O Honda City está em produção no Japão desde 1996. Em 2006 e 2008 houveram evoluções dessa plataforma, e finalmente em 2009 o City estreou no mercado brasileiro. A última remodelação foi em 2014 e agora, para 2022, os engenheiros do Japão em conjunto com a engenharia local da Honda utilizaram a mesma plataforma para criar a 5ª geração com dois novos modelos — um sedã e um surpreendente hatch de 5 portas que substitui o Honda Fit que já vinha com estilo cansando no mercado.

Ambos recebem o novo motor 1,5-l DOHC 16v i-VTEC de aspiração atmosférica com injeção direta que entrega 126 cv a 6.200 rpm  e 15,5/15,8 m·kgf a 4.600 rpm. O comando de válvulas de admissão possui variação de fase e de amplitude de abertura. A construção é em alumínio para bloco, cárter e cabeçote, e o coletor de admissão é plástico com longos ramos para propiciar maior enchimento dos cilindros, e consequentemente potência, em baixas rotações. O único câmbio disponível é o CVT de 7 marchas com trocas manuais sequenciais, em modo manual, por borboletas atrás do volante em todas as versões.

Por a formação de mistura ar-combustível ser mediante injeção direta, é desnecessário sistema auxiliar de partida a frio por injeção de gasolina ou aquecimento do álcool.

Se preferir assista primeiramente ao vídeo de apresentação gravado na fábrica da Honda em Sumaré, SP:

Sedã cresceu

Na primeira olhada ao sedã nota-se seu crescimento e traços bem desenhados. São 94 mm a mais no comprimento, que passa a ser 4.549 mm, 53 mm a mais na largura, que agora é 1.748 mm, e 8 mm menos na altura, ficando com 1.477 mm. Tudo isso deixou o carro mais musculoso e mais baixo, melhorando o comportamento dinâmico com o CG (centro de gravidade) mais baixo, e ajudando no consumo de combustível.

O porta-malas de 519 litros, é um dos principais atributos avaliados por quem busca um sedã médio e teve a “boca” aumentada de 964 mm para 994 mm, facilitando a acomodação de objetos maiores, porém não conta com o rebatimento do encosto do banco traseiro.

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São três versões de acabamento e conteúdo (EX, EXL e Touring), e diferentemente do H-RV e Civic que ao receber o sobrenome Touring carregam um motor de maior desempenho, no caso do City a motorização segue inalterada nessa versão. O diferenciador fica para itens de acabamento e inclusão do pacote Honda Sensing composto por: frenagem autônoma de emergência, aviso de saída de faixa com auxiliar de permanência em faixa e centralização de faixa, controle adaptativo de velocidade de cruzeiro e faróis de LED com alto automático.

A utilização de chapas de aço de maior resistência permitiu o emagrecimento de 4,3 kg com aumento de 20,4% na rigidez total da carroceria. Um ganho que se traduz em economia de combustível, melhor dirigibilidade e maior durabilidade do monobloco e dos componentes internos.

Os bancos dianteiros tiveram as estruturas redesenhadas para proporcionar maior estabilidade do corpo, e deixaram de ser uma estrutura apenas de molas. Com isso os engenheiros da Honda informam que houve aumento do apoio do quadril e melhor postura lombar, o que deve melhorar a fadiga corporal em longos períodos. A distância entre os trilhos foi aumentada em 25 mm, permitindo maior espaço para os pés do passageiro do banco traseiro. Esse novo conceito de banco foi aplicado nos dois modelos.

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Novo hatchback

Para substituir o versátil Honda Fit o novo modelo não poderia perder essa característica, e para isso traz o sistema de rebatimento de bancos similar ao Honda WR-V, permitindo baixar ou levantar o conjunto com apenas uma das mãos, e ao estar rebatido deixa o porta-malas com assoalho plano, aumentando o volume de 268 litros para mais de 1.100 litros.

