Os fabricantes utilizam nomenclaturas e codificações internas para identificar os projetos, geralmente abolidos no início da produção, mas alguns acabam seguindo o veículo por toda sua vida, como é o caso do nome Onix, originalmente nomenclatura do projeto, foi utilizado no batismo do carro. Dentro da própria GM há outros casos e um deles é o código RPO (Regular Production Option – Opção Normal de Produção) Z71, utilizado para identificar o pacote de itens para melhor desempenho no fora de estrada.

A sigla é bem conhecida nos EUA devido sua utilização nas picapes Silverado e Colorado que têm seus atributos para uso fora de estrada melhorado com modificações de carroceria, suspensão e pneus, além do visual mais aventureiro. A Chevrolet busca emplacar esse nome no Brasil com a nova S10 Z71 que carrega o mesmo conjunto mecânico da versão HighCountry e recebe um novo pneu Michelin com melhorias no seu desenho para melhor tração em piso escorregadios e areia.

A aparência externa foi incrementada para atrair um público jovem que precisa ou gosta de picape 4×4, e para isso recebeu faixas adesivas nas laterais e na tampa traseira, além de nova inscrição 4×4 Z71 nas laterais da caçamba. Os logotipos foram escurecidos, assim como as gravatas-borboleta Chevrolet da grade e tampa traseira. A caçamba recebeu arco de proteção (“santantônio”) tubular de grande diâmetro integral que além de embelezar também pode ser utilizado para fixação de carga.

Se preferir assista primeiramente ao vídeo gravado durante a expedição pantaneira com apresentação do veículo e entrevistas com Nélson Silveira, diretor de Comunicação da GM do Brasil, e Rogério Sassaki, gerente de Marketing do Produto:

Expedição pantaneira

Visando demonstrar a boa capacidade para uso em estrada e fora dela a GM convidou um grupo de jornalistas para conhecer o Pantanal sul-mato-grossense onde saímos em comboio da capital Campo Grande em direção ao noroeste do estado para a localidade de Passo do Lontra, às margens do rio Miranda. Foram dois jornalistas por carro para revezamento ao volante, visto que a distância de mais de 300 quilômetros pode ser considerada longa para alguns, mas para as dimensões pantaneiras não são.

Os primeiros 300 km foram pelas rodovias MS-450 e BR-262, em direção a Corumbá. Vias totalmente asfaltadas com boa conservação e belas paisagens. Em Porto Esperança saímos da BR-262 e seguimos pela MS-184, uma via de terra que está acima do nível do pantanal. Foram apenas 30 km por essa via, mas suficientes para notar que o bom ruído de rodagem dos novos pneus Michelin All-Terrain no asfalto, permanecia bom, mesmo no piso áspero e pedregoso. Do mesmo modo, a movimentação da carroceria se mostrou bem equilibrada com a frequência da suspensão, mostrando um bom trabalho de calibração dos coxins hidráulicos da cabina em conjunto com os amortecedores.

Os últimos quilômetros para chegar ao hotel, já fora da MS-184, as erosões, buracos e valetas alagadas exigiram um pouco mais da S10 Z71. Mas nada que tenha nos obrigado a usar a tração 4×4. Pela altura livre do solo e sistema construtivo de carroceria sobre chassi, a S10 enfrenta os obstáculos com facilidade. As primeiras pontes das 71 existentes na MS-184 até Corumbá apareceram, em algumas passamos por cima, em outras a preferência foi seguir pela lateral e enfrentar um pouco da lama ali formada.

O segundo trecho de terra foi seguir pela MS-184 em direção à Fazenda Xaraés, onde encontramos piso arenoso, obrigando a engrenar a tração 4×4 para evitar surpresas. Novamente a S10 Z71 não mostrou dificuldades para transpor esse trecho, e tenho certeza que carros com menor potência teriam problemas ou até poderiam ficar encalhados, pois a areia estava bem solta e fina, formando facões, assemelhando-se ao que vemos em praias e dunas. Afinal, dizem os arqueólogos que essa região já foi fundo de oceano numa era distante, enquanto outros contestam.

Esse mesmo trecho foi percorrido mais duas vezes nesses dias para realizar gravações de vídeo e fotos para esta matéria, e novamente a robustez, conforto e boa dirigibilidade da S10 Z71 foi comprovada.

