No comecinho de 2018 o recém-lançado Volkswagen Polo, a 6ª geração do modelo que chegou praticamente ao mesmo tempo aqui e no restante do mundo, aterrissou na minha garagem para um Teste de 30 Dias. Tratava-se da versão 200 TSI Highline na exclusiva cor dourada. Belo, bem equipado e chamativo, o carro me encantou de cara.
Cinco anos se passaram e, mais uma vez, recebo um Polo para a extensa avaliação de 30 dias. Agora, em vez de dourado, veio prateado, em vez do topo de linha Highline, o mais econômico dos Polos com motor turbo, o novo TSI. No lugar do consagrado câmbio automático Aisin de seis marchas, um manual de cinco, igualmente apreciado.
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Um novo modelo, portanto, com mudanças estéticas mínimas principalmente na dianteira, que foram acompanhadas de uma revisão no motor tricilindro de 1 litro turbocarregado, agora o 170 TSI em vez do anterior 200 TSI, isso em toda a linha Polo, exceto o MPI, mesmo motor porém de aspiração atmosférica. A potência máxima foi reduzida em 6% quando abastecido com gasolina e 9,4% quando com álcool. No torque máximo a perda foi de 21,4%. A razão desta redução de valores, obtida simplesmente atuando na eletrônica, foi a busca por melhor consumo de combustível.
Não pode ser denominado um Polo de nova geração este de 2023, mas sim uma espécie de “revisão de meia-vida”, refrescada estilística que veio acompanhada de ajustes técnicos que tiveram como alvo a citada melhora na economia de combustível e outros detalhes, que visaram menor custo de produção (freio a disco traseiro substituído por tambor, por exemplo) e conforto através de nova calibragem dos amortecedores, agora com menos carga em compressão.
Como de hábito, o Teste de 30 Dias começa com uma atenta inspeção do novo companheiro, e se por fora a beleza do novo grupo ótico dianteiro convence, a visita ao interior frustrou. Do dourado Highline de cinco anos atrás ao prateado TSI atual, a marcha a ré qualitativa é patente pelo padrão inferior do revestimento dos bancos. No entanto, o padrão construtivo continua alto. Trata-se de um Volkswagen, e isso quer dizer que não há pecados flagrantes, arestas mal aparadas ou partes que parecem terem sido adaptadas e/ou reaproveitadas.
Este Polo TSI 2023 não é, definitivamente, um campeão na tal “percepção de qualidade”. Ao contrário do Highline testado há cinco anos a palavra “requinte” não se aplica, mas termos como solidez e consistência, sim, fruto de bom projeto e montagem atenta, que provavelmente garantirá durabilidade no decorrer da vida.
Ao volante percebe-se a boa ergonomia apesar de não mais existir ajuste da altura do volante de direção. A empunhadura do novo volante é correta assim como os comandos nele situados são intuitivos —na haste esquerda os dedicados ao controle do sistema de som, na da direita os relativos à conexão com o smartphone e as telas do computador de bordo do painel de instrumentos, que pode ser configurado ao gosto do motorista.
Tal painel, uma tela de 8 polegadas, não tem conta-giros. Todavia, é necessário registrar que, “pecados” à parte, a legibilidade é ótima assim como a quantidade de informações disponíveis, elogio extensivo a tela do sistema multimídia, onde é possível o espelhamento do smartphone via Android Auto ou Apple CarPlay, e a decorrente facilidade de uso de aplicativos como Waze ou Spotfy.
O sistema que controla a areação é correto e sem miséria é o espaço porta-objrros em frente à alavanca de câmbio (com duas portas USB-C), onde documentos, celular e demais tralhas de pequeno porte encontram bom abrigo. Logo de início constata-se a boa conformação do encosto dos bancos dianteiros, envolventes e com excelente suporte lateral
Abastecido com álcool, a primeira semana com o Polo TSI transcorreu inicialmente em modo urbano, trajetos curtos de trânsito intenso em localidade com topografia acidentada, a região de Perdizes/Pompeia na capital paulista. Foram quase 160 km nos quais o consumo variou entre 7 e 9 km/l, lembrando que o computador de bordo registra dado “Desde a partida”, assim que se liga o carro, e “Desde o abastecimento” além do “Longo prazo”, este último cumulativo e que pode ser zerado.
Efetivamente, o “downgrade” de potência do motor 170 TSI face ao 200 TSI do Polo de cinco anos atrás não é muito perceptível, mas há que se usar o câmbio — de excelentes engates — para manter o Polo esperto, uma vez que em baixa rotação (sem conta-giros não dá para precisar a cifra) a turbina tem sua ação prejudicada, e uma boa resposta ao acelerador só aparece quando as rotações se elevam.
Isto é um problema? Não, apenas uma característica comum aos pequenos motores turbocarregados, que se contorna com o hábito e condução adequada às características deste motor tricilindro de 999 cm3 (leia-se USE O CÂMBIO!). Uma vez alcançada a rotação certa, o Polo tem vigor à prova de críticas. Outro aspecto positivo deste VW é o ajuste das suspensões, bastante confortável, fator especialmente bem-vindo no degradado piso paulistano. Ajuda nisso a escolha dos pneus, os 185/65R15, bem menos ásperos do que os 205/50R17 que equipavam o Polo 200 TSI testado no passado.
