Na primeira avaliação do Honda Civi Hybrid já deu para perceber que o novo carro chegava com aquele algo a mais em relação à geração anterior. Toda a tecnologia a bordo do novo Civic é um bom cenário e ajuda a realçar o que esse carro tem de melhor: o desempenho e o baixo consumo de combustível.

Ainda na primeira avaliação, tive a oportunidade de dirigir o veículo desde São Paulo até Itu, com uma passada rápida pela Estrada dos Romeiros, habitat natural dos autoentusiastas. Neste link e no vídeo a seguir, é possível conhecer tudo que faz o Honda Civic Hybrid um dos melhores híbridos (HEV) do mercado. Mas faltava ainda a prová-lo por uma semana em condições de uso normal. E está semana foi sensacional, pois alternei viagens ao litoral paulista e ao interior do estado. Alguns trechos com carro bem carregado e outros nem tanto.

Assista ao vídeo desta avaliação e colabore para o crescimento do nosso canal. É através das visualizações no YouTube que temos nosso trabalho reconhecido e monetizado, o que ajuda a evitar precisarmos recorrer a qualquer tipo de cobrança para acesso ao AE. Não esqueça de deixar seu comentário, seu like ou dislike, pois isso é realmente importante para nós.

Viagem ao litoral

Ubatuba foi o destino, e a descida da serra foi pela SP-125 Rodovia Osvaldo Cruz, onde há uma serra muito íngreme, mas com apenas 7 quilômetros de extensão alternando curvas e mais curvas. Para quem não conhece, tem até aquelas curvas que a gente consegue ver a luz de freio do próprio carro, de tanto que gira… Brincadeiras à parte, é realmente uma descida e subida de serra utilizada por todos os fabricantes de carros e componentes de freios, câmbio e embreagem para testar o desempenho de seus produtos.

O trecho entre Campinas e Ubatuba ainda requereu uma passagem estratégica por Bragança Paulista, uma cidade do interior de São Paulo, bem próximo à divisa com estado de Minas Gerais, onde as subidas e descidas são uma constante do dia a dia. De Bragança até Taubaté foram utilizadas rodovias com pista dupla e limite de velocidade de 110-120 km/h.

Como explicado na primeira matéria deste carro, o motor 2,0 i-VTEC FlexOne movido a gasolina tem alto rendimento térmico, e em conjunto com os dois motores elétricos que compõem o sistema híbrido, consegue entregar boa potência (184 cv e 32,1 m·kgf), sem que o consumo de combustível seja sacrificado. O valor homologado junto ao Inmetro para uso rodoviário é de 15,3 km/l, mas na realidade obtive 21,3 km/l. Resultado comparável a carros compactos com motor 1,0 de aspiração atmosférica. Isso em um veículo com distância entre eixos de 2.735 mm e peso em ordem de marcha de 1.449 kg.

Obviamente que o retorno a Campinas, subindo pela mesma rodovia Osvaldo Cruz pagaria a conta do que se economizou na descida. Mas para surpresa o resultado não foi tão ruim e no acumulado de ida e volta a Ubatuba o consumo médio ficou em 18,5 Km/l. Um resultado muito bom para um sedã médio.

Dinamicamente o carro é irretocável para esse tipo de vias, e mesmo a ausência da opção de troca de marchas em modo manual não é sentida na descida de serra. O recurso adotado é utilizar as borboletas atrás do volante para desacelerar o veículo fazendo a regeneração de energia. São quatro níveis de desaceleração e a cada pressionada na alavanca do lado esquerdo há o aumento da intensidade de  regeneração, e pela alavanca do lado direito voltam-se os degraus sucessivamente. A operação do veículo fica facilitada e muitas vezes é desnecessário pisar no pedal do freio. E interessante que ao ativar essa regeneração forçada as luzes de freio acendem para alertar quem vem atrás, tamanho é o feito fremante da regeneração..

