Um aparelho repleto de tecnologia, do tamanho aproximado de um pen drive, preso aos óculos de pessoas cegas ou com baixa visão, que lê placas, anúncios, livros, bulas de remédio e, até mesmo reconhece faces e avisa ao deficiente quem é essa pessoa. Assim é o OrCam My Eye 2. Um sensor óptico captura as imagens à volta do deficiente visual e comunica por meio de áudio essa informação. O som é transmitido para um pequeno alto-falante preso à haste dos óculos, próximo ao ouvido do usuário ou para algum dispositivo conectado por Bluetooth.
Todos os controles estão ao alcance do toque dos dedos no corpo do aparelho: liga-desliga, volume e outras funções. A lanterna para o equipamento fazer a leitura em ambientes escuros tem acendimento automático. É uma visão artificial portátil e discreta, como pode ser visto nas fotos que ilustram essa matéria.
O que isso tem a ver com automóveis? Veja a história completa.
A OrCam foi fundada em 2010, em Jerusalém, Israel, por Amnon Shashua e Ziv Aviram. Ambos são os fundadores da Mobileye, criada em 1999, também em Jerusalém, uma empresa de tecnologia de direção autônoma e alertas anticolisão nos veículos, que em agosto de 2017 foi vendida para a Intel. O OrCam My Eye original foi lançado em 2015 e o OrCam My Eye 2, de segunda geração, é de 2017. As tecnologias se cruzaram, como pode ser visto.
Shashua e Aviram desenvolveram durante todo aquele tempo a tecnologia que, segundo informam, está presente em 90% das maiores empresas fabricantes de veículos do mundo no tocante a ADAS – Advanced Driver-Assistance Systems – Sistemas Avançados de Ajuda ao Motorista. Graças a esse complexo sistema de alertas, muitas colisões e atropelamentos já foram e serão evitados.
A evolução dessa tecnologia está nos veículos autônomos, pelo sistema SuperVision. Com suas onze câmeras, esse sistema permite dirigir sem as mãos no volante), incluindo troca de faixas de direção, entrada e saída em rampas de rodovias para cumprir o trajeto planejado e a navegação no tráfego urbano. Até a aparentemente simples tarefa de estacionar o carro sozinho, com ou sem o motorista à direção, envolve essa tecnologia.
Todas as funções de assistência ao motorista são legados da Mobileye. Frenagens e manobras evasivas automáticas de emergência na iminência de uma colisão, controle de velocidade adaptativo, centralização do veículo na faixa de rolagem, entre outras funcionalidades que hoje estão a cada dia mais em uso nos veículos, têm sua origem nos estudos de Amnon Shashua e Ziv Aviram.
A Mobileye desenvolve tanto o hardware como o software dessa inovadora tecnologia. Câmeras, sensores, radares e LiDARs (Light Detection And Ranging – Detecção e Distância por Luz)) efetuam a leitura do ambiente em tempo real, de modo a obter a distância e outras informações a respeito de objetos ao longe. O método mais utilizado para determinar a distância a um objeto é o laser pulsado.
O projeto, implementação e fabricação do hardware e a capacidade de decisões do software são frutos de pesquisas e testes diários. A robustez e o desempenho dos equipamentos são checadas em milhões de quilômetros rodados para validação desse processo crítico para a segurança, que num futuro poderá mudar o modo como nos deslocamos do ponto A ao ponto B dentro de um veículo.
As atualizações de mapas e roteiros chegam aos veículos ao toque de um botão. Como é um sistema de ajuda aos motoristas, a presença do condutor do veículo é necessária.
Essa é mais uma demonstração de como a inteligência humana se une para criar a inteligência artificial e mudar a vida tanto dos deficientes visuais quanto dos motoristas. Talvez um dia o deficiente visual será transportado por um veículo autônomo, com toda a segurança, bastando informar verbalmente para onde deseja ir.
AB