O que era para ser um pré-lançamento do novo Q3 se transformou em festival da Audi, que levou vários modelos para a Chapada dos Guimarães, MT no evento que ela batizou de Q Territory. Além de toda família Q de suves (o novo Q3, mais o Q5 e o Q8), lá estavam também alguns RS, que é sempre uma grande alegria de acelerar. Mesmo que seja para checar os mais de 400 cv em uma rápida arrancada em uma pequena pista de pouso, os RS são uma grande homenagem aos motores de combustão interna, um pico de tecnologia e de prazer ao volante. O RS é um dos poucos carros que me fazem lamentar ser pobre.
Mas, voltando ao Q3, ele realmente tinha de mudar, por razões comerciais e industriais: era praticamente o último produto do Grupo VW na Europa que ainda usava uma plataforma antiga. Atualmente todos os carros e SUVs de plataforma modular MQB, o que simplifica a produção e diminui custos, além de outras vantagens técnicas que uma nova base sempre traz, caso de maior rigidez torcional. Além disso, vinha perdendo vendas por ter se transformado em “antigo”, já que este novo Q3 já era vendido na Europa desde meados de 2018.
Mas, no Brasil ainda existem quatro produtos VW em outras plataformas mais antigas: Gol, Voyage, Fox e up! Mas, até 2021 todos terão de se enquadrar na nova plataforma MQB, sendo certo o lançamento de um Gol totalmente novo. Os outros três (Voyage, Fox e up!) tem sobrevivência ainda incerta. O Voyage, pela sua superposição com o Virtus, provavelmente sairá de linha.
Porém, o Audi Q3 era nacionalizado na fábrica do Grupo em São José dos Pinhais (PR) com plataforma antiga, uma unidade que agora só terá produtos de plataforma MQB, caso do VW T-Cross.
E aí começam as dúvidas. Justamente agora, que o Audi Q3 adota a plataforma mundial, ele deixará de ser nacionalizado, passando a ser importado de Györ, na Hungria. Por isso, seu preço aumenta nesse modelo 2020, indo dos RS 180 mil na versão de entrada, a Prestige, mas pode chegar aos R$ 210 mil no topo de linha, na versão Black.
E, claro, sempre tem mais um bom gasto em possíveis opcionais, como o teto solar panorâmico ou um pacote eletrônico de segurança (controle de cruzeiro adaptativo e pré sense com frenagem automática), cada um custando mais R$ 8 mil. O Q3 anterior nacionalizado, modelo 2019, partia dw R$ 160 mil..
Mas a Audi afirma oficialmente que não vai nacionalizar o novo Q3, já que se trata de um suve de luxo e não teria escala para esta operação. Porém, conversas não oficiais de bastidores dão conta de que o Q3 voltaria a ser paranaense a partir de março do próximo ano. A razão da negativa da Audi na nacionalização estaria exatamente neste preço inicial que tenderia a cair, mesmo com uma baixa nacionalização de componentes. Afinal, a plataforma já está em produção em São José dos Pinhais e o motor (agora único, o turbo 1,4 TFSI) também é usado em vários produtos nacionais da VW. Ou seja, tudo isso facilita a nacionalização. É esperar para ver.
Por enquanto, o Q3 húngaro vai inaugurar a nova linha, com o motor 1,4 de 150 cv (a 5.000 rpm) “inflex”. Inicialmente não haverá a opção do 2,0 TFSI da versão anterior.
Visualmente o novo Q3 cresceu, mas mantém o desenho básico externo do modelo anterior, com uma boa atualização de linhas e alguns recursos estéticos um pouco comuns em novidades 2020, inclusive de outras marcas: lanternas traseiras em “gotas deitadas” e grade dianteira octogonal maior, até um pouco exagerada. Tanto que fica melhor na versão Black, quando essa grade perde o cromado, se tornando mais discreta. Como é de hábito na Audi (e no grupo VW) raramente surge uma revolução estética. É sempre uma “penteada”, uma harmonização maior do design, bem mais perceptível quando se coloca o modelo anterior com seu sucessor.
O novo Q3 cresceu 96 mm eme comprimento (de 4.388 mm para 4.484 mm) e ganhou 77 mm de entre-eixos (de 2.603 mm para 2.680 mm), quase saindo da categoria dos compactos. Claro, isso ampliou o espaço e conforto interno, mantendo um acabamento a altura de um carro de grife. Continua com um ótimo porta-malas (foi para 530 litros) e o banco traseiro é corrediço, contando ainda com descansa-braço central com dois porta-copos. Traz ar-condicionado bizona com saída para o banco traseiro. E o Q3 sempre foi um dos dois best sellers da Audi no Brasil, já vendeu 25 mil unidades desde 2013, um número elevado para sua categoria. Junto com o sedã A3, o Q3 sempre respondeu pela maioria das vendas no País.