Para completar essa experiência no Pantanal sul-mato-grossense a bordo da nova S10 Z71 faltava um pouco mais de lama, piso molhado e escorregadio, e fomos agraciados com uma noite inteira de chuva que deixou a estrada MS-184 bem escorregadia e desafiadora para nosso retorno. Utilizando 4×4 engrenado no modo “high” desde a saída do hotel até o asfalto da BR-262, novamente tivemos segurança a bordo da picape.

Conteúdo minimizado

O objetivo da equipe de marketing e vendas da GM é atingir uma participação na produção de 10% com a versão Z71, e seus principais competidores são a Ford Ranger Storm e a Nissan Frontier Attack, todas dentro desse segmento aventureiro jovial. E todas partiram da mesma premissa de reduzir o conteúdo do veículo, deixando-os mais simples sem que fiquem pobres. Itens de menor valor agregado como espelho no para-sol do motorista e espelho retrovisor eletrocrômico, foram removidos. A central multimídia de 8” com WiFi e internet 4G da versão HighCountry deram lugar à central de 7” com espelhamento através de cabo de Android Auto e Apple CarPlay.

O revestimento dos bancos é em couro, facilitando a limpeza mas prejudicando o conforto térmico para o clima úmido e quente do Pantanal. Internamente, a única identificação da versão são as plaquetas em aço escovado com a inscrição ‘Z71’ junto às maçanetas das portas dianteiras.

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Na caçamba, além do “santantônio” tubular integral, foi adicionada a capota marítima como item de série, e no interior da caçamba, o protetor plástico e o amortecedor que alivia o peso da tampa na abertura são acessórios de aquisição e instalação nas concessionárias. Os estribos laterais que ajudam pessoas mais baixas a subir na cabine são itens de série, que para o uso fora de estrada são uma preocupação a mais por limitarem o ângulo de transposição de rampa.

Itens importantes para o conforto e segurança não foram removidos nesta versão, portanto as seis bolsas infláveis estão presentes, assim como o trem de força com tração 4×4, e, principalmente, o para-brisa com faixa degradê. Os demais itens de auxilio ao motorista existentes nas versões LTZ e HighCountry foram removidos para a criação desta versão esportiva e despojada.

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Trem de força

O motor turbodiesel 2,8-litros de 4 cilindros recebeu duas novas calibrações para o ano-modelo 2021, sendo uma mais voltada para melhor consumo de combustível e utilização profissional, que equipa as versões LS, LT e LTZ e outra que privilegia o desempenho na versão HighCountry. Na nova versão Z71 2022 o conjunto adotado foi o de maior desempenho, com potência máxima de 200 cv a 3.600 rpm e torque máximo de 51 m·kgf a 2.500 rpm.

A GM declara aceleração 0-100 km/h em 10,1 segundos e velocidade máxima limitada a 180 km/h. E no consumo de combustível, o número homologado junto ao Inmetro é de 8,3 km/l na cidade e 10,6 km/l na estrada. Nesta expedição pantaneira com o comboio andando em velocidade de segurança o consumo chegou a 12,5 km/l no trecho de asfalto, sempre com o sistema de ar-condicionado, que tem comandos convencionais para apenas uma zona, ligado, e que proporcionou bom conforto no calor de até 37 ºC enfrentado.

O câmbio automático de 6 marchas é o mesmo das demais versões com a calibração de melhor desempenho adotada na HighCountry que favorece ultrapassagens e arrancadas, além de contar com o sistema CPA que reduz os níveis de ruído e vibração em cargas parciais de aceleração. Para mais detalhes veja a matéria de Juvenal Jorge da S10 2018.

O seletor giratório da tração 4×4 está no console central como nas demais versões e conta com a possibilidade de utilizar a caixa reduzida, onde seis marchas mais reduzidas são adicionadas ao sistema de transmissão. Como já informado pelo editor de 4×4 do AE, Luís Fernando Carqueijo, quando a reduzida está engatada pode-se e deve-se utilizar as 6 marchas do câmbio, dessa maneira tornando a condução em condições extremas mais facilitada. O sistema de bloqueio mecânico do diferencial deu lugar ao sistema eletrônico, onde o controle de tração emula o bloqueio ao frear a roda que está com menor aderência — “enganando” o diferencial —, transferindo potência às rodas com mais atrito.

