Caros e caras autoentusiastas,
Como em outros Natais, venho, junto com meus colegas, a vocês nesse dia na véspera desse dia tão especial para o mundo, mesmo que nem todos pensem assim. Mas o que inegável é que nesses dias a atmosfera muda, algo de diferente, mágico até, paira no ar. Residências, ruas, lojas se enfeitam e isso se nota há décadas, mesmo sem a profusão de luzes e mensagens comerciais de hoje.
A árvore de Natal, por exemplo, um dos símbolos mais fortes do Natal, vi num desenho dos Flintstones, cerca de 30 anos atrás, a sua finalidade: um farol, um beacon, para que Papai Noel, ao comando do seu trenó, veja onde precisa fazer a sua entrega. Como os faróis marítimos e os dos aeroportos. Daí a tradição da árvore de Natal, toda enfeitada e, especialmente, iluminada.
Mas é no Natal que acontecem coisas estranhas, como se uma força externa mexesse em nossas vidas. Eu já experimentei isso várias vezes e tenho certeza de que o leitor ou leitora, também.
Para comemorar o Natal deste ano o Ae preparou algo diferente: um filme de 45 minutos. Chama-se “Natal de Basinger” (Basinger’s New York), parte do seriado de tevê “O Homem que veio do céu” (Highway to heaven), uma produção americana de 1984 a 1989 levada ao ar pela NBC. Aqui, pelo SBT. Seu produtor e ator central, e diretor na maioria dos filmes, é Michael Landon (31.10.36–01.07.91), mais conhecido por seu papel na série “Bonanza” como Little Joe Cartright.
O roteiro
O roteiro da série consiste de um anjo (Landon, no papel de Jonathan Smith) enviado à Terra, onde encontra o ex-policial Mark Gordon (interpretado por Victor French), com a missão de, de alguma forma, ajudar alguém. Nesse filme “Natal de Basinger”, os dois são levados a Basinger, um colunista do jornal New York Banner na véspera de Natal. Basinger, nos seus cinqüenta e poucos anos, está no jornal há 15 anos e se encontra desanimado, desiludido, cansado.
Na redação vazia, todos já tinham ido embora — era véspera de Natal — ele tenta escrever sua coluna diária, mas não consegue. Resolve dar uma volta na fria noite para espairecer. É quando, caminhando, Jonathan e Gordon se aproximam, cumprimentam Basinger e este, surpreso, pergunta se já se conheciam. Jonathan diz ser um anjo e Basinger, claro, não acredita. E pega um táxi vai a um restaurante conhecido comer alguma coisa.
No caminho, em papo com o motorista sobre Natal, este lhe diz que o filho adolescente está desaparecido há vários meses e que daria tudo para vê-lo. Basinger, do fundo da sua amargura, lhe diz que o filho pode estar morto e pensa, Onde estou com a cabeça, por que eu fui dizer isso?, e se desculpa.
Chegando no restaurante, quem lá encontra sentados a uma mesa? Jonathan e Mark. Começa a notar algo fora do normal, mais ainda quando um sem-teto entra no bar e Jonathan o chama pelo nome, o sujeito incrédulo. Havia mesmo algo estranho.
Basinger fala de sua dificuldade em escrever a coluna naquela noite e Jonathan pergunta por que não falar da noite de Natal em Nova York. Basinger responde que a cidade não é o que merece ser contado e propõe que Jonathan e Gordon o acompanhem num tour àquela hora. É nesse momento que a história começa a ganhar força.
Nada de achar um táxi — era madrugada — Jonathan vê ali perto um policial de motocicleta multando um carro estacionado em local proibido. Chega para o policial e o chama pelo nome. “Nos conhecemos?”, e Jonathan pergunta pela mulher e os filhos (claro, como anjo ele sabia…). O policial fica contente e Jonathan diz precisar de um táxi, o que o policial logo providencia. Quando Basinger vê o táxi esperando a alguns metros, nova surpresa, o “anjo” ter arranjado um táxi.
O motorista? O mesmo que levara Basinger ao restaurante. No trajeto, Basinger diz a o motorista que poderia publicar na coluna dele o nome do filho, talvez alguém o conhecesse, enfim, poderia localizá-lo. O chofer diz talvez não adiantar, o filho pode estar morto. “Não está”, disse Jonathan.
