A aprovação do Ministro da Saúde da Áustria para duas provas em Spielberg, a isenção de quarentena para quem trabalha na F-1 garantida pelo governo britânico e a possível realização de uma segunda prova na Itália movimentam cada vez mais as equipes da categoria rumo ao verdadeiro início da temporada 2020. Além do trabalho de preparação e logística os bastidores da categoria (foto de abertura) também mostram atividade política em busca de soluções que possam aumentar o interesse do público; fim de semana com duas corridas e grid invertido são algumas dessas possibilidades. Um programa com apenas dois dias de atividades (sábado e domingo) é dado como fato consumado.
Em todas as corridas será adotado um protocolo de segurança que inclui desde o alojamento de uma equipe por hotel, passa por fazer o trajeto até o autódromo, e respectivo retorno, sem interrupções e inclui não interagir com as demais equipes. As arquibancadas deverão ficar vazias em todas as provas até segunda ordem. De acordo com o jornalista e atual Ministro da Saúde da Áustria, Rudolf Anschober, todos os detalhes de prevenção e segurança estão previstos: “O organizador da prova apresentou um conceito baseado nos requerimentos especiais para a F-1 e as medidas protetivas necessárias para evitar o contágio do coronavírus.”
Um calendário revisto da temporada 2020, que deveria ter sua oitava etapa, em Baku (Azerbaijão) no próximo fim de semana, deverá ser finalmente anunciado até o final desta. Até o momento foram canceladas quatro provas (Austrália, Mônaco, França e Países Baixos) enquanto as etapas do Bahrein, Vietnã, China, Espanha, Canadá e Azerbaijão foram oficialmente adiadas.
Outras etapas, como Cingapura, ainda correm risco de não se realizaram. O GP do Brasil está programado para o dia 15 de novembro, mas a reformulação das datas poderá antecipar a prova em uma semana; essa é a última edição da prova dentro do contrato atual, ainda não renovado oficialmente. Já o ACI (Automóvel Clube da Itália) garantiu a presença de Monza no calendário da F-1 por mais cinco anos e negocia a possibilidade de uma segunda etapa este ano, etapa que poderia ser em Imola ou em Misano.
Em meio a tudo isso, a maioria das equipes já voltaram a trabalhar em regime especial, fato que reforça a situação de volta próxima à normalidade. A Ferrari montou o programa “Back on Track” (“De volta à pista” em uma tradução livre) e montou uma espécie de hospital de campanha na pista de Fiorano para avaliar e testar os funcionários que aceitassem passar por uma análise medica que inclui checagem de possível contaminação do Covid-19.
Perto dali, em Faenza, a AlphaTauri (antiga Toro Rosso) instalou proteção entre os postos de trabalho, além de check-ups regulares em seus colaboradores. Na Inglaterra, a Red Bull explorou a área de sua sede para espalhar os funcionários que também voltaram ao trabalho ontem, enquanto a Racing Point programou o reinício de suas atividades para amanhã. De acordo com Franz Tost, executivo principal da AlphaTauri, cada GP não disputado significa uma queda de faturamento entre US$ 1,5 milhão e US$ 2 milhões (algo entre R$ 8 milhões e R$ 11,4 milhões) no orçamento das equipes.
Em 2021 entra em vigor o teto de gastos de US$ 145 milhões/ano (R$ 826,5 milhões ao câmbio de R$ 5,7 por US$ 1), e para diminuir esse prejuízo equipes e a FOM (braço da Liberty Media que explora os direitos comerciais da categoria) buscam soluções para aumentar a audiência e os valores de patrocínio. Uma ideia já aprovada é a realização de dois GPs no mesmo circuito — a Áustria, por exemplo, terá provas nos dias 5 e 12 de julho — e discute-se a realização de uma corrida curta no sábado, evento que serviria como prova de classificação para o grid da corrida principal no domingo. Este formato será usado em quatro etapas do calendário da Stock Car brasileira.
Christian Horner, líder da equipe Red Bull, defende que, nesse caso, o grid da corrida de domingo deveria ser invertido, algo que Toto Wolff, seu correspondente na equipe Mercedes, não concorda. Para Horner, que já sugeriu a venda de carros para equipes menores, o momento de crise que a F-1 atravessa é para fazer experiências como essas. Em uma temporada das mais atípicas, senão a mais atípica na história da F-1, ele tem boa dose de razão.
WG