O período é de férias, mas a F-1 2021 segue movimentada no intervalo entre os GPs da Hungria, disputado no domingo retrasado, e da Bélgica, marcado para o próximo dia 29. O insucesso do recurso da equipe Aston Martin contra a desclassificação de Sebastian Vettel em Hungaroring (foto de abertura), motores mais potentes para a equipe de fábrica da Ferrari e a possível adoção de motores de quatro cilindros em 2025 são alguns dos assuntos mais comentados. No Brasil, a Stock Car Pro Series segue com sua tradição de ter os resultados alterados horas após a cerimônia do pódio e a etapa paulista do Campeonato Brasileiro de Endurance acabou com um resultado surpreendente: a dupla Cacá Bueno-Ricardo Baptista venceu a prova pilotando um carro da categoria GT3, deixando para trás os potentes protótipos da categoria P1.
O regulamento técnico da F-1 estipula que após o final das provas os carros tenham o mínimo de um litro de combustível para eventuais análises. No GP da Hungria os comissários técnicos da FIA só conseguiram recolher 300 ml, ou seja 70% a menos que o exigido, e desclassificaram o alemão Sebastian Vettel, que terminou em segundo lugar, atrás de Estebán Ocón. Inicialmente a equipe inglesa alegou que pelos instrumentos de bordo deveria haver 1,5 litro de gasolina e ao apelar da decisão apresentou evidências de um vazamento na linha de combustível. A FIA, porém, manteve-se irredutível e agora o time baseado em Silverstone estuda a possibilidade de recorrer da decisão junto à Corte Internacional de Apelações, da FIA.
A falta de velocidade nas retas é o mais recente calcanhar de Aquiles no que diz respeito ao desempenho dos carros da Ferrari. O sombrio Mattia Binotto, responsável pela operação F-1 de Maranello, comentou que na segunda metade da temporada os V-6 065 usados pela Scuderia, pela Alfa Romeo Sauber e pela Haas terão extensas modificações: “No início do ano nós ainda não tínhamos terminado o desenvolvimento do nosso motor e iniciamos a temporada com uma versão revisada da unidade de potência. Assim, podemos usar uma nova receita que inclui alterações no motor de combustão interna (ICE na sigla em inglês), turbo, baterias e recuperadores de energia cinética e térmica, entre outras coisas.”
Os motores aperfeiçoados serão usados, muito provavelmente, a partir do GP da Itália e poderão eliminar as dores de cabeça que a Ferrari sofre nesse departamento. Além da velocidade nas retas inferior, Carlos Sainz já esgotou a quota de troca de motores para o ano e a batida de Lance Stroll em Charles Leclerc inutilizou a segunda unidade desse equipamento no carro do monegasco. As alterações darão um novo colorido à batalha pelo terceiro lugar entre os Construtores: atualmente Mercedes e Ferrari estão empatadas com 163, contra 303 da Mercedes e 291 da Red Bull.
Em 2025 entrará em vigor uma nova regulamentação técnica referentes aos motores. A solução atual usa uma unidade potência híbrida que inclui um motor de combustão interna de 2,4 l e seis cilindros em V (a chamada “unidade de potência), um gerador de energia térmica (MGU-H) e outro de energia cinética (MGU-K). O primeiro funciona a partir de uma turbina acionada pelos gases do escapamento. O segundo é acionado por engrenagens conectadas ao virabrequim. A potência gerada por ambos aumenta em 300 cv os 700 cv produzidos pelo ICE.
Marca há décadas esperada para produzir um motor de F-1, a VW estaria condicionando sua entrada na categoria à adoção de um motor de quatro cilindros em linha, solução que entusiasma pouca gente. Entre os que rejeitam a proposta está Marcin Budkowski, da Alpine: “Para nós não faz sentido adotar um conceito que prejudica três companhias para beneficiar apenas uma”.
Essa não é a única preocupação de Budkowski: esta manhã a agência Reuters informou que Remi Tauffin, desde 1999 na Renault e atual responsável técnico da área de motores, deixou o time francês no início de julho. A aposta sobre seu destino é a divisão de motores da Red Bull, empreendimento que comprou os direitos intelectuais do motor Honda, equipamento que a partir de 2022 será rebatizado com o nome dos energéticos.
Stock Car
Já virou tradição a alteração dos resultados da categoria Stock Car horas após o término das provas e, principalmente, após a TV mostrar a cerimônia de pódio. No último fim de semana Rafael Suzuki venceu praticamente de ponta a ponta a corrida 1 do evento disputado pelo anel externo do Autódromo de Curitiba. A vitória do paulista que corre pelo Estado do Maranhão, durou cerca de quatro horas: vistoria técnica realizada no seu Toyota Corolla após a corrida indicou que o combustível analisado estava fora dos padrões de referência. Segundo o chefe de equipe de Suzuki, Maurício Ferreira, “os comissários detectaram 27% de etanol, 1% acima do limite aceitável (…). Não vou entrar no mérito (da questão) porque temos uma estratégia de defesa e vamos defender esses pontos com unhas e dentes e com toda a integridade e seriedade do nosso histórico.”
Independente do fato em si, a recorrência com que os resultados das provas são alterados não é benéfica para a categoria considerada a mais profissional do País. O tema merece que a Confederação Brasileira de Automobilismo e seu Conselho Técnico Desportivo Nacional trabalhem para eliminar, ou minimizar, a repetição de tantas desclassificações.
Dia do caçador
Campeonato que reúne automóveis de alto desempenho, o Brasileiro de Endurance tem nos protótipos AJR e Sigma seu carros de maior rendimento. A prova 4 Horas de Interlagos, porém, teve um resultado surpreendente: um Mercedes-Benz-AMG, um McLaren 720S e um Porsche 911, todos derivados de esportivos que põem ser vistos nas ruas, ocuparem o primeiro, terceiro e quinto lugares da classificação geral. Cacá Bueno e Ricardo Baptista pilotaram o carro vencedor.
WG