Poucas temporadas da F-1 foram tão exuberantes e emocionantes como a deste ano: a disputa entre o heptacampeão mundial Lewis Hamilton e o enfant terrible Max Verstappen ultrapassou vários limites, esquentou a guerra fria que caracteriza os bastidores da categoria e ainda há mais por vir. Desde o início da temporada os dois já se alternaram cinco vezes na liderança do campeonato e após 20 das 22 etapas do calendário 2021 o holandês segue à frente com 351,5 pontos, oito à frente de inglês. As duas vitórias consecutivas do Hamilton inglês nos GPs de São Paulo e Catar deixaram claro que nem ele nem a equipe Mercedes desistiram da luta.
Essa disputa vai muito além da habilidade de ambos os pilotos: fora da pista os responsáveis pelas equipes de Verstappen (Christian Horner) e Hamilton (Toto Wolff) não perdem oportunidade para emitir declarações e cometer alguns atos que visam, acima de tudo, desestabilizar a equipe adversária. Se poucas vezes se viu uma disputa tão renhida entre pilotos nos mais de 70 anos de F-1, menos ainda dois chefes de equipe digladiaram com tanta intensidade.
Com três vitórias e segundo lugar na quatro primeiras provas, Hamilton chegou a abrir 14 pontos de vantagem sobre Verstappen (94 pontos x 80). Na corrida seguinte, em Mônaco, o holandês venceu e assumiu a liderança da temporada pela primeira vez (185 x 177), mantendo-se nessa posição até o conturbado GP da Grã-Bretanha, quando bateu forte a ponto de ter sido removido ao hospital de Nottingham para exames mais complexos.
Na Hungria Hamilton foi segundo e acumulou 195 pontos, oito a mais que seu rival e manteve a liderança até a Bélgica (202,5 x 199,5) mas o triunfo ao vencer o GP que marcou a volta de Zandvoort ao calendário da F-1, inverteu a situação mais uma vez (224,5 x 221,5). Por mais duas etapas Hamilton liderou (246,5 x 244,5 na Rússia).Na Turquia, décima-sexta etapa do ano, aconteceu a mais recente troca de posições e agora a diferença a favor do piloto da Red Bull é de quatro pontos sobre o inglês: 351,5 x 243,5 pontos.
Desde o início do ano Christian Horner e Toto Wolff se engalfinharam em vários episódios, alguns surreais outros meramente provocativos e dois episódios que ilustram bem essa tertúlia milionária aconteceram nos GPS da Grã Bretanha e do Catar. Em Silverstone, por exemplo, a transmissão de TV exibiu uma mensagem de voz de Wolff ao diretor de prova Michael Masi na qual o austríaco avisava ao australiano que havia mandado um e-mail onde contava sua visão sobre o acidente entre Lewis Hamilton e Max Verstappen. No início da segunda volta o inglês tocou no carro do holandês, que saiu da pista e bateu forte contra as barreiras de proteção. Não deixa de ser hilário esperar que Michael Masi fique acompanhando sua caixa de e-mails durante o desenrolar de um GP, particularmente em um momento em que um piloto era levado ao hospital.
No segundo, Christian Horner não poupou críticas a um fiscal de pista que acionou a bandeira amarela quando Verstappen fazia sua derradeira tentava para obter a pole position. Ao não ter diminuído o ritmo como exigia a situação, o holandês foi punido: em vez de largar ao lado do seu maior rival, foi punido com a perda de cinco posições e alinhou em sexto lugar. Horner não se conformou e questionou a capacidade do fiscal de pista, fato que irritou Michael Mais, que saiu em defesa do bandeirinha. Um pedido de desculpas velado e a visita obrigatória ao próximo seminário anual de fiscais de pista da FIA atenuaram a punição do britânico.
Sem dúvida uma temporada que vai entrar para a história e que tem tudo para terminar com mais lances dramáticos.
WG