprestei minha Pampa, a pessoa estacionou o carro e esqueceu de desligar os faróis. Resultado, recebi mensagens me avisando sobre o fato, claro, eram preocupações de que eu ficasse sem bateria, fato que realmente aconteceu porque não consegui alertar a pessoa a tempo de evitar o final da carga da bateria.
Essa mania de usar os carros tem seu ônus e — também — seu bônus. O lado bom é que sempre se será reconhecido nas ruas, por seus amigos, conhecidos, seguidores de mídias sociais. O outro lado é que sempre será necessária uma boa dose de paciência para responder às mesmas perguntas de sempre.
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“Quantos quilômetros faz por litro?”. Essa eu respondo com “ele bebe menos do que eu… com um litro anda cinco quilômetros, eu bebo um litro e não ando nem cem metros”. Não se trata de apologia ao alcoolismo, por favor, não me entendam mal, mas a frase funciona muito bem para arrancar um sorriso e dar a informação que o sujeito tanto quer e que, provavelmente irá esquecer assim que sair do posto.
Claro, que com os preços cada vez mais astronômicos dos combustíveis, a curiosidade das pessoas também é grande em saber quanto o automóvel anda com a gasolina ou o álcool. O mais impressionante é que, na cabeça das pessoas, qualquer carro com motor V-8 faz dois ou três quilômetros por litro, mas na realidade o consumo fica bem próximo de alguns carros atuais com motores muito menores e repletos de eletrônica.
Me usarei como exemplo. Em casa tenho quatro V-8 e moro em São Paulo, uma capital notoriamente conhecida pelo trânsito infernal. A F-100 1976 e o Galaxie, que têm respectivamente os motores 272 e 292, fazem, no trânsito de São Paulo 5.5 km/l. O Landau, tem motor 302 e câmbio automático, faz 5 km/l. Já o Maverick 1975, bem… esse é outra história, tem o kit Quadrijet, cuja a propaganda de época garantia potência e economia, mas a realidade é que ele faz 2,2 km/l.
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“Está no gás?”, outro clássico das perguntas a serem ouvidas, ainda mais se você estiver com um carro que é reconhecido pelos leigos como um “beberrão”. Meu jeito de sair dessa é com a frase, “Gás, só no fogão lá de casa, aqui eu deixo o salário com o frentista!”
Nada contra os adeptos do Gás Natural Veicular. Ao longo desses 25 anos andando de V-8 é claro que já pensei num Galaxie de uso diário com o GNV, mas para se ter um carro bom e confiável no combustível gasoso é necessário ter alguns cuidados. O ideal é um carburador totalmente revisado com embuchamento novo nos eixos, dar uma leve rebaixada nos cabeçotes para melhorar a taxa de compressão, aumentar a capacidade do radiador e procurar uma válvula termostática que abra alguns graus Celsius antes, já que esse tipo de combustível acaba elevando a temperatura de trabalho do motor. Claro, trocar as molas traseiras para garantir uma boa geometria da suspensão e dirigibilidade confiável, além de sempre rodar um pouco com gasolina.
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“É de família?”, essa é a pergunta que demorei a entender, acho que as pessoas perguntam para saber se você tem esse carro por herança ou se foi atrás de um veículo desses porque realmente gosta, costumo rebater com: “xiiii de família nada… é o maior ovelha negra, não vai para a festa de Natal, casamento nem nada, nenhum apego pelos seus semelhantes”. Normalmente a cara da pessoa que ouve isso, se transforma num imenso ponto de interrogação, por isso, para não ficar chato acabo completando dizendo o tempo que tenho o carro.
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“Quer vender?”, isso me aconteceu esta semana, com uma insistência grande, encostei o Maverick no posto de combustíveis, o sujeito chegou perguntando do carro, respondi todos os questionamentos do curioso rapaz. Até que ele começou a me fazer ofertas de compras, fui resistindo. Quando o valor chegou a quase o dobro do que paguei, pensei… pensei… e achei melhor ir embora. Afinal de contas, dinheiro é bom, mas andar de carro antigo — e ter essas histórias para contar — é bem melhor!
PT
Fotos; autor