Carregar o porta-malas e rumar ao litoral para uma semana de férias completou a missão da semana inicial, o que significou levar o Polo TSI à rodovia, e acrescentar 210 km ao hodômetro. O porta-malas de 300 litros recebeu cerca de 50 kg de carga e, com dois a bordo e condução obediente aos limites, na chegada o consumo anunciado foi de 12,6 km/l de álcool.
Em condição de velocidade constante, 120 km/h, o Polo transmitiu grande segurança, silêncio na cabine e excelente conforto. No trecho da descida da Serra do Mar, ótimo equilíbrio e comunicação ao volante do que se passa entre pneu e piso, resultando confiança. As respostas ao acelerador em saída de curvas apertadas ou em ultrapassagem se mostraram vigorosas, limitando ao mínimo o uso do câmbio, ao contrário do que ocorreu em uso urbano.
Para a segunda semana do teste, o Polo — abastecido com gasolina — enfrentará a condição litorânea, feita de estradas de terra/areia, pavimentação ruim e trechos íngremes, que colocarão à prova suspensões e pneus em condições típicas do grande Brasil no qual este Polo terá a dura missão de substituir o lendário Volkswagen Gol.
RA
Volkswagen Polo TSI
Dias: 7
Quilometragem total: 367 km
Distância na cidade: 170 km (46 %)
Distância na estrada: 197 km (54 %)
Consumo médio: 8,6 km/l
Melhor média (álcool): 12,6 km/l
Pior média (álcool): 7,2 km/l
Média horária: 27,0 km/h
Tempo ao volante: 13h29 minutos
FICHA TÉCNICA NOVO POLO TSI | |
MOTOR | |
Designação | VW EA211 R3 |
Descrição | 3 cilindros em linha, dianteiro transversal, bloco e cabeçote de alumínio, duplo comando de válvulas, correia dentada, 4 válvulas por cilindro, atuação indireta por alavancas-dedo roletadas, injeção direta, turbocarregador BorgWarner com interresfriador, válvula de alívio de comando elétrico, pressão relativa de turbocarregamento 1,2 bar |
Diâmetro x curso (mm) | 74,5 x 76,4 |
Cilindrada (cm³) | 999 |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 109/116/5.000 |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 16,8/1.750~4.500 |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 |
Densidade de potência (cv/L) | 116,1 |
Densidade de torque (m·kgf/L | 16,8 |
Comprimento da biela (mm)/ relação r/l | 140/0,272 |
Gerenciamento do motor | Bosch MED 17..5.21 |
/corte de rotação (rpm) | 6.500 (limpo) |
TRANSMISSÃO | |
Conexão motor-câmbio | Embreagem monodisco, comando hidráulico |
Câmbio | Transeixo com câmbio manual de 5 marchas, tração dianteira |
Relações das marchas (:1) | 1ª 3,769; 2ª 2,095; 3ª 1,281; 4ª 0,927; 5ª 0,740; ré 3,182 |
Relação do diferencial | 3,933 |
FREIOS | |
De serviço | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/ 276 |
Traseiros (Ø mm) | Tambor/228 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço de controle em “L”, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade |
Relação de direção (média, :1) | 14,8 |
Diâmetro do volante de direção (mm) | 370 |
N° de voltas entre batentes | 3 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10.6 |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Liga de alumínio 5,5J x 15 |
Pneus | 185/65R15H (Continental ContiPremiumContact) |
Estepe (roda de aço, temporário) | 185/60R15H |
PESOS (kg) | |
Em ordem de marcha | 1.112 |
Carga máxima | 398 |
Peso admissível sobre o teto | 45 |
Peso rebocável (sem/com freio) | 200 |
CONSTRUÇÃO | Monobloco de aço, hatchback, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
DIMENSÕES (mm) | |
Comprimento | 4.074 |
Largura sem / com espelhos | 1.751/1.964 |
Altura | 1.471 |
Distância entre eixos | 2.566 |
Bitola dianteira/traseira | 1.524/1.506 |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente de arrasto (Cx) | n.d. |
Área frontal (calculada, m²) | 2,06 |
Cx x A | n.d. |
CAPACIDADES (L) | |
Porta-malas | 300 |
Tanque de combustível | 52 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 10,2/10,1 |
Velocidade máxima (km/h, G/A) | 193/197 |
Aceleração 0-1.000 m (s. G/A) | 31,5/31,2 |
Retomada 80-120 km/h (s, G/A) | 14,2/14,2 (5ª) |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (INMETRO) | |
Cidade (km/l, G/A) | 14,0/9,6 |
Estrada km/l, G/A) | 16,4/11,5 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em última marcha (km/h) | 38,1 |
Rotação a 120 km/h em última marcha (rpm) | 3.150 |
Rotação à velocidade máxima. (5ª, rpm) | 5.170 |
GARANTIA | |
Termo | 3 anos veículo completo, 6 anos perfuração de chapa por corrosão |
MANUTENÇÃO | |
Revisões (km/tempo) | 10.000 km ou 1 ano |
Troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000 km ou 1 ano |
Troca do óleo do câmbio | Não, vida-toda |