Vamos imaginar uma situação. Você acabou de comprar um carro seminovo, com quilometragem baixa, cheirando ainda a 0-km, felicidade total. Você, antes de comprar, pesquisou modelos, buscou informações sobre o consumo de combustível do carro, tendo em vista o alto preço do litro do combustível hoje, optando por um que estava dentro do orçamento familiar e de baixo consumo.
A felicidade acaba na primeira semana com o carro: o consumo está alto, bem maior que os testes e publicações que foram pesquisados. Primeira inciativa do proprietário é fazer uma bela revisão, com troca de velas, filtros, regulagem de válvulas, limpeza de corpo de borboleta, alinhamento de rodas, calibragem correta dos pneus (frios), mas o alto consumo persiste.
Você mora numa cidade quente e usa quase sempre o ar-condicionado. Porém, como ele funciona a contento (pelo menos a seu gosto), esse sistema não levanta suspeita. Porém, como o veículo não é 0-km, dificilmente o novo proprietário sabe por quais manutenções o veículo passou na mão do ou dos proprietários anteriores.
É aí que mora o perigo, porque caso o ar-condicionado tenha passado por manutenção anterior e ela não tenha sido corretamente executada, pode estar aí a causa do alto consumo.
A maioria dos proprietários conhece o sistema de ar-condicionado com os conceitos de “carro gasta mais com ar ligado” ou com ar ligado “o carro perde potência”. Isso é normal.
Explicando rapidamente como o sistema funciona, há compressão de um fluido de refrigeração, geralmente o gás R134a, pelo compressor do sistema de ar-condicionado do veículo. Esse gás deve estar a pressões e temperaturas conforme o projeto do veículo, para que consiga retirar calor do ambiente interno do veículo e dissipá-lo no meio externo. Se o sistema estiver com o padrão de fábrica, tudo bem, pois durante o processo de fabricação do veículo a carga de gás refrigerante e de óleo do sistema são realizadas por um sistema automatizado, que garante qualidade e sempre o mesmo resultado.
Quando o veículo necessita de manutenção, se não forem tomados alguns cuidados durante o serviço, pode-se nesse momento criar um problema de aumento de consumo no momento da intervenção. Um exemplo clássico é excesso de carga de fluido refrigerante, que ocasiona aumento de pressão do sistema, o que exige mais trabalho do compressor.
Essa pressão varia em função temperatura ambiente. De 15 ºC a 20 ºC, 150 a 190 lb/pol²; de 26 ºC a 30 ºC, 190 a 230 lb/pol²; de 31 ºC a 60 ºC, 230 a 250 lb/pol².
Quanto mais o compressor trabalha, mais potência ele rouba do motor. Para compensar a perda de potência acelera-se mais e com isso o consumo de combustível aumenta.
Existe uma série de fatores que ocasionam o aumento do consumo oriundo do sistema de ar-condicionado. Por isso, sempre procure um profissional qualificado e com ferramentas adequadas para prestar um bom serviço de manutenção, conservando as características originais de fábrica.
Felipe Assumpção
Canoas – Rio Grande do Sul