A General Motors do Brasil, juntamente com sua marca Chevrolet, ao longo de seus 100 anos aqui se consolidou como parte integrante do desenvolvimento econômico, social e cultural do país. Para mim, ter contribuído com 30 desses anos foi mais do que uma realização profissional: foi um capítulo importante da minha própria história de vida e na criação da minha família. Essa jornada foi repleta de desafios, aprendizados e momentos de orgulho, que agora compartilho como reflexo do impacto da GM na vida de milhões de brasileiros.
A chegada da GM ao Brasil
A história da GM no Brasil começou em 26 de janeiro de 1925 — a data deste domingo. Inicialmente, sua produção era voltada para caminhões Chevrolet, atendendo à crescente necessidade de transporte de carga num país que se industrializava. Mas, com o tempo, a GM se tornou muito mais do que uma fornecedora de veículos: ela passou a criar ícones culturais. Desde os primeiros modelos, a marca conquistou o coração do consumidor brasileiro, construindo uma relação que transcende gerações.
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Minha história com a GM começou em 1987, quando me juntei à equipe responsável pelo Kadett. Trabalhar nesse projeto foi como ingressar num universo onde inovação e comprometimento estavam sempre à frente. O Kadett foi um marco na indústria automobilística brasileira, simbolizando um recomeço após um período de cinco anos sem lançamentos expressivos. A energia e o entusiasmo que acompanharam esse projeto são inesquecíveis.
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Modelos icônicos que marcaram época
O Opala, lançado em 19 de novembro de 1968 no Salão do Automóvel, é um exemplo de como a marca Chevrolet transformou automóveis em verdadeiras lendas. Ele representava elegância e desempenho, atributos que conquistariam gerações. Quando participei da renovação do modelo em 1988 (vide este relato), senti a responsabilidade de honrar sua história enquanto ajudava a adaptá-lo às novas demandas do mercado. Foi um desafio e um aprendizado recompensador.
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Já o Chevette (foto de abertura), lançado em 1973, destacou-se como um símbolo de mobilidade moderna e acessível. Compacto e eficiente, ele rapidamente caiu no gosto popular. Recordo-me de ter possuído cinco exemplares ao longo dos anos, cada um associado a momentos especiais. Essa conexão pessoal com o modelo exemplifica o impacto que ele teve na vida de muitos brasileiros.
Outro destaque foi o Monza, introduzido em 1982, antes da minha chegada à GM. Ele trouxe ao mercado brasileiro um nível de sofisticação sem precedentes. Ver o Monza liderar as vendas — em 1984, 1985 e 1986 — e conquistar o público foi motivo de imenso orgulho para todos que trabalharam nele. Cada reconhecimento era um reflexo da dedicação e da busca incessante por excelência.
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Outro marco importante foi o lançamento do Chevrolet Omega em 1992, que simbolizou a virada da GM para a produção de veículos com maior nível de tecnologia e sofisticação. O sedã Omega e a camioneta Omega Suprema rapidamente se destacaram pela sua modernidade para a época, trazendo recursos avançados e um desempenho que os posicionaram como referência no segmento de luxo. Essa linha representou um passo significativo na evolução da GM, mostrando sua capacidade de atender a nichos de mercado mais exigentes.
Na década de 1990, embarquei num dos projetos mais desafiadores e transformadores da minha carreira: a família Corsa. Com a chegada do modelo ao Brasil, a GM revolucionou o mercado de compactos, introduzindo tecnologias inovadoras e um design arrojado que definiu novos padrões para o segmento. O sucesso do Corsa foi tão expressivo que ele se tornou um dos veículos mais amados e reconhecidos do país. Ver o impacto desse projeto na vida de milhões de brasileiros foi uma das maiores recompensas da minha trajetória profissional. E ter colaborado no desenvolvimento dessa família de veículos para toda América do Sul, África e Oriente Médio foi outro marco no meu desenvolvimento pessoal e cultural.
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As picapes tiveram um capítulo à parte na evolução da GM no Brasil. Desde os primeiros modelos de 1925, até a atual picape S10, há muitas histórias da robustez da D20, a sustentabilidade da A10 equipada com motor a álcool, sem se esquecer das famílias que viajavam nos bancos dos Veraneios.
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E logicamente nessa história do tempo não podem ficar esquecidos as gerações de Vectra e Astra que passaram por aqui, com suas versões esportivas GSI e seus derivativos como o Zafira, que até hoje é motivo de choro de muitos. Foram projetos em que tive menor participação, mas muita admiração. O Cruze e o Meriva também tiveram um capítulo importante nessa longa história.
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Inovação e adaptação ao futuro
Os anos seguintes trouxeram novos desafios e oportunidades. A família Corsa abriu caminho para a linha Gamma e posteriormente a GEM (Global Emerging Markets), que inclui modelos como Onix, Cobalt e Spin. E a ponte para essa transformação foi o compacto Ágile, que ao longo da sua trajetória deixou apaixonados e odiadores.
O Onix se destacou como líder absoluto de vendas desde seu início de produção, tendo substituído o Celta (derivativo da linha Corsa) na fábrica de Gravataí, no Rio Grande do Sul simbolizando o compromisso da GM com qualidade e inovação. E hoje é o carro forte da marca Chevrolet na América do Sul.
Mais recentemente, a GM deu passos importantes rumo à sustentabilidade, com importação de veículos elétricos e desenvolvimento de conectividade avançada. Acompanhar essa transição de perto foi inspirador. É fascinante ver como a empresa se adapta às demandas de um mundo em constante transformação, sempre olhando para o futuro.
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No evento desta quinta-feira, em São Paulo, que abriu as comemorações dos 100 anos da filial brasileira da GM, foi anunciado que este ano serão lançados cinco modelos em diversos segmentos. Além disso, a empresa está trabalhando no desenvolvimento de 10 modelos eletrificados inéditos para o Brasil nos próximos anos com o objetivo de fortalecer seu portfólio e oferecer opções diversificadas para o mercado.
Uma aparição-surpresa no evento foi o Baojun Yep Plus, um jipinho 100% elétrico do segmento de entrada na China, e que deve aparecer em breve por aqui ostentando a marca Chevrolet para competir no segmento de entrada, hoje dominado pela BYD.
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Reflexões e Gratidão
Ao comemoras os 100 anos da GM no Brasil, sou grato por ter feito parte dessa história. Cada projeto e desafio ao longo dos meus 30 anos contribuiu para um legado que vai além dos carros. Criei meus filhos no silêncio de um Chevrolet (parafraseando a canção de Zé Rodrix de 1987), e o apoio incondicional da minha família foi essencial para esta jornada. Esse legado vive nas histórias que os veículos ajudaram a criar e nas conexões que formamos com as pessoas.
Minha trajetória na GM não foi só sobre trabalho, mas sobre colaborar com pessoas incríveis, superar desafios e construir algo significativo. Olhando para trás, vejo como minha vida e a História da GM se entrelaçam.
Com gratidão e orgulho encerro este relato, sabendo que fiz parte de uma empresa que não apenas transformou a indústria, mas também tocou a vida de milhões. Que os próximos 100 anos sejam tão grandiosos quanto os que celebramos hoje.
GB