E para complementar os recursos de utilização fora de estrada, há o controle de velocidade em descidas íngremes. O sistema é acionado por botão no painel e é útil para reduzir o escorregamento em ladeiras com piso de baixa aderência, facilitando controlar o veículo.

Dinâmica ajustada

Nos meus últimos anos trabalhando na engenharia do produto da GM, acompanhei o esforço dos engenheiros de dinâmica veicular e ruídos e vibrações se digladiando para obter o melhor compromisso de conforto, dinâmica, ruídos e vibrações. Saibam que ao preferenciar o conforto, a dinâmica fica prejudicada, o mesmo acontece com ruídos, ao se amolecer coxins para maior absorção de ruídos e vibrações transmitidos pela estrutura do veículo, o conforto e a dinâmica ficam prejudicados, pois aumentam-se muito as amplitudes de movimentação da cabine.

Ao dirigir a nova S10 Z71 nos diversos pisos que encontramos nesta expedição pantaneira, não tinha como não lembrar das duras batalhas que assisti, e ver que o resultado e todo esforço valeu a pena. O comportamento dinâmico da picape é muito bom, considerando uma suspensão traseira por eixo rígido e feixes de molas pronta para carregar até 1.000 kg de carga total, o que não ajuda muito no conforto geral na condição vazio.

Na dianteira a construção de braços sobrepostos e mola helicoidal montada ao redor do amortecedor pressurizado permite um bom curso de trabalho, o que resulta em ótima absorção das imperfeições do piso, auxiliada pela barra antirrolagem que limita a movimentação lateral do veículo.

Os pneus Michelin All Terrain 265/60R18 filtram muito bem as primeiras excitações provenientes do piso, e o que é transmitido para a suspensão e cabina é bem amortecido pela suspensão e coxins de cabine, onde 2 dos 8 existentes são hidráulicos. A aspereza de rodagem, que chega à cabine em forma de ruído é atenuada pelo pacote de isolantes acústicos, deixando a picape com um rodar bem comportado para o tipo de veículo.

Mercado

A nova S10 Z71 deve atender muito bem ao público alvo a que se destina, e passa a ser mais uma opção na ampla gama de versões da S10 (LS, LT, LTZ e HighCountry), ficando posicionada entre a LT e LTZ de motorização 2,8-l turbodiesel e câmbio automático, com preço público sugerido de R$ 260.490, e será comercializada nas cores branco Summit, prata Switchblade, azul Eclipse e cinza Topázio.

LS: R$ 221.490
LT: R$ 248.990
Z71: R$ 260.490
LTZ: R$ 270.990

E o Pantanal?

Para quem ainda não conhece, vale a pena conhecer. É a maior planície alagada do mundo com 195.000 km² de área, sendo 151 mil km² em território brasileiro, pois ainda se estende à Bolívia e Paraguai. Há literaturas que indicam até 210 mil km² de área, dada a dificuldade de mensurar o tamanho real.

Mas, em síntese, o Pantanal é um bioma, ou uma unidade biológica com características especificas definidas pelo seu macroclima, composição do solo, altitude e animais que ali habitam. A fauna pantaneira já catalogou 656 espécies de aves, com grande destaque para a arara azul, uma espécie ameaçada de extinção. São 124 espécies de mamíferos, onde o principal é a onça pintada e 263 espécies de peixes, onde o mais famoso é a piranha (peixe carnívoro e voraz) e os saborosos pacu, pintado e dourado. Tem ainda 93 espécies de répteis, com destaque para o jacaré, além das cobras e lagartos.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e apreciar algumas das belezas e espécies do Pantanal

Em conversa com pantaneiros fiquei sabendo que o nível da água do Pantanal está abaixo do normal há quatro anos, e isso vem causando muitos prejuízos para toda vida pantaneira, mas resta a expectativa de maior volume chuvas para 2023, e com isso se reestabeleça a sua normalidade. Enquanto as águas estão baixas acarretando dificuldade de navegação, resta o turismo de contemplação, aquele que você circula de carro ou picape pela região e tem a possibilidade de fotografar e observar a vida dos animais. E a sugestão fica para que tenha sempre uma pessoa da região para lhe mostrar onde e como acontece a vida no Pantanal. Um espetáculo indescritível seja à luz do Sol ou da Lua.

GB