Toda redação tem um manual de redação e neste são indicadas palavras que nunca devem usadas. Como eu já disse em outras oportunidades, já no início do AE há 12 anos adotamos o Manual de Redação e Estilo do O Estado de S. Paulo como referência por apreciarmos sua redação. Entre as palavras que o jornal não usa (nem nós) há uma que volta e meia aparece num comentário para descrever um carro maltratado, castigado: judiado. O motivo é respeito aos judeus, alvos de tanto sofrimento e morte na Alemanha entre 1933 e1945.
O AE também terá o seu manual, atualmente em fase de compilação. Quem é mais atento deve ter notado que nunca empregamos a palavra automotiva/automotivo, e que quando um leitor a utiliza num comentário é sistematicamente trocada pelo moderador por automobilística/automobilístico por ser relativo ao automóvel. Mesmo que conste dos dicionários, automotivo é falso cognato do inglês automotive, cuja tradução correta é automotriz. Quem conhece eletrotécnica sabe da força eletromotriz, electromotive force em inglês.
Há um termo que o AE deixou de usar há cerca de dois anos: SUV. A maioria dos leitores aceitou, alguns não. O motivo de mudarmos é SUV ser sigla de uma denominação estrangeira (sport utility vehicle, veículo utilitário esporte), combinado com o fato de haver quem pronuncie suv. Pareceu-nos mais lógico transformar a sigla em palavra adicionando-lhe um ‘e’. Muitos poderão indagar por que continuamos usando ABS (anti-lock braking system, sistema de freio antitravamento), mas fato é que ficaria estranho escrever abeesse. Suve todos entendem do que se trata no contexto de uma frase. Aliás, na recente coletiva de imprensa ao vivo pela internet do novo Jeep Compass, viu-se executivos da Stellantis falarem suv em vez de S-U-V.
Outra palavra banida do AE é montadora para representar fabricante de automóvel. Esse é um dos mistérios do vocabulário da língua portuguesa no Brasil. É impressionante como esse temo nos chega nos comentários. Chega ao absurdo de se ver num dicionário como o Caldas Aulete a definição “Indústria que fabrica e monta veículos”, o que implicitamente restringe o termo ‘montadora’ à fabricação de veículos, desprezando outros produtos que indústrias produzem. Alguém já ouviu ou leu montadora de lavadora de roupas ou de computadores? Ou garantia de montadora? Ou montadora de bicicletas?
Por falar nessas, bike é outra palavra banida do AE. Pode ser um modismo-anglicismo, mas pode ser também por dar menos trabalho do que escrever ou pronunciar bi-ci-cle-ta. Mesmo motivo, suponho, para se usar ponto ao separar parte inteira da fracionária, menos trabalho de escrever e pronunciar. É mais fácil dizer um-ponto-zero do que um-vírgula-zero.
Banimos também certos modismos como CEO, usando no lugar executivo-chefe ou presidente-executivo (dá mais trabalho…) ou termos novos que substituem consagrados como capotamento, permanecendo com a velha capotagem. Não é assunto do AE, mas é muito estranho ler ou ouvir que carnavalesco agora é diretor de escola de samba, quando sempre foi denominação daqueles que brincam no Carnaval.
Longe de querer ser purista, pois sei que a língua é viva, mas etanol é outra palavra banida no AE. É óbvio que é correta, mas o combustível alternativo começar com um nome e depois mudar, na nossa visão é inadmissível, No AE é álcool.
Esses são alguns exemplos do cuidado com o que escrevemos no AE. O objetivo é o leitor ou leitora ler nossos textos escritos da maneira mais correta possível.
Mais do que nosso compromisso, é nossa obrigação.
Até domingo que vem!
BS