Em 1950, os organizadores receberam 112 pedidos de inscrição, mas somente 60 carros foram autorizados a largar. Estes dois recordes demonstravam a importância que Le Mans alcançava, o que provocaria uma escalada na disputa, bem como na velocidade média que, antes da guerra não passava de 140 km/h, já no fim dos anos 1950 superava 180 km/h. Começava a era em que a velocidade superou a resistência.
A edição de 1950 viu uma vitória totalmente francesa. O Talbot-Lago T26C Biplace Sport, uma versão alargada do Fórmula 1 da marca, com motor de 6 cilindros em linha de 4,5-litros foi pilotado por dupla de pai e filho: o veterano Louis Rosier e Jean-Louis Rosier. Este resultado inédito gerou uma confusão provocada pelo locutor oficial, que atribuiu ao pai a pilotagem durante quase todas as 24 horas, mas que depois foi desmentida.
Já em 1951 a vitória foi totalmente britânica, a primeira da Jaguar, marca que acabou dominando a prova na década de 1950, com cinco vitórias. O Jaguar Type-C, com motor de 6 cilindros em linha de 3,4 litros e design da carroceria que se assemelhava ao do Bugatti Tank de antes da guerra, pilotado pela dupla inglesa Peter Walker e Peter Whitehead, completou as 24 horas com média ligeiramente superior a 150 km/h.
Em 1952, o francês Pierre Levegh tentou o feito inédito de pilotar durante todas as 24 horas e quase chegou lá com seu Talbot-Lago T26 GS Spyder, mas que teve uma biela quebrada faltando pouco mais de uma hora para a bandeirada, justamente quando ele liderava a corrida. A vitória desta vez foi totalmente alemã, com Hermann Lang e Fritz Riess pilotando o Mercedes-Benz W194 (“Asa de Gaivota”), com motor 6-cilindros em linha de 3 litros.
Em 1953 outra vitória britânica e novamente do Jaguar C-Type, com motor de 6 cilindros em linha de 3,4 litros, desta vez pilotado pelo inglês Tony Rolt e pelo irlandês Duncan Hamilton, com média de 170 km/h. Nesta prova, foi utilizado pela primeira vez o freio a disco, justamente nos modelos da Jaguar, que além da vitória conquistaram o segundo lugar com os também britânicos Stirling Moss e Peter Walker.
Em 1954 finalmente a Scuderia Ferrari conquistou a primeira vitória oficial da marca de Maranello em Le Mans, com o modelo 375 plus com motor V-12 de 5-litros e 330 cv, que alcançava velocidade máxima de 280 km/h. Em acirrada disputa com o novo Jaguar D-Type, com o motor 6 cilindros em linha de 3,4 litros, carroceria aerodinâmica e chassi monobloco, a Ferrari venceu, com diferença de apenas uma volta, com a dupla formada pelo argentino José Froilán González e o francês Maurice Trintignant.
A Jaguar se imporia nas três edições seguintes com o D-Type: em 1955, com a dupla britânica Mike Hawthorn e Ivor Bueb, no carro da equipe oficial de fábrica, e nas duas edições seguintes com a Ecurie Ecosse. Em 1956, com os também britânicos Ninian Sanderson e Ron Flockhart, e em 1957, com Flockhart novamente desta vez em dupla com Ivor Bueb vencedor em 1955 e com a maior média horária da década: 183,2 km/h.
Após o pavoroso acidente ocorrido na edição de 1955 (que abordarei no próximo capítulo), as marcas Mercedes-Benz e Jaguar retiraram-se oficialmente das competições. A Mercedes, inclusive, durante a própria corrida quando seus carros lideravam; a Jaguar após a prova que venceu. Depois repassou todo seu equipamento para a Ecurie Ecosse, que assumiu a representação da marca nas provas de resistência.
Com a retirada de Jaguar e Mercedes, a disputa ficou restrita a Ferrari e Aston Martin. Esta se candidatou como forte concorrente ao chegar em segundo lugar em 1955 e 1956. Mas em 1958 a vitória foi da Ferrari, com o novo modelo 250 Testarossa cpm motor V-12 de 3 litros, que tinha as tampas de válvulas pintadas em vermelho, daí a denominação Testarossa (cabeçote vermelho em italiano), e que foi pilotado pelo belga Olivier Gendebien e o americano Phil Hill.
A Aston Martin, porém, ficou novamente em segundo com o DB3S, de motor seis em linha de 3 litros, e foi a forra em 1959 com dobradinha. O novo Aston Martin DBR1/300, com o mesmo motor seis em linha de 3 litros, pilotado pelo americano Carroll Shelby e o britânico Roy Salvadori, venceu com média de 181,1 km/h. Em segundo chegou outro DBR1/300 pilotado pelo francês Maurice Trintignant e o belga Paul Frère.
RM