O ano de 1964 foi marcante para indústria automobilística. A Ford há algum tempo pensava em lançar um veículo que conseguisse ser compacto, para os padrões dos Estados Unidos, e que tivesse um preço atraente. A ideia original de Lee Iacocca foi uma aposta da marca e logo se provou um grande acerto comercial.
A expectativa inicial de vendas foi superada em apenas dois dias. E logo a fabricante percebeu que estava com um verdadeiro sucesso nas mãos. Devido a grande quantidade e possibilidade de equipar o carro se dizia que nunca existiu um Mustang igual ao outro, mesmo com a produção em ritmo frenético.
Logo o cinema percebeu seu potencial. Em 1968 o mundo conheceu um dos melhores cult movies já produzidos. O detetive Frank Bullitt, magistralmente interpretado por Steve McQueen, investiga um crime na cidade de San Francisco. Isso tudo em meio ao clima próprio do final da década, com a trilha sonora mesclando um toque de suspense à trama.
O maior destaque do filme, no entanto, é a cena de perseguição com onze minutos de duração protagonizada entre o Dodge Charger e o Mustang GT. Os carros aceleram de forma majestosa pelo sobe e desce da cidade, com direito a saídas de lado e saltos monumentais através das ladeiras com cara de cartão-postal. Imperdível!
O DVD do longa mostra a produção completa e nas cenas extras a dedicação do elenco ao seu papel. McQueen e o ator que vive o motorista do Charger preto fizeram cursos de direção e pilotagem para interpretar as tomadas de forma realista. E é o que transparece ao espectador, com adrenalina de sobra.
Quarenta anos mais tarde a Ford lançou uma série especial do Mustang em homenagem ao filme. É esse carro que apresento aos leitores, em edição limitadíssima e rara no Brasil. A carroceria verde-musgo, sem muitos detalhes e logotipos, rapidamente nos transporta para os anos 1960. As rodas de 18 polegadas complementam o visual.
O cupê é equipado por um motor V-8, de 4,6 litros e 315 cv, pronto para despejar a cavalaria no asfalto a qualquer momento. A parte mais divertida da matéria foi sentir a potência do motor e a força do conjunto em ação. O câmbio manual de cinco marchas também evoca o passado e tem engates precisos.
Sem dúvida nenhuma um elemento que desperta lembranças e muita nostalgia é a cor da carroceria. Esta versão limitada e numerada também saiu na cor preta, alusiva ao Dodge. Porém para quem assistiu o longa não faz tanto sentido quanto o verde.
Esta versão comemorativa marcou um momento interessante para o Mustang. Na época os muscle cars passavam por um momento de nostalgia no mercado. Vale lembrar que a Chevrolet fiz o mesmo com o Camaro e a Dodge com o Challenger. Curiosamente a Ford havia lançado o Thunderbird retrô alguns anos antes e não embarcou nessa onda de êxito comercial.
Mas voltando ao ícone outro destaque é o som do V-8 ronronando pela rua. A marca gastou horas e horas de laboratório no desenvolvimento do sistema de escapamento, todo em inox, que conta com tubos de 3,5 polegadas e ronco idêntico ao clássico de 1968.
Para essa matéria reunimos também um raro exemplar da versão fastback. Sendo uma das dezenas de opções da época, essa carroceria fez bastante sucesso e, com o passar dos anos, se tornou algo difícil de ser visto.
Vale salientar que existem grandes diferenças entre eles. O clássico é um carro sem controles eletrônicos, o que pode ser traduzido pelo fato de ser mais arisco e — quase — indomável em alguns momentos. Mas é tudo parte da experiência.
Mudar a característica desse carro é transmissão manual. Como foi citada, a carroceria fastback é bastante rara e, sócia do câmbio manual, faz dele um verdadeiro ícone e máquina do tempo. Por essa razão convido os leitores para levantar o som e embarcarem nesta viagem ao fantástico mundo do cinema.
GDB