Antes de rodar, um aviso da Audi dava conta que as únicas quatro unidades do Q3 disponíveis para o teste de cerca de 120 quilômetros não eram exatamente as versões de acabamento que virão para o Brasil no início de 2020. O Q3 que rodei inclusive tinha um acabamento mais simples, de bom gosto, mas com estofamento de tecido, enquanto o vendido aqui terá apenas couro (sintético no modelo de entrada).
Como todo Audi, o Q3 é bom de curva, com pouca inclinação de carroceria (rolagem), já que ele não é muito alto (1.616 mm) e nem tão pesado para um suve (1.580 kg), mostrando frenagens eficientes e seguras, mesmo antes de entrarem os auxílios eletrônicos. A suspensão tem acerto mais para o esportivo, como é padrão da Audi.
A aceleração parecia comprovar os 9,3 s de 0 a 100 km/h declarados. Da mesma forma, a vontade com que o Q3 continuava acima dos 160 km/h também sugeria a máxima de 207 km/h ser verddeira.
Porém um detalhe chamou a atenção: o câmbio robotizado S tronic tinha sete marchas (engatadas pelas borboletas no volante, o painel mostra a marcha engatada), mas o divulgado era seis marchas.
Conversando com Boris Feldman (também aqui do AE) e Emilio Camanzi (do Canal Carros com Camanzi), confirmamos a tradicional teoria de que “prostitutas idosas” são sempre mais desconfiadas. Eles também acharam o rendimento do motor 1.4 TFSI “diferente”. Fomos pesquisar e acabamos descobrindo com o pessoal da Audi que havíamos testado o Q3 alemão e não o húngaro que virá para o Brasil, já que os germânicos eram os únicos disponíveis para chegar a tempo para o evento. Só que o Q3 alemão já traz o novíssimo motor 1,5 TFSI, que entrou em produção há apenas algumas semanas, além de contar com uma marcha a mais no câmbio robotizado. Sem saber, estávamos estreando um novo motor, o que foi pouco noticiado por aqui. Mas, a Audi afirma que a potência máxima (de 150 cm a 5.000 rpm) e torque (máxima de 25,5 m·kgf entre 1.500 e 3500 rpm) são os mesmos. Mas que o motor é diferente, isto ele é. Comparando com outros carros do grupo VW com o 1,4, o 1,.5 parece mais “cheio” e mais esperto nas respostas.
Assim, as impressões ao dirigir são apenas uma referência inicial — aceitável já que se trata de um pré-lançamento — a ser confirmada quando rodarmos com o Q3 que traz o motor 1,4 TFSI com o qual será vendido aqui. Afinal, 100 cm³ a mais sempre fazem alguma diferença. Ainda mais que se trata de um motor com novo bloco, um projeto atualizado. Bom avisar que o 1,4 continua em produção também na Europa, apesar da chegada do 1,.5, ambos TFSI.
Quanto aos equipamentos, o novo Q3 justifica sua posição de marca Premium, tendo de tudo principalmente nas versões de topo. Painel em TFT programável (Virtual Cockpit), tela multimídia central de 8,8 polegadas, quatro tomadas USB, comando por voz, iluminação por LEDs e por aí vai. Claro que o acabamento interno, como a forração, varia nas três versões, indo do couro sintético até o bem mais fino Alcântara. Em pré-venda, a Audi oferece algumas vantagens, como a garantia de quatro anos.
Curiosamente, as rodas aumentam uma polegada em cada um dos três modelos. No Prestige de entrada, as rodas são de 17 polegadas, com pneus de perfil 65. Já no Prestige Plus, são de 18 polegadas, mas o perfil cai para 55. Finalmente o Black, topo de linha, traz as maiores rodas, de 19 polegadas, com pneus com perfil ainda mais baixo, série 50. Ou seja, independente do diâmetro da roda, o perímetro do conjunto com os pneus se mantém, para não alterar a relação final de transmissão. O que acaba mudando um pouco as reações do volante, com respostas mais rápidas com pneus de perfil mais baixo.
De qualquer forma, o que mais impressiona neste verdadeiro festival da Audi na Chapada dos Guimarães é a rapidez com que a marca se integrou no mundo Premium e ganhou vida própria. Em pouco mais de três décadas, a marca deixou de ser apenas um Volkswagen de luxo para formar um trio alemão de topo ao lado de Mercedes-Benz e BMW.
