Construir um circuito de rua é um empreendimento caro e que demanda amplo espectro de oportunidades para evitar prejuízos. Dito isso, difícil encontrar um local mais adequado para assumir esse risco do que Las Vegas (foto de abertura), a mundialmente conhecida cidade de cassinos e hotéis de enormes dimensões de lucros e luminosos. Toda a preparação para trazer a outrora “Cidade do Pecado”(Sin City) de volta ao calendário da F-1 parece ter cometido uma avaliação muito mais do que otimista ao estimar o tempo e a forma de obter o retorno do investimento — ROI para os íntimos em economia.
Las Vegas é cidade mais conhecida do Estado de Nevada, cuja capital, Carson City tem bem menos de 10% de habitantes do que as 640 mil pessoas que vivem ali, de acordo com o censo de 2020. Pior, impossível imaginar o que aconteceria se Carson City recebesse os mais de 3 milhões de turistas que se aventuram na cidade dominada por luminosos enormes em meio a hotéis e cassinos ainda maiores e mais extravagantes.
Diante de números como esses e a incessante busca por novas atrações de entretenimento, a Liberty Media imaginou obter retorno bem mais rápido do que a economia mundial pode oferecer. Com esse objetivo, a atual detentora dos direitos da F-1 estabeleceu bases que os enormes hotéis da cidade cobrassem preços exorbitantes para o fim de semana que marca o retorno da categoria à cidade.
Foi em 1981 na pista delineada no estacionamento do hotel Caesars Palace que Nélson Piquet conquistou o primeiro dos seus três títulos mundiais, e onde Keke Rosberg selou a proeza de ser campeão da temporada seguinte mesmo tendo vencido uma única corrida, o GP da Suíça, prova disputada na gastronômica e francesa Dijon.
Baixa demanda derruba preços
Diante da demanda abaixo da esperada, hotéis como o Link baixaram seus preços para três dias (check-in 16/11 e check-out 19/11) de US$ 2.700 para US$ 810 — algo como reduzir de o preço de R$ 13.500,00 para R$ 4.000,00. O Caesars Palace reduziu a diária para US$ 2.420, valor 28% menor do que o pedido para o mesmo período, um mês atrás. Para além dos hotéis, os organizadores também enfrentaram problemas ao notar que a venda de ingressos estava muito abaixo do esperado. Entra em cena uma redução média de 60% na tabela de preços para esses bilhetes.
Interlagos recebeu 267 mil pessoas durante o fim de semana do GP São Paulo (Foto: Sauber-Alfa Romeo)Dito isso, os promotores do GP de São Paulo comemoram um resultado muito mais animador. Os responsáveis pela competição organizada pela Brasil Motorsport (empresa controlada pelo fundo árabe Mubadala), divulgaram o resultado de estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas e que indica o impacto financeiro de R$1,64 bilhão para a cidade de São Paulo. Esse valor é 12,9% superior ao registrado em 2022 e inclui R$ 246,5 milhões em impostos. Contribuiu para isso o público 47% maior em relação a 2021, até então considerado o maior do nosso GP.
WG
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