O entre-eixos cresceu 70 mm em relação ao Fit, ficando com 2.600 mm, igual ao City sedã. No comprimento total cresceu 245 mm em relação ao Fit e termina com a traseira truncada com 4.341 mm, 208 mm a menos que o sedã. Na largura e bitolas dos eixos segue as dimensões do sedã, lembrando que as bitolas de eixos não foram alteradas em relação ao City atual.

Em comparação com o sedã, a versão hatch pesa 7,3 kg a menos e apresenta rigidez estrutural 6% maior, dado que é estranho devido ao grande vão da porta de carga que todo hatchback tem. Isso demonstra o grande trabalho de engenharia e utilização de materiais nobres do projeto.

São duas versões de acabamento disponíveis para o hatchback: EXL e Touring, e assim como na versão sedã o conjunto motor e câmbio seguem inalterados entre as versões. O Touring traz também o mesmo pacote de segurança Honda Sensing.

As duas carrocerias trazem um vinco retilíneo na lateral conectando o farol com a lanterna traseira acentuando o crescimento dos carros. A área envidraçada é bem avantajada e o recuo do posicionamento dos retrovisores externos melhorou a visibilidade do interno das curvas. A grade frontal tem elementos horizontais no sedã e formato de colmeia no hatch. Acima da grade, uma larga faixa cromada carrega o logotipo da marca e conecta os faróis.

A silhueta do sedã segue o estilo de três volumes da versão atual, enquanto o novo hatchback inova a linha ao trazer uma coluna traseira inclinada para frente e uma grande porta para acesso ao porta-malas. Os dois modelos não oferecem dificuldades para acomodação no banco traseiro, tendo bom espaço para as pernas, pés e cabeça. A inclinação do encosto do hatch pareceu mais agradável que no sedã, mas isso é item que requer maior tempo para avaliação e comparação.

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Impressões ao dirigir

Esta avaliação inicial foi restrita à pista de teste montada no pátio da fábrica em Sumaré, no interior de São Paulo, onde foi possível fazer apenas algumas manobras, e sem a autorização para gravação de vídeo no momento da avaliação. Mas nota-se que o novo motor tem boa elasticidade e o casamento com o câmbio CVT aparenta boa calibração, porém uma avaliação em pista com aclives e declives é necessário para um bom veredito.

Em situações de cargas parciais a rotação do motor cresce de modo vagaroso e a mudança de relações de marcha entre as polias movida e motora é crescente, sem emulação de marchas enquanto a velocidade do carro é crescente. Já em modo de plena aceleração os engenheiros da Honda criaram o “step shift”, um efeito que emula as 7 marchas de um câmbio automático, trazendo aquela sensação de esportividade.

Nas frenagens acontece o inverso. O câmbio antecipa a redução de marcha, com leve aceleração interina, ficando pronto para uma retomada de aceleração ao trabalhar em regime mais elevado de rotação. Segundo os engenheiros da Honda essa nova característica melhora o freio-motor em descidas de serra, principalmente. Além de não aumentar o consumo de combustível, pois nessa condição a injeção de combustível é praticamente zero.

Com os pesos em ordem de marcha variando de 1.165 kg no EX sedã a 1.180 kg no Touring hatch, o consumo de combustível homologados junto ao Inmetro aparentam terem sido otimizados para o uso urbano. Sedã 13,1/9,2 km/l no urbano e 15,2/10,5 km/l no rodoviário, enquanto o Hatch traz 13,3/9,1 km/l no urbano e 14,8/10,5 km/l no rodoviário. A Honda não divulga os dados de desempenho de seus veículos.

Dinamicamente

Os componentes rígidos das suspensões dianteira e traseira são os mesmos do City atual com McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, e ambos com molas e amortecedores recalibrados pelos engenheiros locais para atender as características de nossas vias e gosto dos brasileiros. Com isso foram instalados batente hidráulico (stop hidráulico) nos amortecedores dianteiros, evitando o indesejável ruído de queda de roda quando a suspensão atinge seu curso máximo de extensão, como ao transpor uma lombada.