JS
FICHA TÉCNICA DO AUDI NOVO Q3 | |
MOTOR | |
Denominação | EA211 R4 1.4 TFSI |
Descrição | 4 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas, correia dentada. variador de fase na admissão e escapamento, 4 válvulas por cilindro, atuação indireta por alavanca-dedo roletada, fulcro hidráulico para compensação da folga de válvulas, injeção direta, turbocompressor com interrestriador, gasolina 95 RON |
Diâmetro x curso (mm) | 74,5 x 80 |
Cilindrada (cm³) | 1.395 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Comprimento da biela (mm) | 140 |
Relação r/l | 0,285 |
Potência máxima (cv/rpm) | 150/5.000 |
Torque máximo (m·kgf/rpm) | 25,5/1.500~4.000 |
SISTEMA ELÉTRICO | |
Tensão (V) | 12 |
Alternador (A) | 140 |
Capacidade da bateria (A·h) | 59 |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Robotizado S tronic, duas embreagens a seco |
N° de marchas | 6 à frente e uma à ré, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª. 3,46; 2ª. 2,05; 3ª. 1,30; 4ª.0,90:1; 5ª. 0,91; 6ª 0,76; ré 3,99 |
Relações de diferencial (:1) | 4,80 e 3,60 |
FREIOS | |
De serviço | Hidráulico, duplo circuito em diagonal, servoassistido a vácuo |
Dianteiro (Ø mm) | Disco ventilado/n.d. |
Traseiro (Ø mm) | Disco/n.d. |
Controle | ABS (obrigatório), distribuição eletrônica das forças de frenagem, assistente em freagens fortes |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson com subchassi de alumínio, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Independente, multibraço, mola helicoidal e amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 11,8 |
Relação de direção média (:1) | 15,3:1 |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio 7Jx17 |
Pneus | 215/65R17V |
PESOS | |
Em ordem de marcha (kg) | 1.580 |
CARROCERIA | |
Tipo | Monobloco em aço, suve, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro e traseiro |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | |
Comprimento | 4.484 |
Largura com espelhos | 2.024 |
Altura | 1.616 |
Distância entre eixos | 2.680 |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 530 |
Tanque de combustível | 58 |
DESEMPENHO | |
Velocidade máxima (km/h) | 207 |
Aceleração 0-100 km (s) | 9,3 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBEV | |
Cidade (km/l) | n.d. |
Estrada (km/l) | n.d. |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
V/1000 em 6ª (km/h) | 47,5 |
Rotação do motor a 120 km/h em 6ª (rpm) | 2.500 |
Rotação do à vel. máxima em 5ª (rpm) | 5.200 |
EQUIPAMENTOS DO AUDI NOVO Q3 2020 |
CONFORTO E COMODIDADE |
Acabamento interno em cinza micrometálico |
Apoio de braço dianteiro |
Apoio lombar com ajuste elétrico |
Ar-condicionado automático bizona com saída para o banco traseiro |
Banco do motorista com ajuste elétrico |
Banco traseiro rebatível com ajuste de inclinação do encosto |
Bancos dianteiros conforto |
Bancos em couro sintético |
Chave codificada com SafeLock |
Controlador automático de velocidade de cruzeiro |
Descansa-braço central com 2 porta-copos no banco traseiro |
Engates Isofix para dois bancos infantis com ponto de fixação superior |
Espelho interno prismático |
Painel de instrumentos digital |
Seletor de modo de condução Audi Drive Select |
Sensores crepuscular e de chuva |
Sobretapetes dianteiros e traseiros |
Teto moldado em tecido |
Teto solar panorâmico |
Tomada 12 V e 2 portas USB para o banco traseiro |
Volante esportivo em couro, multifuncional e com borboletas de câmbio |
EXTERIOR |
Carcaça dos espelhos externos na cor do veículo |
Espelhos externos com ajuste elétrico |
Estrado de teto tipo longarinas preto |
Frisos decorativos pretos |
Vidros laterais e traseiro com isolante térmico |
RODAS |
Rodas de liga de alumínio 7J x17 com pneus 215/65R17 |
SEGURANÇA |
Alarme |
Assistente de partida em aclives e controle de descida |
Bolsas infláveis frontais (obrigatórias), laterais e de cortina |
Câmera de ré |
Cintos de segurança com sensor de afivelamento |
Comando de voz |
Controle de estabilidade e tração |
Faróis de LED |
Freio de estacionamento eletromecânico com função de atuação automática nas paradas |
Luz de neblina traseira |
Sensor de estacionamento traseiro e dianteiro |
Travamento central com controle remoto |
SISTEMA DE ÁUDIO |
Bluetooth |
Interface para smartphone (Android Auto e Apple CarPlay) |
MMI Touch/Rádio Plus com tela de 8,8 polegadas |
Seis alto-falantes |
OPCIONAIS |
Controle de automático de cruzeiro adaptativo e pre sense com frenagem automática |
Pintura metálica, perolizada e sólida especial |
Teto solar panorâmico |