Viagem a São João da Boa Vista

À cerca de 120 quilômetros de Campinas, a cidade de São João da Boa Vista está situada na divisa com o estado de Minas Gerais, na região da Serra da Mantiqueira. A cidade está em uma área de colinas, e é acessível desde Campinas por estrada de pista dupla e com boa conservação. Mas também, com o custo do pedágio nesse trecho a concessionária não poderia fazer diferente.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

Nesta viagem o carro estava com quatro adultos (motorista + três passageiros), e novamente o desempenho e consumo não decepcionaram. O consumo acumulado em 240 km foi novamente de 18,5 km/l. O carro responde muito bem nas acelerações para retomada de velocidade. No trajeto dentro da cidade, com muitas lombadas e valetas a baixa altura em relação ao solo penaliza a capacidade de transpor esses obstáculos sem que ocorra interferência do defletor dianteiro.

Outra ocorrência identificada é o ruído de queda de roda no final de curso de distensão da suspensão dianteira. A incidência é baixa, mas quando ocorre é incômodo na certa. Por outro lado, o controle de movimentação e equilíbrio entre a suspensão dianteira e traseira é perfeito. O carro passa segurança ao motorista e não deixa os passageiros incomodados com excessivo balanço lateral da carroceria.

Percurso urbano em São Paulo

Mas talvez a experiência mais marcante desses sete dias de avaliação do Honda Civic Hybrid foi nos deslocamentos urbanos, tanto em Campinas quanto em São Paulo. O consumo homologado junto ao Inmetro é de 18,3 km/l, mas daria para dizer que isso é o mínimo que esse veículo atinge.

Em todas as medições realizadas a média ficou sempre acima dos 25 km/l, chegando ao pico de 32,3 km/l as 8h00 da manhã, ou seja, horário de pico em São Paulo. O percurso de 18 km pode ser considerado como uma média paulistana para ir da zona oeste até a zona sul. A via utilizada foi principalmente a Marginal do Pinheiros, com velocidade máxima de 90 km/h, mas que foi percorrida com média horária de 28 km/h. Aquele anda e para constante que é o principal vilão para o consumo de combustível.

Mas o sistema híbrido faz a diferença nessa situação pois as saídas de imobilidade são feitas sempre pelo motor elétrico e à medida que aumenta a velocidade o sistema decide pela ativação do motor a combustão, seja para auxiliar a propulsão ou para gerar energia elétrica para a bateria. Nas frenagens o motor a combustão, se estiver ligado, é desligado imediatamente e a regeneração acontece. Todo esse processo é muito sutil e silencioso, ficando praticamente imperceptível ao motorista e passageiros.

Conclusão

Ao final de uma semana de testes o computador de bordo indicava 1.213 km rodados com média de consumo de 17,5 km/l.

É impossível dizer por quantos anos teremos carros híbridos sendo lançados pelos fabricantes. Como eu disse na matéria sobre os tipos de híbridos, pode ser por 5, 10 ou 100 anos, mas certamente é o caminho perfeito para a eletrificação da mobilidade. O prazer ao dirigir não é exatamente o mesmo de um carro elétrico em termos de torque instantâneo, mas se assemelha a eles, e o silêncio a bordo é outro atributo a se considerar.

O Honda Civic Hybrid, desde seu lançamento, não apresenta números relevantes de emplacamentos, mas a Honda já havia informado que estava enfrentando certas dificuldades para atingir maiores volumes devido a falta global de alguns componentes. Tanto que a estratégia do fabricante foi oferecer essa configuração de veículo apenas nos principais centros (Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). As demais cidades devem receber o veículo, tão logo o volume e demanda sejam compatíveis.

Clique nas fotos com o botão esquerdo do mouse para ampliá-las e ler as legendas

O preço informado pela Honda ainda é o mesmo do lançamento, R$ 244.900 e não há previsão de reajuste. E a Honda também não informa os volumes já importados, portanto fica difícil sabermos se o baixo número de emplacamento é por falta de veículos ou de compradores.

GB