Na minha função no AE devo cuidar dos textos e também do que dizemos nos vídeos. Por isso tenho que estar bem atento a todos os detalhes do nosso idioma escrito e falado.
Na recente apresentação (9/4) do Accord Híbrido pela internet (foto acima) ao vivo, fiquei abismado, ou intrigado, de ver executivos e engenheiros da fabricante pronunciarem o sistema híbrido e:HEV o tempo todo como se estivéssemos nos EUA: i eitch i vi. Para quê? Não seria muito mais fácil e lógico pronunciar as letras como se fala no Brasil? Fico imaginando se no treinamento da rede de concessionários ou na preleção para a agência de publicidade for usado o e:HEV com pronúncia em inglês…
Mesma coisa o nome do modelo, Accord, acordo em português e de mesmo acento tônico em inglês. Pois não é que aqui a pronúncia de Accord passou a ser como se fosse ácordo?
Essa questão pronúncia das palavras prende-se ao seguinte raciocínio. Todo texto é passível de ser lido em voz alta. Em português o acento tônico (a sílaba forte) pode ou não exigir acento. Então quem escreve precisa ter atenção. Há regras sobre isso e são um tanto extensas para explicar aqui.
O leitor do AE já deve ter notado que não usamos a palavra ‘performance’ nos textos. Por quê? Por que ela não tem acento e pode ser lida tanto como performance (inglês), quanto como performance (francês). Então usamos desempenho.
Há uma regra de português — que não tem exceção —, que diz que toda palavra proparoxítona (acento tônico na antepenúltima sílaba) tem acento. Entretanto todo mundo pronuncia Anfavea, até quem é da associação. Se todos pronunciam desse modo, a grafia tinha que ser obrigatoriamente Anfávea.
Há alguns anos havia um xampu de nome Bálance. Certamente é uma marca de xampu de país de língua inglesa, mas aqui recebeu acertadamente acento agudo no primeiro ‘a’ para não ser pronunciado Balance.
No nosso tema, automóveis, Maverick pronuncia-se Maverick no país de origem, palavra proparoxítona, mas aqui o acento tônico mudou e a palavra passou a ser paroxítona, Maverick. Não é culpa nossa, pois não há acento gráfico em inglês O mesmo com Pontiac, lê-se Pontiac, mas é comum ouvir Pontíac.
Mesmo problema com outra marca, desta vez da Chrysler, a Plymouth. Também é proparoxítona, Plymouth, mas aqui virou oxítona, Plymouth e muitas vezes Plymu.
E tem uma que derruba qualquer um, o nome do piloto Raul Boesel: quando pronunciado por um americano seu sobrenome não é Boesel, mas Boesel. O mesmo com a ator Denzel Washington: é’ Denzel.
Para terminar, a palavra recorde, paroxítona, mas que os redatores de ponto eletrônico da TV Globo só escrevem como se fosse récorde. Ordem da direção para os seus jornalistas não falarem o nome da concorrente TV Record?
Até domingo que vem!
BS