Muda a cena. Um senador e sua esposa em adiantado estado de gravidez vão a uma ceia de Natal oferecida pelo prefeito de Nova York. Coisa chique, luxuosa. Fim da cena.
Basinger os leva para conhecer um albergue, lotado, o funcionário se justificando que não lugar para todos e lhes diz, “imaginem que há pouco chegou um cara com uma moça grávida, se dizendo carpinteiro e que se chamava José. E preparem-se, sabem o nome da mulher? Maria! Tive que mandá-los embora, claro!” Gordon diz, “Você mandou José e Maria embora???” Temos de achá-los. Mas onde?
O chofer diz “Está vendo aquela estrela? É só segui-la”. Basinger achar ridículo atravessar meia cidade seguindo o rumo dado por uma estrela…
Muda a cena e José e Maria tentam entrar num cinema para se aquecerem e se restaurarem, mas José só tinha dinheiro para uma entrada. O gerente recusa friamente e o casal volta para a rua.
Sem uma pista, os quatro confabulam e Basinger diz, ironicamente, que tudo o que precisavam era achar um estábulo com muita palha esparramada…”Já sei”, disse o chofer. “entrem no carro!” E chegam ao local que o chofer conhecia. E encontram José e Maria, ela já em trabalho da parto. Todos entram no táxi e vão para um hospital, o primeiro que encontrassem.
Muda a cena de novo. Na ceia de Natal a esposa do senador, Claire, tem a bolsa rompida, iniciando trabalho de parto também. Saem às pressas para o hospital.
No caminho, o carro que levava o senador e a esposa bate levemente num ônibus e não pode continuar. O ônibus ficou fechando um cruzamento e o trânsito pára, engarrafa. Jonathan desce e pede a vários sem-teto para ajudá-lo a empurrar o ônibus e estes alegremente atendem ao pedido. O ônibus é tirado do cruzamento, mas o carro do senador não anda. Jonathan chega e lhes diz para entrarem no carro – claro, um daquele Checker, bem espaçoso.
Chegam todos juntos a um hospital, todos na recepção. O atendente diz que o senador será atendido mas Maria, não. Basinger interfere e pede o nome do atendente, que logo reconheceu o famoso colunista, pois publicará na coluna que ele não atendeu uma mulher em trabalho de parto chamada Maria na noite de Natal.
Imediatamente as mulheres são internadas e nascem duas lindas crianças.
O táxi leva Bassinger, Jonathan e Gordon até a porta do jornal. Ao estacionar, o chofer vê meio ao longe a figura de um rapaz. Foca melhor a visão e, quem era? Seu filho havia voltado para casa.
Ao se despedir do grupo, Jonathan diz a Basinger para escrever a coluna, e este diz que não dava mais tempo, a edição do dia já estava fechada há horas. Haviam ficado muito tempo andando pela cidade.
Jonathan lhe diz, “Acho que dá tempo” e Basinger balança a cabeça negando.
Quando o porteiro abre a porta principal do New York Banner, diz a Basenger que foi ao maior alvoroço naquela noite, a rotativa havia quebrado e a edição estava atrasada! A previsão era de ficar consertada em uma hora.
Basinger então corre para a sua mesa e escreve a coluna daquele dia que ele não conseguia. Tudo o que ele havia acabado de presenciar naquela noite. E o filme termina.
Milagres da noite de Natal!
A história é incrível, emociona-me sempre que a vejo ou, como agora, ao escrevê-la. Os fatos vão se complementando num emaranhado de eventos notável e fiz questão de compartilhá-la nesse dia especial com o leitor ou leitora.
Um detalhe: o filme está em inglês (não encontrei versão legendada ou dublada em português), mas mesmo quem não conhece o idioma, depois de ler o roteiro, entenderá tudo como se conhecesse.
A todos e suas famílias, os votos de Feliz Natal do AUTOentusiastas.
André Antônio Dantas
Arnaldo Keller
Bob Sharp
Carlos Maurício Farjoun
Carlos Meccia
Josias Silveira
Juvenal Jorge
Marco Antônio Oliveira
Milton Belli
Nora Gonzalez
Paulo Keller
Roberto Agresti
Roberto Nasser
Wagner Gonzalez
Natal de Basinger