O estudo intitulado “Potential and risks of hydrogen-based e-fuels in climate change mitigation” (Potencial e riscos dos combustíveis sintéticos com base em hidrogênio na mitigação das alterações climáticas), realizado pelo Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, diz que os novos combustíveis sintéticos emitem de três a quatro vezes mais CO2 do que os fósseis.
O hidrogênio que os combustíveis sintéticos precisam é o responsável pelos resultados obtidos neste estudo que avaliou o potencial e os riscos desta solução. O estudo vai ainda mais longe e diz que não faz muito sentido usar o hidrogênio da forma abrangente como tem sido apregoado.
O estudo desse órgão, situado em Potsdam, capital e cidade mais populosa do estado federal de Brandemburgo, Alemanha, foi publicado na revista Nature Climate Change. Ressalva, no entanto, que produzir hidrogênio através de energias renováveis deve ser uma parte importante na transição energética, mas que usar o hidrogênio como substituto dos combustíveis fósseis — e isso inclui o uso na produção de combustíveis sintéticos para automóveis — pode ser contraproducente.
O líder do estudo, Falko Ueckerdt, declara que usar fontes de energia baseadas no hidrogênio só devem ser consideradas quando a eletrificação não é possível, como, por exemplo, nos voos de longo curso ou na indústria metalúrgica.
Para se fazer combustíveis sintéticos são necessários dois ingredientes, dióxido de carbono (CO2) e hidrogênio (H). O Instituto Potsdam vê vantagens nos combustíveis sintéticos como na sua capacidade de armazenamento e transporte, quando comparado com o hidrogênio puro. Mas o problema reside na produção do hidrogênio em si, pois são necessárias enormes quantidades de energia nessa tarefa e, hoje em dia, essa energia está longe de ser “verde”.
Os investigadores fizeram as contas e usando como ponto de partida o mix da produção de eletricidade em 2018, caso todos os meios de transporte — dos automóveis aos aviões — usassem combustível com base de hidrogênio, a emissão de gases de efeito estufa (CO2), seria três a quatro vezes superior se comparado com o uso de combustíveis fósseis.
Os autores do estudo afirmam que automóveis alimentados por combustíveis sintéticos com base de hidrogênio, quando comparados com automóveis elétricos, consumiriam cinco vezes mais energia. Um resultado que se deve, por um lado, à produção dos combustíveis sintéticos em si — que requer muita energia — e, por outro, aos motores de combustão interna que têm uma eficiência bastante inferior (menos de metade) à de um motor elétrico.
Os autores do estudo concluem assim que, para a maioria dos setores, incluindo o dos transportes, a solução é a energia elétrica, que acaba por fazer mais sentido devido à maior eficiência e ao menor custo. No caso específico dos transportes, os combustíveis sintéticos com base em hidrogênio só farão sentido quando aplicados aos aviões que efetuem voos de longa distância.
Ou seja, estamos longe de ter uma solução à vista. Pelo jeito, a disputa pela melhor opção depende muito mais de ideologias e posicionamentos políticos. Vamos aguardar pelos próximos capítulos.
AB