Nesta breve avaliação foi possível notar a preferência pelo conforto geral, permitindo uma maior rolagem da carroceria. O sistema de direção tem assistência elétrica com ótimo esforço estático e definição de centro bem positiva. Ao acionar o sistema de auxilio de permanência em faixa, aumenta-se essa centragem positiva e o carro fica mais confortável para longas viagens, pois autonomamente mantém o veículo no centro da faixa de rolagem — quando esta está sinalizada, obviamente.

Há apenas um desenho de roda de 16” em liga de alumínio para todas as versões, com face diamantada e pintura escurecida. Montadas com pneus 185/55R16 demonstra que a busca e preocupação pela máxima eficiência energética foi preponderante no projeto.

Honda Sensing

Algumas das funcionalidades do sistema de segurança ativa Honda Sensing também foram avaliadas em manobras específicas e em condições controladas.

O controle adaptativo de velocidade de cruzeiro funciona semelhantemente a outros carros já avaliados, com a diferença que permite ultrapassar veículos mais lentos pela direita, o que não é permitido pela legislação brasileira. Não ocorrer a antecipação de aceleração ao acionar o pisca a esquerda. A distância de seguimento do veículo à frente é ajustável, sendo a menor distância (cerca de 3 segundos) ainda é muito grande para o indivíduo à frente entender que você estava mais rápido e gostaria que ele(a) saísse para a direita. O sistema funciona a partir de 30 km/h.

O alerta de saída de faixa é ativo e pouco intrusivo. Quando o veículo transpõe o limite da faixa sem o uso do pisca, o volante vibra e um sinal de alerta é exibido no quadro de instrumentos. O sistema atua na direção para reposicionar o carro na faixa de rolamento.

Ainda no quesito de segurança os novos Honda City vêm equipados com 6 bolsas infláveis de série, apoio de cabeça dianteiro com redutor de impacto, engates Isofix para dois bancos infantis com ancoragem superior e controle de estabilidade e tração. E nas versões topo de gama há ainda câmera no retrovisor lado direito para mitigar o ponto cego do retrovisor e alerta visual de proximidade através da tela da central multimídia.

Conectividade e conforto

A Honda dá um passo à frente com a nova central multimídia com tela de 8 polegadas e espelhamento de Android Auto e Apple CarPlay sem fio, mas ainda fica um passo atrás ao não oferecer o carregamento de bateria de celular por indução, equipamento já disponível em outros veículos dessa categoria.

Outro passo à frente é o novo quadro de instrumentos híbrido, onde o conta-giros à esquerda tem grafia analógica com apresentação em tela TFT e o velocímetro à direita é totalmente analógico. Ao centro do conta-giros são mostrados os parâmetros do computador de bordo.

Chave presencial com partida por botão, monitoramento de pressão dos pneus, faróis de LED com luzes de rodagem diurna também de LED, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro e dianteiro, revestimento em tecido que imita couro preto ou bege são outros itens de série disponíveis, dependendo da versão escolhida.

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Mercado

O fim da produção local do Honda Civic e Fit no final do ano deixa claro a estratégia da Honda do Brasil em focar sua força de vendas nos novos hatch e sedã compacto, fazendo com que o City sedã Touring ocupe o espaço deixado pelo Civic. Se vai dar certo, somente o tempo irá nos responder. A Honda anuncia a importação do novo Civic a partir do segundo semestre de 2022, até lá, quem não tem Civic vai de City.

O suve compacto WR-V pode receber o novo motor em breve ou até sumir do portfólio, pois não faria sentido manter em produção dois motores 1,5-l, sendo um SOHC (monocomando) e o outro, DOHC (duplo comando). O novo HR-V deve derivar dessa mesma plataforma modular do City, mais um risco para encurtar a vida do WR-V.

A pré-venda do sedã tem início em 23 de novembro com entregas previstas para janeiro de 2022, que é quando abre-se a pré-venda do hatchback para entregas em março. O sucesso dessa estratégia será ditado pela resposta dos consumidores aos preços divulgados nesta fase de lançamento:

GB

Nota:  A ficha técnica carece de várias informações, já solicitadas à Honda, que deverão nos chegar hoje e que serão imediatamente adicionadas.