Falei recentemente numa das colunas sobre a questão da assinatura e da posse. O tema hoje passa ligado a este tópico pois retrata o Custo Total de Propriedade de um veículo automotor, o denominado TCO (Total Cost of Owership em inglês).
O brasileiro médio não é um exímio conhecedor de finanças e, infelizmente, esta afirmação não é surpresa para ninguém.
Os três links abaixo indicam o mesmo problema em diferentes anos:
– https://exame.com/invest/minhas-financas/brasileiro-e-organizado-mas-nao-conhece-bem-financas/
– https://www.spcbrasil.org.br/uploads/st_imprensa/release_pesquisa_educacao_financeira_vf.pdf
– https://einvestidor.estadao.com.br/educacao-financeira/educacao-financeira-pesquisa-onze-orcamento/
Quando você, consumidor, compra um veículo, não pode se preocupar apenas em pagar as prestações do seu financiamento quando adquire o veículo nesta modalidade… Esta é apenas uma parte do seu custo de propriedade e um dos motivos pelos quais as instituições financeiras liberam crédito considerando apenas uma parte da sua renda. É necessário que você sobreviva pagando outras contas de seu dia a dia como água, luz, alimentação, celular,…
Além de suas contas pessoais, existem outros custos adicionais no processo de aquisição de um veículo automotor.
Diferente de outras épocas, importante frisar que o ‘carro’ hoje não é um investimento; é custo! Ele pode até ser considerado por muitos um símbolo de status social, de riqueza ou de ostentação mas sempre relacionado a um custo atrelado.
O primeiro custo é o valor do próprio financiamento, já citado.
Outros custos passam pelos elementos funcionais do veículo como combustível e os impostos que são obrigatórios para que o veículo possa andar nas ruas de nosso país. E nem ouse andar sem o pagamento desses impostos pois a penalidade é alta e incluem: guincho, diárias do pátio, multa, além da necessidade de eliminação dos motivos que levaram o veículo para o pátio de recolhimento. Uma chateação (e uma burocracia) sem tamanho, que quem já enfrentou sabe muito bem do que estou falando!
Além destes custos, existem outros menos evidentes dos quais destaco os seguintes:
1) Manutenções corretiva e preventiva: de forma resumida, é aquilo que está previsto no manual de propriedade ou não. Importante realizá-las para que seu veículo não perca as qualidades técnicas originais e para garantir a segurança dos usuários além de manter as emissões de poluentes dentro dos parâmetros legais estabelecidos. Se for um veículo novo, importante para preservar a garantia de fábrica.
2) Seguro: a recomendação é a contratação de um seguro para a proteção do patrimônio cobrindo acidentes, roubos, furtos e acidentes naturais. Variando conforme localização, perfil e tipo de veículo, o valor do seguro pode variar entre 3% e 10% o valor do veículo.
3) Despesas extraordinárias: pedágios, lavagem, enceramento, polimento, limpeza dos estofados, eliminação de odores, estacionamentos (públicos ou privados), alinhamento, balanceamento, buchas da suspensão, entre outras, são despesas que variam conforme o usuário mas que ao final de um determinado período representam gastos relevantes para o usuário final e não devem ser desconsiderados. Outros também têm que ser considerados, principalmente se deixarem de funcionar fora do período de garantia como: vidros elétricos, módulos eletrônicos, botões de acionamento,…
4) Pneus: poucos se recordam mas trata-se de um dos custos mais importantes de um veículo podendo atingir facilmente mais de 4 mil reais na troca de todo o conjunto. Para sua preservação basta mantê-los calibrados, alinhados e balanceados mas é um custo que não pode ser desprezado. Entretanto não se pode desconsiderar o acaso de um buraco em nossas ruas e estradas esburacadas.
5) Óleos e fluidos: não só de combustível um veículo necessita. Óleos e fluídos do motor, dos freios, do radiados, da transmissão, da direção assistida, em alguns casos do diferencial, entre outros também não podem ser esquecidos e geram custos.
6) Depreciação: quem sabe é a variável que o brasileiro médio menos consegue compreender e controlar; ele sente os efeitos basicamente no momento da venda do veículo quando tem a impressão de que perdeu dinheiro com o veículo. Essa intuição é a depreciação do veículo; significa o montante financeiro que consumidor perdeu desde o momento da aquisição do do veículo até a sua venda. Agarrado a este conceito existe o conceito de “valor residual” que é justamente o valor do bem (veículo) no final do período de análise.
Um exemplo em primeira pessoa de toda a questão ocorreu alguns anos atrás. Um suve estava à venda diretamente por um amigo, gerente geral de um concessionário. O veículo havia entrado em outro negócio mas estava sem as devidas revisões e com a necessidade de efetuar pequenos reparos. O preço era de aproximadamente 70% do valor de um veículo de entrada. Por mais que meu íntimo falasse “sim”, meu racional disse “não” e infelizmente não segui com o negócio. Apenas exemplificando, só o preço dos quatro pneus beirava os 10 mil reais…
Estes são claramente apenas alguns dos custos incidentes nos veículos. Certamente muitos consumidores se deparam com a quebra da “rebimboca da parafuseta” mas os detalhes não são relevantes. A relevância é demonstrar a importância da análise muito mais ampla do que a simples possibilidade de compra de um veículo.
MKN
A coluna “Visão estratégica” é de exclusiva responsabilidade do seu autor.